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18 janeiro 2005

O Design Inteligente Está Morto?

Escrito pelo Dr. Ray Bohlin e traduzido por Allan Ribeiro

O Que É Design Inteligente?

Em 20 de dezembro de 2005, o juiz Jones anunciou sua decisão no processo movido por vários cidadãos de Dover, Pensilvânia, que se opuseram a uma nova política adotada pela direção da Escola de Dover. Esta diretriz determinava que uma declaração fosse lida antes de todas as aulas de biologia, indicando que a evolução é uma teoria que precisa de uma avaliação crítica e que o Design Inteligente é uma teoria rival sobre a qual os estudantes poderiam buscar informações na biblioteca.

O juiz Jones não somente qualificou a medida como inconstitucional; ele foi mais longe ao declarar que o DI não é ciência e é inteiramente motivado pela religião, já que era somente um criacionismo repaginado. Sua opinião por escrito foi mordaz. Isso, claro, levou os proponentes da evolução ao deleite e muitos declararam desde então que o DI está morto.

A seguir eu irei examinar esta "certidão de óbito" e declará-la nula e sem efeito. O DI está vivo e bem, e os próximos meses e anos irão demonstrar de maneira convincente a saúde do DI. Mas, primeiro, vamos garantir que sabemos o que o DI realmente é.

A mídia em geral simplesmente retrata o DI em um contexto negativo. Um repórter aluno da Southern Methodist University recentemente colocou isso desse jeito: "Essencialmente o DI é uma teoria que propõe que existem partes de uma célula que são simplesmente complexas demais para ter evoluído". Ele acrescenta com uma certa malícia "que elas devem ter sido alteradas por algum tipo de 'designer'"1. Mas o DI é, na verdade mais que somente uma crítica à evolução. O site do Discovery Institute descreve o DI assim: "A teoria do design inteligente sustenta que certas características do universo e dos seres vivos são mais bem explicadas por uma causa inteligente, não por um processo não-direcionado como a seleção natural"2.

É interessante perceber que muitos evolucionistas reconhecem que os seres vivos em particular parecem ter sido fruto de design. O evolucionista britânico Richard Dawkins disse, "A biologia é o estudo de coisas complicadas que dão a impressão de terem sido criadas com design para um fim 3. Muitos na comunidade DI simplesmente retrucam "Se parece haver design, então talvez haja!". Assim, o DI é simplesmente uma tentativa de quantificar cientificamente o que a maioria das pessoas claramente reconhece: que o universo e os seres vivos são fruto de design.

O ponto de discórdia principal com a evolução é a alegação de que a mutação e a seleção natural podem dar conta de tudo o que vemos nos seres vivos. O DI aceita que os processos evolucionários respondem por certas mudanças nos organismos com o tempo. Mas o DI diz que certas estruturas, como o flagelo bacteriano, que se assemelha muito a um motor por rotação, resultado de design humano, são mais bem explicados através de uma causa inteligente.
Em especial, o código genético universal tem todas as características distintas de informação codificada ou linguagem. Nossa experiência nos diz que a linguagem só surge de uma mente. Sendo assim, o código genético também provavelmente veio de uma mente.

O DI é Ciência?

O juiz Jones cometeu muitos erros em seu raciocínio. O recente livro do Discovery Institute, Traipsing Into Evolution, [Passeando Pela Evolução], responde ao juiz Jones em vários níveis4. Eu irei me concentrar em três áreas: primeiro, como um juiz federal pode nos dizer o que é e o que não é ciência quando os filósofos da ciência continuam a debater esse assunto; segundo, as alegações do juiz Jones de que o DI foi refutado por cientistas; e terceiro, as alegações do juiz Jones de que o DI não foi aceito pela comunidade científica. Por essas e outras razões, o juiz Jones alegou que o DI simplesmente não é ciência e que é religiosamente motivado; assim, não deveria nem mesmo ser mencionado em salas de aulas do ensino médio.

A primeira questão que deve ocorrer a você é, "Por que um juiz federal sem qualquer treinamento na área científica usa sua corte como meio para determinar o que é e o que não é ciência? Este problema tem sido apontado como o "problema da demarcação". Como separamos a ciência da não-ciência? O filósofo da ciência Larry Laudan escreve, "Se quisermos levantar e nos colocar do lado da razão, devemos desistir de termos como 'pseudociência' e 'não científico' em nosso vocabulário; eles não passam de frases vazias que só funcionam no nível emocional para nós"5.

Além disso, o filósofo Del Ratzch argumenta que existem ganhos bem reais para a ciência se esta levar o DI em consideração6. O juiz Jones sabia dessas posições mas escolheu ignorá-las.

O juiz Jones alega que o DI foi refutado pelos principais cientistas. Ele cita o trabalho de Kenneth Miller em particular. Isso na verdade é bastante estranho. Pois o DI ser refutado significa que ele foi testado pela ciência e que foi considerado falho. Se pode ser testado cientificamente ao ponto que possa ser refutado, então é ciência afinal de contas. Esta contradição lógica não pareceu ocorrer ao juiz Jones.

O juiz determinou ainda que o DI não pode ser ciência simplesmente porque não é aceito pela comunidade científica. Mas ciência não é um concurso de popularidade. Novas e controversas teorias nunca são aceitas pela maioria dos cientistas no início, mas isso não as torna não-científicas. O Discovery Institute agora lista mais de seiscentos cientistas de todo o mundo que estão querendo assinar uma lista dizendo que são céticos com relação ao darwinismo. Isso certamente tem um peso.

O DI usa informações empíricas para demonstrar a plausibilidade de uma inferência pelo design. É tão científico quanto o darwinismo.

O DI Simplesmente Reinventou o Criacionismo?

Muitos pais desafiaram uma diretriz do conselho diretor da Dover School, permitindo a menção do Design Inteligente nas aulas de ciências deste distrito. O Juiz Jones considerou a diretriz inconstitucional. Um dos motivos foi que o DI seria simplesmente um criacionismo reinventado, o qual a Suprema Corte já havia considerado substancialmente uma doutrina religiosa e não apropriado enquanto ciência.

Um dos textos que os membros do conselho diretor da Dover School tornaram disponível foi o texto suplementar Of Pandas and People 7, [De Pandas e Pessoas]. Tendo citado os primeiros rascunhos do livro do fim dos anos 80, a ACLU tentou mostrar que Pandas só começou a usar a frase "Design Inteligente" após a Suprema Corte ter derrubado a lei da criação de Louisiana. Assim, o juiz Jones declarou que o DI é de fato somente criacionismo com uma nova roupagem.
Conquanto seja verdade que a decisão da Suprema Corte tenha afetado decisões editoriais no caso de Pandas, isso não aconteceu pelas razões presumidas pelo juiz Jones. Os autores e editores de Pandas sabiam que suas idéias não eram as mesmas do criacionismo e estavam lutando para encontrar um nome pelo qual pudessem defini-la. Uma vez que a Suprema Corte determinou que "criacionismo" significava uma criação literal de seis dias, os autores de Pandas sabiam que precisavam usar um termo diferente 8.

Além do que, o termo Design Inteligente havia estado no ar por anos antes que Pandas fosse impresso. Lane Lester e eu usamos o termo em nosso livro The Natural Limits to Biological Change [Os Limites Naturais da Mudança Biológica] em 1984, três anos antes da decisão da Suprema Corte em Edwards vs. Aguillard derrubar a lei do criacionismo de Louisiana. Nós dissemos, "O ponto é simplesmente que o design inteligente é dicernivelmente diferente do design natural. No design natural, a aparente ordem é internamente derivada das propriedades dos componentes; no design criativo, a ordem aparente é internamente derivada das propriedades dos componentes; no design criativo a ordem aparente é externamente imposta e confere novas propriedades de organização não inerentes aos próprios componentes" 9.

Além disso, nenhum dos cientistas líderes do movimento do Design Inteligente foi jamais parte do movimento criacionista. Pessoas como Phil Johnson, Michael Behe, William Dembski, Charles Thaxton, e Steve Meyer nunca consideraram a si mesmos como parte desse grupo. Suas idéias foram sempre similares, mas definitivamente nunca as mesmas.

Alguns grupos criacionistas hoje até mesmo fazem enormes esforços para se distanciarem do movimento do DI porque o DI mantém essencialmente que o Designer não pode ser conhecido somente pela ciência. Assim, por causa das tentativas do DI de parar de repente de tentar dar um nome ao Designer, alguns grupos criacionistas são até capazes de vender os livros sobre DI, mas não endossam seu programa. Na verdade isso seria bastante estranho se o DI fosse somente um criacionismo repaginado.
Mais uma vez, o juiz Jones está errado.

Passeando Pela Decisão da Corte de Dover

Em sua excelente discussão sobre a decisão Dover, os autores de Traipsing Into Evolution, [Passeando Pela Evolução], atacam seis acusações contra o Design Inteligente usadas pelo juiz Jones 10.

À página sessenta e dois da decisão Dover, o juiz Jones disse, "o DI viola as sólidas regras de séculos de ciência ao invocar e permitir causação sobrenatural" 11. O problema principal com o juiz Jones é que os cientistas do DI disseram repetidas vezes antes do julgamento e em testemunho direto durante o mesmo, que a ciência do DI não é capaz de identificar o Designer. Foi expressamente demonstrado ao juiz Jones durante o julgamento que o tipo e identidade do agente inteligente suposto pelo DI só é identificado por argumentação religiosa e filosófica. Isso não significa que o design em si não possa ser detectado cientificamente. Na verdade, se algum dia recebermos uma mensagem obviamente inteligente do espaço sideral, nós iremos com certeza ser capazes de determinar que ela tem uma causa inteligente mesmo que não tenhamos idéia de quem ou o que a tenha enviado 12.

O juiz Jones também declara que "o argumento da complexidade irredutível, central para o DI, emprega o mesmo dualismo elaborado falho e ilógico que condenou a ciência da criação nos anos 80.". O que o juiz Jones está se referindo é sua noção de que o DI é somente um argumento negativo sobre o darwinismo. Se o darwinismo pode ser falseado, então o DI vence.

Mas isso deturpa grosseiramente o DI. A formulação de Michael Behe para a complexidade irredutível afirma que a evolução darwinista não prevê máquinas irredutivelmente complexas nas células, enquanto o Design Inteligente prevê expressamente tais máquinas. Assim, há definitivamente um componente negativo para a complexidade irredutível. Mas Darwin mesmo disse que " Se puder ser demonstrado que qualquer órgão complexo existiu que não possa ter possivelmente sido formado por numerosas, sucessivas e pequenas modificações, minha teoria iria absolutamente entrar em colapso" 13. Darwin pediu por uma crítica negativa.

Mas há também um claro caso positivo a favor da complexidade irredutível. Quando nos deparamos com uma máquina, nós intuitivamente compreendemos que ela teve uma causa inteligente, independentemente de considerarmos que ela funciona efetivamente ou não. Agentes inteligentes podem e produzem máquinas inteligentes. O conceito de complexidade irredutível é uma maneira de determinar o que é uma máquina.

A terceira reclamação do juiz Jones contra o Design Inteligente foi que os ataques contra a evolução pelos defensores do DI têm todos sido refutados pela comunidade científica. O juiz Jones ignorou o fato que à época da decisão, mais de quinhentos cientistas haviam assinado um documento reconhecendo a sua discordância quanto ao darwinismo. A lista agora tem mais de seiscentos nomes 14. Certamente que alguns cientistas têm desafiado Behe, Dembski e outros. Mas suas críticas têm sido respondidas efetivamente tanto online quanto em impressos 15.
A quarta acusação do juiz Jones foi que o Design Inteligente havia falhado em conseguir aceitação na comunidade científica. Mas isso é claramente uma questão de opinião. Como eu mencionei antes, mais de seiscentos cientistas agora expressam a sua dissensão com relação a Darwin, e a maioria deles também apóia o Design Inteligente, muitos deles em universidades importantes.
Sem dúvidas houve e continua a haver oposição estridente contra o Design Inteligente na comunidade científica, especialmente entre os biólogos. Mas sempre há resistências na ciência à novas idéias. Muitos darwinistas como Will Provine, de Cornell, e Richard Dawkins, de Oxford estão no ataque em suas posições a favor da evolução e seu desdém pelo Design Inteligente é acerca do problema de um Designer poder ser chamado de qualquer nome. A ciência é somente um pano de fundo.

A quinta reclamação do juiz Jones contra o Design Inteligente foi que os proponentes do DI não haviam publicado nas publicações científicas sob o escrutínio de seus pares. Isto simplesmente não é verdade. De Wolf et al., em seu livro Traipsing Into Evolution, documentam, no apêndice B uma lista de treze artigos diferentes revistos pela comunidade científica e livros de cientistas do DI defendendo diferentes aspectos da teoria. Este é, reconhecidamente, um número pequeno, mas isso é assim porque há claras evidências, documentadas no mesmo livro, de editores tendo que esquivar-se de publicar artigos do DI e respostas por medo de intimidação pela comunidade científica. Um editor que seguia procedimentos estabelecidos para conseguir um artigo sobre o DI revisado e publicado, quase foi expulso de sua instituição pela ofensa.

Finalmente, o juiz Jones declarou que o DI não tem sido objeto de testes e pesquisas. Na verdade, qualquer teoria científica precisa ser testável de alguma forma ou não é provável que será de qualquer utilidade. Mas o microbiologista do DI, Scott Minnich, testemunhou corretamente, na corte do juiz Jones, que em seu laboratório na Universidade de Idaho, ele havia demonstrado a complexidade irredutível do flagelo bacteriano. Minnich também testificou para outra pesquisa com a qual ele estava familiarizado, a qual também estava testando princípios do DI 16.

Como eu sumarizei, o juiz Jones falhou em fazer uma avaliação justa e razoável da evidência. O Design Inteligente está longe de estar morto. Pelo contrário, uma decisão tão infeliz no caso Dover pode na verdade até servir ao DI à medida que se auto-destrói nos anos que virão.

Notas

1. Brian Wellman, 26 de april de 2006, Méritos do design inteligente, a evolução debatida, www.smudailycampus.com/vnews/display.v/ART/2006/04/26/444ef833078bc
2. O site do Discovery Institute's Center for Science and Culture, www.discovery.org/csc/topQuestions.php.
3. Richard Dawkins, The Blind Watchmaker (New York: W. W. Norton, 1986), 1.
4. David De Wolf, John West, Casey Luskin, and Jonathan Witt, Traipsing Into Evolution: Intelligent Design and the Kitzmiller vs. Dover Decision (Seattle, WA: Discovery Institute Press, 2006), 25-57.
5. Larry Laudan, "The demise of the demarcation problem," in Michael Ruse (ed.), But Is It Science?, (Amherst, MA: Prometheus, 1983), 337-350.
6. Del Ratzch, Nature, Design, and Science: The Status of Design in Natural Science (Albany, NY: State University Press of New York, 2001), 147.
7. Percival Davis and Dean H. Kenyon, Of Pandas and People: The Central Question of Biological Origins (Dallas, TX: Haughton Publishing Co., 1989), 166 pp.
8. DeWolf et al., 22.
9. Lane P. Lester and Raymond G. Bohlin, The Natural Limits to Biological Change (Richardson, TX: Probe Books, 1984), 153-154.
10. DeWolf et al., 29-45.
11. Kitzmiller et al. v. Dover Area School Board, No. 04cv2688, 2005 WL 3465563, *26 (M.D. Pa. Dec. 20, 2005).
12. Eu não espero que jamais ouviremos qualquer extraterrestre. A Terra parece ser mais e mais única a cada dia que passa. Veja o meu artigo "Estamos sós no Universo?" [Em breve, traduzido neste blog! A versão em inglês está em:] www.probe.org/faith-and-science/origins/are-we-alone-in-the-universe.html.
13. Charles Darwin, On the Origin of Species by Means of Natural Selection or the Preservation of Favoured Races in the Struggle for Life (New York: New American Library [A Mentor Book], 1958), 171 (this is a reprint of the 1872 sixth edition).
14. Do site do Center for Science and Culture, www.dissentfromdarwin.org/ acessado em 11 de outubro de 2006. A declaração diz; "Somos céticos acerca de alegações a favor da habilidade de mutação ao acaso e seleção natural como dando conta da complexidade da vida. Um exame cuidadoso das evidências a favor da teoria darwinista deve ser encorajado."
15. William Dembski, The Design Revolution: Answering the Toughest Questions About Intelligent Design (Downers Grove, IL: InterVarsity Press, 2004), 334 pp.
16. De Wolf et al., 56.
© 2006 Probe Ministries

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Sobre o Autor

Raymond G. Bohlin é presidente de Probe Ministries. Ele é fomado pela universidade de Illinois (zoologia), pela North Texas State University (Mestrado em genética de populações), e pela University of Texas em Dallas (mestrado e doutorado em biologia molecular). Ele é o co-autor do livro The Natural Limits to Biological Change, serviu como editor-geral de Creation, Evolution and Modern Science, foi co-autor de Basic Questions on Genetics, Stem Cell Research and Cloning (The BioBasics Series), e publicou numerosos articles de jornal. Dr. Bohlin foi nomeado um Research Fellow of the Discovery Institute's Center for the Renewal of Science and Culture em 1997-98 and 2000.

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2 comentários:

judahhalevi disse...

muito bom o artigo... excelente traduçao...

Allan Ribeiro disse...

Muito obrigado!

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