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27 janeiro 2005

O novo testamento: posso confiar nele?

Por Rusty e Linda Wright

Traduzido por Campus Crusade Brasil

“Como uma pessoa bem instruída pode acreditar no Novo Testamento? Ele foi escrito tanto tempo depois dos acontecimentos relatados que não podemos, possivelmente, crer que ele seja historicamente digno de confiança”. Esta é uma pergunta comum nas universidades e merece uma resposta honesta.

Como uma pessoa pode determinar a autenticidade de um livro antigo? P.C. Sanders, um historiador militar esboça três testes básicos usados por historiadores e críticos literários (1). Estes testes são o interno, o externo e o bibliográfico. Vamos considerar repidamente como o Novo Testamento resiste a cada um deles

1. O teste interno

Aqui nossa pergunta se relaciona à fidedignidade dos escritores como revelada pelo próprio texto. Um dos principais pontos é se houve ou não testemunhas oculares. O Novo Testamento descreve a vida de Cristo escrita por testemunhas oculares ou por pessoas relatando as descrições dessas testemunhas sobre os principais eventos. João escreveu, “O que temos visto e ouvido (a respeito do Cristo) o anunciamos a vós outros também...” (2). Pedro afirmou que ele e os seus aliados foram “testemunha oculares da sua majestade” (3). Lucas disse que o seu evangelho era baseado em fatos colhidos de testemunhas oculares”(4). Em um julgamento legal a testemunha ocular é mais digna de confiança.

Outro aspecto do teste interno é a coerência dos relatos. Se dois escritores apresentam testemunhos que são contraditórios entre si, dúvidas são lançadas sobre a integridade de um ou dos dois relatos.

Muitos têm dito que o Novo Testamento contém contradições. Para lidar com tais acusações é importante entender que “contrário” é definido pelo Webster como “uma proposição de tal forma relacionada à outra que, apesar de ambas poderem ser falsas, não podem ser ambas verdadeiras”. Assim, a afirmação, “João e Paulo estão nesta sala” contradiz a afirmação “Apenas João está nesta sala”. Entretanto, ela não contradiz a afirmação “João está nesta sala”. Omissão não constitui necessariamente contradição. Com isto em mente, considere as várias pretensas contradições que Lucas descreve sobre dois anjos na tumba de Jesus depois da ressurreição (5), enquanto Mateus menciona “um anjo” (6). A observação das afirmações é exata, mas a interpretação delas como contrárias não é. Se Mateus explicitamente afirmasse que somente um dos anjos estava presente naquele momento, as duas descrições poderiam ser dissonantes. Assim com estão, elas são harmoniosas. Outros notam uma aparente discrepância nas narrativas do nascimento de Jesus. Hans Conzelmann, um teólogo alemão, escrevendo acerca da narração de Mateus e Lucas sobre a natividade, afirma que “em cada detalhe eles discordam” (7). Ele enfoca uma aparente incoerência geográfica.

Uma simples observação mostra que as duas narrativas realmente diferem. Lucas fala de José e Maria começando em Nazaré e viajando para Belém (para o censo e o nascimento de Jesus em Belém). Ele então relata o retorno da família para Nazaré (8). A narrativa de Mateus começa com o casal em Belém (e o nascimento de Jesus ali), relata sua fuga do Egito para escapar da fúria do rei Herodes e conta viagem deles para Nazaré após a morte de Herodes (9).

CONTRADITÓRTO X COMPLEMENTAR

Conzelmann considera estes detalhes como contraditórios, mas, eles o são? O Evangelho nunca declarou ser um relato extenuante da vida de Cristo. Qualquer biógrafo deve, por necessidade, ser seletivo. Não poderia Mateus ter escolhido omitir a viagem para o censo de Nazaré a Belém e Lucas a fuga para o Egito? Desta forma, as narrativas são complementares, ao invés de contraditórias (10).

Geralmente tais críticas parecem incapazes de discernir cuidadosamente o conceito dos testes bíblicos por causa das suas próprias proposições negativas e especulações soberbas. Uma pessoa é inclinada a concordar com a crítica de C.S. Lewis a respeito desses céticos quando escreve: “Estes homens me pedem para acreditar que eles podem ler nas entrelinhas dos textos antigos; a evidência (de que não podem) é a óbvia incapacidade deles (em qualquer sentido que valha a pena ser discutido) de ler as próprias linhas” (11). Considere um exemplo final (e mais difícil) de pretensa inconsistência. Muitos notaram uma diferença entre as narrativas sinóticas (aquelas de Mateus, Marcos e Lucas) e a narrativa de João sobre a data da morte de Jesus. Especificamente, este assunto diz respeito à relação cronológica da crucificação e a celebração da Páscoa pelos judeus. Marcos se refere a alguns judeus observando a Páscoa na noite anterior á crucificação (12). João parece indicar a celebração da Páscoa depois da crucificação (13).

Em artigo recente e definitivo, o Dr. Harold Hoehner, do Seminário Teológico de Dallas, resolve o quebra-cabeça (14). Citando evidências do Mishnah e dos eruditos Strack-Billerback, Hoehner mostra que os fariseus e os saduceus (dois partidos religiosos contemporâneos de Jesus) discordavam sobre em que dia da semana deveria cair a Páscoa. O resultado foi que os fariseus celebravam a páscoa um dia antes dos saduceus. Isto torna inteiramente plausível que os sinóticos usam o cálculo dos fariseus, enquanto João apresenta o dos saduceus. Isso explica a diferença.

2. O teste externo

Este teste pergunta se outros materiais históricos e arqueológicos confirmam ou negam o testemunho interno provido pelos próprios documentos. Vários autores da antiguidade escreveram a respeito de Jesus como sendo uma personagem histórica. Entre eles estavam Tácito, Josefo, Suetônio e Plínio, o Jovem (15). Sir William Ramsey, um eminente arqueólogo, uma vez sustentou que os escritos de Lucas não eram historicamente sólidos. Sua própria investigação subseqüente, próxima à arqueologia, forçou-o a mudar de posição, e concluiu que “Lucas é um historiador de primeira qualidade” (16).

Nelson Glueck, antigo presidente do Seminário Teológico Judaico em Cincinati, um dos maiores arqueólogos, e judeu, escreveu, “Pode-se afirmar categoricamente que nenhuma descoberta arqueológica jamais contradisse uma referência bíblica” (17).

EVIDÊNCIAS ARQUEOLÓGICAS

Considere alguns exemplos de confirmação do Novo Testamento. Em 1 Coríntios, Paulo se refere ao açougue em Corinto (18). Uma inscrição dos antigos moradores de coríntios que se refere ao “açougue” foi descoberta (19). Lucas fala do Templo de Ártemis em Éfeso e de um tumulto que ocorreu em um teatro na mesma cidade (20). O templo foi escavado em 1863 e media 160 por 340 pés (21). Arqueólogos australianos do século XX desenterraram o teatro e descobriram que podia abrigar aproximadamente 25.000 pessoas (22).

Marcos escreveu de Jesus curando um homem cego enquanto saia de Jericó (23). Lucas escreveu, aparentemente, sobre o mesmo evento, disse que isto aconteceu enquanto Jesus se aproximava de Jericó (24). Escavações feitas entre 1907-09, por Ernest Sellin, da Sociedade Alemã Oriental, mostrou que havia “cidades gêmeas” de Jericos no tempo de Jesus – uma velha cidade judia e uma cidade romana separadas mais ou menos uma milha uma da outra (25). Aparentemente Marcos se referiu a uma e Lucas a outra e o incidente aconteceu enquanto Jesus viajava entre as duas. William F. Albright, um dos principais arqueólogos bíblicos do mundo, acrescentou um comentário de grande ajuda, “Já podemos dizer enfaticamente, que não há mais nenhuma base sólida para datar qualquer livro do Novo Testamento depois de, aproximadamente, 80 a.D., duas gerações completas antes da data entre 130 e 150 a.D. dadas pelos críticos do Novo Testamento mais radicais de hoje” (26). Esta afirmação é crucial porque significa que alguns dos oponentes de Cristo, que viviam enquanto Ele esteve na terra, estavam indubitavelmente na terra quando os livros do Novo Testamento estavam sendo escritos. A presença deles teria ajudado os escritores do Novo Testamento a dar uma atenção cuidadosa à veracidade de suas afirmações.

E podemos estar certos de que se quaisquer erros tivessem sido cometidos em suas narrativas, os oponentes de Cristo (e havia muitos), teriam sido rápidos em expô-los.

3. Testes bibliográficos

Este teste final é necessário porque nós não possuímos os manuscritos originais da maior parte dos antigos documentos. A pergunta que deve ser feita, então é “Quantas cópias antigas temos e o quão perto elas estão da original?”. A.T. Robertson, autor de uma das gramáticas do Novo Testamento grego mais compreensivas, escreveu, “... temos 13.000 cópias de trechos dos manuscritos do Novo Testamento” (27). Muitas dessas cópias datadas de pouco tempo (80-400 anos) após os originais terem sido escritos.

Quando os documentos do Novo Testamento são comparados com outros escritos da antiguidade em relação ao número de cópias antigas e a proximidade cronológica das cópias do original, o Novo Testamento é de longe superior (por exemplo, nós temos 10 boas cópias das Guerras Gálicas de César e elas são de 1000 anos após o original; 7 cópias das Tetralogias de Platão; 1200 anos após o original. Resultados similares são mantidos pelos escritos de Tucídites, Heródoto e muitos outros.) (28).

O falecido Sir Frederic Kenyon, primeiro diretor e principal bibliotecário do Museu Britânico, foi uma das autoridades mais importantes na segurança dos manuscritos antigos. Ele chegou a esta conclusão, “O intervalo, então, entre as datas da composição original e a mais recente evidência existente se torna tão pequena que é de fato desprezível, e o fundamento máximo para qualquer dúvida de que a Escritura veio a nós substancialmente como elas foram escritas, foi agora removido. Ambos, a autenticidade e a integridade geral dos livros do Novo Testamento devem ser consideradas como finalmente estabelecidas.” (29).

Se uma pessoa conclui que os documentos do Novo Testamento são historicamente de confiança, permanece a razão de que ele deveria considerar seriamente a mensagem de que eles apresentam. No Velho Testamento e no Novo, a mensagem da Bíblia é a mensagem de Jesus Cristo. Ele ofereceu uma vida abundante e eterna a qualquer um que considerar e responder à suas alegações, “Eu sou a luz do mundo, quem me segue não andará em trevas, terá a luz da vida ... e conhecereis a verdade e a verdade vos libertará.” (30).

Notas

1. Sanders, C. Introduction to Research in English Literary History (New York: MacMillan, 1952), pp. 143ff; citado em Montgomery, John. "History and Christianity," His Magazine reimpressão, Chicago, dezembro de 1964-março de 1965, pp. 6-9.
2. I João1.3.
3. 1 Pedro 1.16.
4. Lucas 1.1-3.
5. Lucas 24.1-4.
6. Mateus 28.1-8.
7. Conzelmann, Hans. Jesus.
O artigo clássico do RGG ampliado e atualizado (Philadelphia: Fortress Press), pp. 26-27.
8. Lucas 1.26, 2.40.
9. Mateus 2.1-23.
10. Cheney, Johnston. The Life of Christ in Stereo. (Portland, OR: Western Seminary Press, 1971), pp. 6-14, 243.
11. Hooper, Walter (ed.). Christian Reflections (William B. Eerdmans) citado em McDowell, Josh. More Evidence That Demands a Verdict (San Bernardino, CA: Campus Crusade for Christ, Inc., 1975), p. 342.
12. Marcos 14.12ff.
13. João 18.28.
14. Hoehner, Harold W. "Chronological Aspects of the Life of Christ, Part IV" Bibliotheca Sacra (Dallas: Dallas Theological Seminary, July, 1974), pp. 241-264.
15. Bruce, F. F. Jesus and Christian Origins Outside the New Testament. (Grand Rapids: Eerdmans, 1974), pp.19-41.
16. Ramsay, W.M. The Bearing of Recent Discovery on the Trustworthiness of the New Testament. (1915), p. 222; quoted in Bruce, F. F. The New Testament Documents - Are They Reliable? (Grand Rapids, MI: Eerdmans, 1968), p. 91.
17. Glueck, Nelson. Rivers in the Desert History of Negev. (Philadelphia: Jewish Publications Society of America, 1969); citado em McDowell, Josh. Evidence That Demands A Verdict. (San Bernardino, CA: Campus Crusade for Christ, Inc., 1972), p. 68.
18. 1 Coríntios 19.25.
19. Bruce, Christian Origins. p 200.
20. Atos 19.27-29.
21. Free, Joseph P. Archaeology and Bible History. (Wheaton: Scripture Press,1951), p.324.
22. Ibid.
23. Marcos 10.46-52.
24. Lucas 18.35 43.
25. Free, op cit, p. 295; a velha Jericó judaica pode ter sido uma “cidade fantasma” ou simplesmente ruínas nos dias de Jesus.
26. Albright, William. Recent Discoveries in Biblical Lands. (New York: Funk and Wagnalls, 1955), p. 136; citado em McDowell, op. cit., p. 65.
27. Robertson, A T., Introduction to the Textual Criticism of the New Testament. (Nashville: Broadman Press, 1925), p. 70; citado em Montgomery, op. cit., p. 6.
28. McDowell, op. cit., pp. 46-56: Montgomery, op. cit., p. 6: Bruce, op. cit., pp. 10-20.
29. Kenyon, F. G. The Bible and Archaeology. (New York and London: Harper, 1940), pp. 288, 89; citado em Montgomery, op. cit., p. 6.
30. João 8.12, 32.

Copyright © 1976 Rusty Wright e Linda Raney Wright.Todos os direitos reservados.


Sobre os Autores

Rusty Wright, conferencista e escritor associado a Probe Ministries, é um palestrante internacional, escritor premiado e jornalista que tem falado em seis continents. Ele tem um bacharelado em ciências (psicologia) e mestrado em teologia pelas universidades de Duke e Oxford, respectivamente. É possível entrar em contato com ele através do endereço RustyWright@aol.comThis e-mail address is being protected from spam bots, you need JavaScript enabled to view it

Linda Raney é uma autora premiada, escritora e conferencista. Graduada pela Universidade da Califórnia em Berkeley (AB, retórica), ela tem escrito para grandes revistas e tem aparecido em programas de entrevistas na televisão e dado palestras em universidades e cidades ao redor do mundo.

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