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25 maio 2008

Equipando os Santos 26 - Posso, mas será que devo?

Equipando os Santos
edição n° 26 - Teresina, 25/05/2008


Posso, mas será que devo?


Encontrei um colega professor de filosofia na rua e conversávamos sobre material didático e ferramentas de apoio para o professor. Ele me indicou alguns DVDs e me disse que eu poderia encontrá-los em certo camelô na cidade. Eu tive que perguntar, “Então são DVDs piratas?” Ao que ele candidamente respondeu, “São, mas os originais custam 150 reais!”.

Em inglês as crianças aprendem muito cedo que a linguagem permite distinguir entre o que é lícito e o que é simplesmente possível fazer. Para a primeira situação usa-se um verbo (may) e para a segunda, outro (can). É possível, assim, determinar claramente os limites éticos de uma situação.

Não temos esta facilidade no português, em que um mesmo verbo (poder) traduz na linguagem cotidiana o sentido de can e may. Isso não significa dizer que uma língua seja melhor, superior ou “mais ética” (se isso fosse possível) do que a outra.

Mas em um caso como o nosso, em que os princípios e valores éticos mais básicos se esgarçaram, especialmente entre os jovens, que não os recebem como exemplo de mais ninguém (ou pelo menos esta é a impressão vigente), o limite da linguagem seria muito bem-vindo.

Ao vender DVDs de 150 reais por 20, o camelô está se apropriando, roubando, o trabalho material e intelectual de várias pessoas, do autor ao produtor, passando pelos técnicos e profissionais envolvidos na distribuição. Ao comprar dele, estou sendo cúmplice. Isso sem falar que ajudo a financiar todo tipo de sordidez que se abriga sob a tutela do que chamamos, cinicamente, até, de “crime organizado”. Mas o problema é mascarado por ser reduzido a uma simples questão semântica (do sentido das palavras). Ao me deparar com os DVDs (ou CDs, tênis ou qualquer outro produto falsificado) baratinhos, me pergunto:

Posso ou não posso? (A palavra “posso” aqui com o sentido de “devo”).

Ao que respondo, confundindo minha consciência, “Bem, eu tenho o dinheiro aqui e eu quero muito, logo, eu posso (me é possível, tenho a capacidade ou habilidade de fazê-lo, não levando em conta as conseqüências morais do meu ato)”. E compro o tal produto falsificado, entusiasmado com o truque de ilusionismo barato que a língua me permitiu fazer.

Nisto o problema moral, que a pergunta procurava explicitar, rapidamente se esvanece. Mas a ferida moral, esta não para de crescer e ameaça engolir o país todo.

***

Nesta edição

  1. Para onde foi o "Eu? A perda da auto-identidade em tempos pós-modernos, apesar do título pomposo, Rick Wade nos leva a uma importante reflexão para os dias de hoje de uma maneira muito interessante.
  2. Como falar com seus filhos sobre evolução e criação, um texto fantástico escrito a quatro mãos pelo presidente de Probe Ministries, Dr. Ray Bohlin e pela sua esposa, Sue Bohlin.
  3. Evangelismo e apologética, Jerry Williams nos traz um excelente artigo sobre a importância de fazermos uma coisa sem descuidarmos da outra. Agradecimentos a Jim Choury pela tradução.
  4. Quem tem o corpo? Mais um artigo escrito a quatro mãos por um casal! Rusty e Linda Wright nos mostram a impossibilidade de Jesus não ter ressuscitado. Este artigo foi publicado no Brasil na década de 90 pela Campus Crusade, mas o autor me pediu que o publicasse novamente neste blog.
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Para Onde Foi o "Eu"? A Perda da Auto-identidade
Por Rick Wade, tradução de Allan Ribeiro

Introdução

Quem é você afinal? Você tem uma identidade? O que constitui sua identidade? Quem são seus pais? Onde você nasceu? O que você faz para viver?

Os cristãos podem localizar corretamente sua identidade em última instância em Deus que nos criou à Sua imagem. Nós somos Sua criação feita para Seus propósitos e glória. Mas nós somos importantes como indivíduos diante de Deus? Nós somos somente uma pequena parte da massa da humanidade? Ou somos seres individuais únicos com algumas características compartilhadas por todas as pessoas, mas também com um conjunto de características singulares nossas mesmo?

De acordo com a mentalidade que se apossou do mundo ocidental chamada pós-modernismo, você verdadeiramente não tem uma identidade de modo algum. Você não tem nenhuma identidade singular que seja identificável do nascimento à morte; não existe "você" de verdade que permaneça constante por todas as mudanças da vida.

Em um artigo anterior, meu colega, Don Closson, explorou as visões da natureza humana mantidas por teístas, panteístas e naturalistas. Neste artigo eu quero examinar o ponto-de-vista pós-moderno da natureza humana e considerar uma possível direção para uma resposta cristã.

Pós-modernismo: O Fim do Modernismo

O que é pós-modernismo? Geralmente se reconhece que o pós-modernismo não é uma filosofia, como nós tipicamente pensamos em filosofias. Não é um sistema filosófico único, bem planejado, que busca definir uma resposta para as grandes questões da vida. O pós-modernismo é mais uma descrição da mentalidade da cultura ocidental na última metade do século XX. Alguns dizem que é uma atitude. Nós podemos dizer que é uma descrição dos fracassos do modernismo junto com uma miscelânea de sugestões para uma nova direção para o pensamento e para a vida.

Modernismo é o nome dado a uma maneira de pensar nascida na era do Iluminismo. Era uma perspectiva bastante otimista que se manteve a tona por causa do sucesso das ciências que produziram algumas tecnologias verdadeiramente maravilhosas. Nós poderíamos entender a nós mesmos e ao nosso mundo, e trabalhando juntos poderíamos consertar o que estava errado na natureza e na vida humana.

Infelizmente as galinhas voltaram ao galinheiro para pernoitar; nós descobrimos que nosso otimismo estava mal orientado. Nós obviamente não havíamos resolvido todos os nossos problemas, e quanto mais aprendemos, mais percebemos o quão pouco sabemos. A razão não correspondeu à sua reputação do Iluminismo.

Não somente não fomos capazes de consertar tudo, a tecnologia que temos tem provocado alguns efeitos colaterais terríveis. Por exemplo, a mobilidade, que resultou do transporte moderno, nos tirou de comunidades estáveis que proviam padrões de conduta, proteção e um senso de continuidade entre a casa, o trabalho e outras atividades da vida de uma pessoa. Além disso, a globalização de nossas vidas, que nos coloca em contato com outras pessoas de muitas origens diferentes, com muitas crenças diferentes e maneiras de viver, e nós podemos ver porque lutamos para manter alguma continuidade em nossas próprias vidas. Nós sentimos que estamos nos tornando quebrados indo por este rumo e que em cada destino encontramos diferentes tipos de valores e expectativas. Como o teólogo Anthony Thiselton diz, a resultante "perda de estabilidade, perda de identidade estável e a perda de confiança em normas ou objetivos globais provoca profunda incerteza, insegurança e ansiedade." {1}. Nós não aceitamos mais palpites de tradição ou de nossos próprios "giroscópios" internos – um conjunto de valores internalizado que orienta nossas vidas. Ao invés disso, nos tornamos "dirigidos-por-outros". Nós recebemos nossas pistas para o viver de outras pessoas que estão supostamente "no saber" e podem nos dizer o que devemos fazer e ser em cada compartimento diferente de nossas vidas. Nós nos descobrimos "ansiosos para nos conformar, ainda que sempre com alguma dúvida sobre a que exatamente devemos nos conformar"{2}. Nós estamos "em casa em todo lugar e em lugar nenhum, capazes de uma intimidade e com resposta superficial a todos"{3}.

Tudo isso produz em nós um senso de estarmos constantemente em fluxo. O debate sobre o que era fundamental em nosso universo – mudança e estabilidade – ocupou o pensamento dos filósofos gregos muito antes de Cristo. Este debate continua até nossos dias. Na verdade, um escritor observou que "o pós-modernismo pode ser encarado como um debate sobre a realidade"{4}. A busca em tempos modernos para encontrar o que é realmente real – o que é verdadeiro e estável – tem se retraído. Em tempos pós-modernos, a mudança é fundamental; o fluxo é normal.

Em tudo isso nós parecemos perder nosso senso de identidade. De fato, como veremos, pensadores pós-modernos avant garde dizem que não temos nenhuma identidade.

Questões Básicas: Verdade, Linguagem e Poder

Eu afirmei anteriormente que o pós-modernismo é mais uma descrição dos fracassos do modernismo do que uma filosofia. Um dos problemas-chave que dividem as duas eras é o da verdade. Enquanto o modernismo era bastante otimista sobre a nossa habilidade de conhecer a verdade não somente sobre nós mesmos e sobre nosso mundo, mas também sobre como tornar a vida melhor, o pós-modernismo diz que não podemos realmente conhecer a verdade de maneira alguma. Para mencionar uma maneira pela qual a nossa falta de confiança na razão para fazer a verdade se revelar, considere o quão frequentemente discussões são decididas através de xingamentos ou de um apelo ao sempre pronto "Ora, isso é a sua opinião", como se isso resolvesse o problema, ou até mesmo a força. Como observou um intelectual, "O debate se transformou em retórica. A retórica então veio a se confiar na força, na sedução ou na manipulação"{5}. Já que não podemos realmente conhecer a verdade – se há alguma verdade a ser conhecida – não podemos responder a perguntas sobre a realidade em última instância. Não existe nenhuma "história", como é chamada, que explique tudo. Então, por exemplo, a mensagem da Bíblia não pode ser tomada como verdade porque ela pretende dar respostas finais para a natureza de Deus, do homem e do mundo. No jargão do pós-modernismo, trata-se de uma metanarrativa, uma história que cobre todas as histórias. Qualquer metanarrativa é rejeitada completamente. Nós simplesmente não podemos ter este tipo de conhecimento de acordo com os pós-modernistas {6}. Um de nossos problemas básicos em conhecer a verdade é o problema da linguagem. O conhecimento é mediado pela linguagem, mas os pós-modernistas crêem que a linguagem não pode se relacionar adequadamente com a verdade. Por quê? Por que há uma disjunção entre nossas palavras e as realidades que elas pretendem refletir. As palavras não representam com precisão a realidade objetiva. O que nós fazemos com as palavras não é refletir a realidade, mas criá-la. Isso é chamado de construtivismo {7}, o poder de construir a realidade com nossas palavras. O que isso significa para a natureza humana em particular é que nós não podemos verdadeiramente fazer declarações universais a respeito dos seres humanos. Nós não podemos saber se há tal coisa como uma natureza humana. Aqueles que se apegam ao construtivismo dizem que não há uma natureza humana per se; nós somos o que dizemos que somos. Há um segundo problema com a linguagem. Os pós-modernistas são muito sensíveis ao que eles chamam de vontade-de-poder. As pessoas exercitam poder e controle sobre as outras, e a linguagem é uma ferramenta usada para fazer isso {8}. Por exemplo, nós definimos papeis para as pessoas, nós fazemos alegações sobre Deus e o que Ele requer de nós, e assim por diante. Ao fazermos isso, nós definimos expectativas e limites. Assim, com nossas palavras nós controlamos as pessoas. Como resultado dessa idéia sobre a linguagem e o seu poder de controlar, os pós-modernistas são quase desconfiados por definição. O que as pessoas dizem e ainda mais o que elas escrevem é suspeito de ser uma ferramenta de controle sobre os outros. O que isso significa para a natureza humana? Significa que se tentamos definir a natureza humana, somos vistos como tentando exercer controle sobre as pessoas. Como uma pessoa disse, fazer de uma pessoa um sujeito – um tópico de estudo e análise – é sujeitar essa pessoa; em outras palavras, colocá-la em uma caixa e definir os seus limites. Assim, a natureza humana não pode ser definida, então, para todos os efeitos práticos, não existe uma natureza humana. Há mais, no entanto. Não somente não existe uma natureza humana no sentido geral, mas tampouco existem eus individuais também.

O pós-modernismo e o eu

Vamos examinar mais detidamente a visão pós-modernista do eu. O escritor Walter Truett Anderson fornece quatro termos que os pós-modernistas usam para falar do eu que tocam nas questões da mudança e das identidades múltiplas. O primeiro é multifrenia. Isto se refere às muitas vozes diferentes em nossa cultura nos dizendo quem somos e o que somos. Como Kenneth Gergen, um professor de psicologia diz, "Para tudo o que 'sabemos ser verdade' sobre nós mesmos, outras vozes interiores respondem com dúvida e até mesmo escárnio" {9}. Nossas vidas são multi-dimensionais. Os muitos relacionamentos que mantemos em nossas vidas nos puxam para diferentes direções. Nós encenamos "uma variedade tal de papéis que o próprio conceito de um 'eu autêntico', com características conhecíveis, some de vista" {10}. E esses papéis não precisam se sobrepor ou ser congruentes de qualquer maneira significativa. Como Anderson diz, "No mundo pós-moderno, você simplesmente não consegue ser um único e consistente alguém"{11}. O segundo termo usado é proteano. O eu proteano é capaz de mudar constantemente para se adaptar às circunstâncias atuais. "Isso pode incluir mudança de opinião política e comportamento sexual, mudança de idéias e modos de expressá-las, mudança de maneiras de organizar a vida de alguém" {12}. Alguns vêem isso como o processo de encontrar o verdadeiro eu de alguém. Mas outros vêem como uma manifestação da idéia de que não um verdadeiro e estável eu {13}. Terceiro, Anderson fala de um eu descentralizado. Este termo concentra-se na crença de que não há um eu de modo algum. O eu é constantemente redefinido, constantemente submetido à mudança. Como ensinou um filósofo, "O sujeito não é o falante da linguagem, mas sua criação" {14}. Deste modo, não há um "eu" permanente. Nós somos o que somos descritos para ser. O quarto termo de Anderson é eu-em-relação. Este conceito é geralmente encontrado em estudos feministas. Ele significa simplesmente que vivemos nossas vidas não como ilhas em nós mesmos, mas em relação às pessoas e a certos conceitos culturais. Para nos entendermos corretamente, nós devemos entender os contextos de nossas vidas {15}. Se juntarmos esses quatro termos, teremos a imagem de uma pessoa que não tem centro, mas que é puxada para várias direções e está constantemente mudando e sendo definida externamente pelas várias relações que ele ou ela tem com os outros. Todas essas idéias vão claramente em uma direção diferente do que a tomada pela sociedade moderna. Anteriormente se cria que nosso alvo deveria ser o de atingir a completude, encontrar o eu integrado, juntar todas as partes aparentemente diferentes de nós mesmos em um todo coerente. O pós-modernismo diz não; isso não pode acontecer porque não somos um eu coerente por natureza. Então não há "eu", nenhuma identidade interior para lutar com todos esses diferentes papéis e determinar qual eu irei aceitar e qual eu não irei e, em última instância, quem eu realmente sou. Como então as mudanças acontecem? Quem decide como eu sou e o que eu sou? De acordo com o pensamento do pós-modernismo, nós somos moldados por forças externas. Nós somos socialmente construídos.

A Vida Socialmente Construída

O que significa ser socialmente construído? Significa simplesmente que os valores da sociedade de alguém, linguagem, arte, entretenimento e tudo aquilo pelo que nós crescemos cercados, define quem nós somos. Nós não temos identidades fixas que sejam separáveis de nosso derredor e que permanecem as mesmas muito embora certas características e circunstâncias possam mudar.
Houve um tempo em que se acreditava eu o que fazemos externamente reflete o que somos por dentro. Mas se não há "dentro", nós devemos confiar naquilo que está fora para nos definir. Nós somos produtos de forças externas sobre as quais nós temos variados níveis de controle. O desconfiado pós-modernista nos enxerga como tendo pouco controle sobre todas as forças que se impõem sobre nós. Assim, nós somos criados de fora para dentro, ao invés de dentro para fora. Se nas sociedades tradicionais o status de alguém era determinado pelas conquistas, nos tempos pós-modernos o status de alguém é determinado pela moda ou estilo {16}. À medida que os estilos mudam, nós devemos mudar com eles ou ficar com nossa identidade questionada. Uma coisa é se adaptar aos seus pares. Outra coisa bem diferente é acreditar que a identidade verdadeira de alguém está vinculada à moda do dia. Mas esta é a vida no mundo pós-moderno. Estar vinculado à moda do dia, contudo, significa que não há contexto eterno para nossas vidas. Nós somos "historicamente situados"{17}. Isso significa que nossas vidas podem ser entendidas somente no contexto do momento histórico atual. Tudo que importa é o agora. O que eu era ontem é irrelevante; o que eu serei amanhã está em aberto. "Vamos resumir nossa discussão até aqui. Nos tempos pós-modernos não há confiança em nossa habilidade de conhecer a verdade. Não existe metanarrativa que sirva para definir e dar o contexto a todas as coisas. A mudança é fundamental e as mudanças vêm com freqüência e não há identidades verdadeiras; não existe um eu que seja identificável por toda a minha vida. O que quer que eu seja, eu sou porque eu fui "criado", por assim dizer, por forças externas. Uma das forças mais potentes é a linguagem com sua habilidade de definir e controlar. Minha vida é como uma história ou texto que está sendo escrito e reescrito constantemente. Como eu estou sendo definido é o que eu sou. O que eu sou hoje não significa nada para amanhã. Para me fortalecer, eu devo me encarregar de me definir, ou escrever minha própria história do meu jeito, não permitindo que outros a escrevam para mim. Mas, para muitos pós-modernistas este não é um exercício individual de modo algum. Eu sou parte de um grupo e espera-se que eu permaneça parte de meu grupo e que seja definido em me manter com o meu grupo. Além disso, ninguém fora do grupo está permitido a participar do processo de definição. Então, por exemplo, homens não têm nada a dizer para mulheres sobre como elas devem agir ou que papéis elas devem desempenhar. Resultados. A linha de fundo em tudo isso é o que você já sabe. A vida no mundo pós-moderno é de instabilidade. Para citar Thiselton novamente, as perdas de estabilidade e identidade e confiança "provocam profunda incerteza, insegurança e ansiedade... O eu pós-moderno convive diariamente com a fragmentação, com a indeterminação e com intensa desconfiança" de todas as alegações de verdade última ou padrões morais universais. Isto resulta em [indivíduos na] defensiva e "uma preocupação crescente com a auto-proteção, auto-interesse e desejo de poder e a retomada do controle. O eu pós-moderno está assim predisposto a assumir uma postura de prontidão para o conflito" {18}. Nossa fragmentação, nossa falta de "giroscópio" interno para dar direção e equilíbrio, as pressões de pressões externas para se conformar, a falta de continuidade em nossas vidas, trabalham juntos para nos roubar de um senso de quem nós somos, ou que nós somos um alguém singular de modo algum. Algumas pessoas podem se desesperar com isso. Mas muitos crêem que deveríamos abraçar isso, ao invés de lutar com ele. Se nós não somos felizes com nossa "história" individual, nós devemos reescrevê-la. Nós precisamos simplesmente aceitar nossa multiplicidade interior e projetar uma história que dê conta disso. "Se o sentido é construído na linguagem", diz um escritor, nós devemos aprender a contar "melhor", de maneira mais rica, histórias mais amplas sobre nossas vidas {19}. Mas se as forças que nos cercam são fortes, como poderemos ficar contra elas? Se nos acharmos resistindo aos outros que tentam nos definir ou estabelecer padrões para nós, indicando que cremos que eles são fortes o bastante para ter uma influência sobre nós, como iremos jamais ser capazes de evitar sermos peões para aqueles que são mais poderosos? Como poderemos evitar sermos tragados para "pense-grupo", onde sempre se espera que nos alinhemos com o resto? O que acontece com a nossa própria individualidade? Não há lugar algum para nossos conjuntos de dons e habilidade, necessidades e desejos, amores e preocupações? Considere também o potencial para o individual em favor do grupo. E se os padrões ou metas do grupo diminuírem os indivíduos no grupo? Prof. Ed Veith tem falado sobre as similaridades entre esta mentalidade e a do fascismo, com a sua supressão do indivíduo em favor do grupo. Com ou sem perceber isso, os pós-modernistas não estão estabelecendo uma base para fortalecer o oprimido, mas estão "revivendo maneiras de pensar que nos deram a guerra mundial e o holocausto" {20}. Veith cita o escritor David Hirsch, que disse, "Os fornecedores das ideologias pós-modernas devem pensar se é possível reduzir os seres humanos em teoria, sem, ao mesmo tempo, tornar as vidas humanas individuais sem valor na vida real" {21}. Uma Resposta Cristã. Existe uma resposta em Cristo para os fragmentados e desconfiados "não-eus" do mundo pós-moderno? Na opinião deste escritos, é simples senso comum que nós somos seres individuais com uma identidade que nós carregamos por todos os nossos anos, a despeito das várias mudanças que experimentamos. "Eu não posso ser responsabilizado pelas coisas que "eu" fiz cinco anos atrás. Acredita-se que o indivíduo trazido ao banco das testemunhas seja o mesmo "eu" que testemunhou acerca dos eventos em particular no passado. Ao trabalhador se faz a promessa de uma pensão quando ele se aposentar com a compreensão de que o aposentado será o mesmo ser que aquele que trabalhou por tantos anos {22}. Além disso, sabemos que teremos um conjunto de habilidades, grandes ou pequenas, que são nossas e que nós podemos usar para o bem ou para o mal. Nós naturalmente nos ressentimos de sermos moldados à imagem de outras pessoas e impedidos de expressar nossa própria natureza verdadeira. Cristo tem alguma coisa a dizer ao indivíduo pós-moderno que não possa abalar a visão do senso comum de que ele seja a mesma pessoa hoje que ele era ontem? Ou para a pessoa que quer afirmar ou ganhar novamente sua própria identidade e traçar um curso para a vida que ele, como indivíduo pode experimentar e aprender de e dentro da qual desenvolver um eu individual?

Sim, Ele tem. O chamado de Deus em Cristo é para indivíduos dentro da história maior da obra de Deus neste mundo {23}. Em primeiro lugar, tendo sido criado por Ele nós vemos a nós mesmos como alguém que possa receber, como Jeremias, a notícia de que Deus o conhecia desde antes dele nascer. Foi o mesmo Jeremias sendo formado no ventre de sua mãe com quem Deus falou como um adulto (Jr 1.5). Além disso, em Cristo nós nos reconhecemos como indivíduos responsáveis que devem prestar contas de nossas ações sem apontar o dedo da culpa para a "sociedade" (Ap 20.12). Em Cristo nós podemos reconhecer que somos moldados em grande medida por nosso ambiente e que somos historicamente situados em certa medida. Mas nós não estamos presos. A redenção "promete livramento de todas as correntes de causa-e-efeito de forças que mantêm o eu preso ao seu passado." {24}.Há mais. Em Cristo a suspeita que marca o homem pós-moderno, que está sempre em guarda contra ser redefinido e controlado por outros, se dissolve em um amor que se dá a si mesmo pelos interesses de Deus e de outros homens {25}. A vontade de poder do homem pós-moderno, que é auto-derrotista, abre espaço para a vontade de amor, que busca edificar, ao invés de controlar {26}. Nós podemos mesmo encontrar coisas em comum com pessoas de outros grupos. A cruz de Cristo em princípio destrói as fronteiras e conflitos entre judeu e grego, homem e mulher, pessoa livre e escravo (Gl 3.28) {27}. Reconhecer nossa situação relativamente histórica deve nos ajudar a entender a importância da igreja local no contexto histórico dentro do qual nossa barreiras são destruídas {28}. Em Cristo, então, temos amor ao invés de conflito, serviço ao invés de poder, confiança ao invés de suspeita {29}. Em Cristo reconhecemos que algumas vezes a vida parece caótica, que há lugares de escuridão nos quais nos sentimos oprimidos pelas força externas que não se comportam da maneira que achamos que deveriam. Pense nas experiências de Jó e do escritor de Eclesiastes. Mas nós somos chamados para pensar "nas coisas que são de cima" (Cl 3.2), para colocar nossa confiança no "temor do Senhor" (Pv 9.0; Jó 28.28; Ec 12.13) ao invés de se entregar ao desespero ou tentar encontrar uma solução em simplesmente reescrevermos nossa história com nosso próprio conjunto de "realidades" favoritas {30}. Thiselton enfatiza a importância da ressurreição para o homem pós-moderno. "A ressurreição mantém a promessa de esperança para além das fronteiras da situação histórica do eu pós-moderno em sua difícil condição de aprisionamento." {31}. Além disso, "Promessa acena 'de cima' com convite para o eu pós-moderno descobrir uma identidade reconstituída". Isso "constitui 'uma âncora segura e firme' (Hb 6.19) que recentraliza o eu. Ele confere ao eu uma identidade de valor e provê sentido intencional ao presente". A obra de Cristo promete uma restauração do eu individual que irá "uma vez mais [vir] a portar plenamente a imagem de Deus em Cristo (Hb 1.3; Gn 1.26) como um eu definido por dar e receber, amar e ser amado incondicionalmente." {32}. Como Steven Sandage escreve, "O núcleo absoluto da vida não é a mudança, mas a fé em nosso Deus imutável, 'a âncora da alma' que nos lembra que nós somos estrangeiros sonhando com uma terra melhor" (Hb 6.19; 11.1-16) {33}. A mensagem de esperança é uma que os homens e mulheres pós-modernos precisam ouvir. Essa mensagem, entregue dois milênios atrás, ainda fala hoje. "A palavra de nosso Deus permanece para sempre" (Is 40.8). Algumas coisas nunca mudam.

Notas

1. Anthony Thiselton, Interpreting God and the Postmodern Self: On Meaning, Manipulation and Promise (Grand Rapids, MI: Eerdmans, 1995), 130.

2. Walter Truett Anderson, The Future of the Self: Inventing the Postmodern Person (New York: Jeremy P. Tarcher/Putnam, 1997), 26.

3. David Reisman, with Nathan Glazer and Reuel Denney, The Lonely Crowd: A Study of the Changing American Character (New Haven: Yale University Press, 1950), 26; quoted in Anderson, 26.

4. Steven J. Sandage, "Power, Knowledge, and the Hermeneutics of Selfhood: Postmodern Wisdom for Christian Therapists," Mars Hill Review 12 (Fall 1998): 66.

5. Thiselton, 13.

6. Gene Edward Veith, Postmodern Times: A Christian Guide to Contemporary Thought and Culture (Wheaton, IL: Crossway Books, 1994), 49. Note Lyotard's brief definition: "Simplifying to the extreme, I define postmodern as incredulity toward metanarratives." Jean-François Lyotard, The Postmodern Condition: A Report on Knowledge, trans., Geoff Bennington and Brian Massumi (Minneapolis: University of Minnesota Press, 1984), xxiv).

7.Ibid., 47-51.

8. For a Christian's recognition of this in his own life, cf. Sandage, 68-69.

9. Kenneth J. Gergen, The Saturated Self: Dilemmas of Identity in Contemporary Life (New York: Basic Books, 1990), 228. Quoted in Anderson, 38.

10. Gergen quoted in Anderson, 38.

11. Anderson, 38.

12. Ibid., 41.

13. Ibid., 42.

14. Ibid., 42-43.

15. Ibid., 51-56.

16. Veith, 85.

17. Thiselton, 42, 148-150.

18. Ibid., 130-31.

19. Anderson, 56.

20. Veith, 80.

21. David H. Hirsch, The Deconstruction of Literature: Criticism After Auschwitz (Hanover, NH: Brown University Press, 1991), 165; quoted in Veith, 80.

22. Thiselton, 74.

23. Eu sou enormemente grato a Thiselton por esta parte da discussão. Ver caps. 23 e 24.

24. Thiselton, 155.

25. Ibid., 160.

26. Ibid., 161.

27. Ibid., 43.

28. Cf. Sandage, 72.

29. Thiselton, 43.

30. Sandage, 71-72.

31. Thiselton, 43.

32. Ibid., 163.

33. Sandage, 73.

©1999 Probe Ministries.


About the Author

Rick Wade graduou-se no Moody Bible Institute com um bacharelado em comunicaçõess (transmissão por rádio) em1986. He graduou-se cum laude in 1990pela Trinity Evangelical Divinity School com um mestrado em pensamento cristão (teologia/filosofia da religão) onde seus estudos culminaram em uma tese sobre a apologética de Carl F.H. Henry. Ele está atualmente perto de completar um mestrado em humanidades pela University of Dallas. Os interesses de Rick concentram-se em apologética e cristianismo e cultura com interesse especial em temas de preocupação especial nestes dias "posmodernos" (tais como o pluralismo religioso e o problema da verdade). Antes de unir-se a Probe Ministries em fevereiro de 1997, Rick trabalhou na industria naval em Norfolk, VA. Rick e sua famíliaconstruíram seu lar em Garland, Texas.

What is Probe?

Probe Ministries is a non-profit ministry whose mission is to assist the church in renewing the minds of believers with a Christian worldview and to equip the church to engage the world for Christ. Probe fulfills this mission through our Mind Games conferences for youth and adults, our 3-minute daily radio program, and our extensive Web site at www.probe.org.

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Como falar com seus filhos sobre evolução e Criação

Escrito pelo Dr. Ray Bohlin e por Sue Bohlin

Ray e Sue Bohlin discutem como falar com seus filhos sobre evolução e Criação. Os comentários e perguntas de Sue estão em itálico, seguidos das respostas de Ray.

Problemas com a teoria da evolução

Por que há um problema com a teoria da evolução em primeiro lugar? Alguém perguntou a você uma vez "Por que eu deveria acreditar?" Você lembra o que disse a eles?

Basicamente eu disse que você deveria acreditar somente naquilo para o que existem evidências. Após passar anos estudando a evolução na graduação, mestrado e doutorado, eu posso dizer a você que, em primeiro lugar, existe evidência de que há pequenas mudanças em organismos quando eles se adaptam a pequenas variações ambientais.

Segundo, existe evidência de que novas espécies surgem. Nós vemos novas espécies de moscas-da-fruta, roedores e até mesmo pássaros. Mas quando a espécie original é uma mosca-da-fruta, a nova espécie permanece uma mosca-da-fruta. Esses processos não nos dizem como chegamos aos cavalos e vespas e pica-paus.

Terceiro, no registro fóssil há somente algumas transições entre grupos maiores de organismos, como entre répteis e pássaros, e estes são controversos, mesmo entre os evolucionistas. Se a teoria evolucionista está correta, o registro fóssil deveria estar cheio deles.

Quarto, não há qualquer resposta evolucionista real para a origem de adaptações complexas como a língua do pica-pau; ou o vôo em animais, mamíferos, insetos e répteis; ou as adaptações que permitem a natação em peixes, mamíferos, répteis e os invertebrados marinhos. Essas adaptações aparecem no registro fóssil sem transições. E quinto, não existe um mecanismo genético que dê conta dessas mudanças evolucionárias em larga escala. A teoria da evolução da ameba ao homem é uma extrapolação de informações muito escassas.

Então o problema com a evolução é que trata-se de uma teoria mecanicista sem um mecanismo, e não há evidências das grandes mudanças da ameba ao homem.

A evolução do cavalo

Eu tenho aqui o livro de biologia da oitava série do nosso filho. Todo livro didático, inclusive este, tem uma história sobre a evolução do cavalo. Ela é sempre oferecida como prova da evolução. O que você diz sobre isso?

Ela não prova muito sobre a evolução de modo algum. David Raup, do Field Museum of Natural History [Museu de Campo da História Natural] em Chicago, diz:

"Bem, Já se passaram cerca de 120 anos depois de Darwin e o conhecimento do registro fóssil tem-se expandido enormemente. Nós agora temos um quarto de milhão de espécies fósseis, mas a situação não mudou muito. O registro da evolução ainda é surpreendentemente tolo e, ironicamente, nós temos até menos exemplos de transições evolucionárias do que tivemos na época de Darwin. Com isto quero dizer que alguns dos casos clássicos de mudança darwinista no registro fóssil na América do Norte, tiveram que ser descartadas ou modificadas como resultado de informações mais detalhadas – o que parecia ser uma bela e simples progressão, quando havia relativamente pouca informação disponível, agora parece ser muito mais complexo e muito menos gradual. Então o problema de Darwin não foi aliviado nos últimos 120 anos e ainda temos um registro que não mostra mudanças, a não ser uma que pode dificilmente ser respeitada como a conseqüência mais razoável da seleção natural." {1}

Não existe uma seqüência cronológica de fósseis semelhantes ao cavalo. A história da redução gradual do cavalo de quatro dedos de 60 milhões de anos atrás para o atual cavalo de um dedo tem sido chamado de pura ficção. Tudo isso pode ser mostrado na transição de um pequeno cavalo para um grande. Isto não é uma mudança evolutiva significativa, e ainda levou uns 60 milhões de anos. Isso não diz nada sobre como o cavalo evoluiu a partir de um mamífero parecido com um musaranho.

Órgãos homólogos e vestigiais

Órgãos homólogos: o que são eles?

Órgãos homólogos são órgãos ou estruturas de organismos diferentes que têm a função igual ou parecida. Os evolucionistas dizem que esta similaridade deve-se à ancestralidade comum. A pergunta importante é. Esses órgãos parecem e funcionam da mesma maneira por causa da ancestralidade comum ou por causa de um simples projeto comum? Em outras palavras, eles têm essa aparência porque estão relacionados uns com os outros ou foram planejados para desempenhar funções similares? A homologia não é um problema para os criacionistas; nós temos uma explicação diferente, mas razoável. Trata-se do resultado de um projeto comum [a todos os órgãos semelhantes], não de ancestralidade comum.

E os órgãos vestigiais, aqueles que foram supostamente deixados para trás pelo passado evolucionário? Eu lembro de ter sido ensinado que o cóccix, o osso da cauda, é um remanescente de quando éramos macacos. E o apêndice, a mesma coisa – nós precisávamos dele quando estávamos evoluindo, mas não precisamos mais deles. Órgãos vestigiais são sobras não utilizadas de nosso passado evolucionário. Já que não os usamos, eles diminuíram; eles se tornaram vestígios de suas antigas funções – de acordo com a teoria da evolução.

Sim, de acordo com a evolução. Mas nós descobrimos que essas estruturas têm uma função. O exemplo principal é aquele que você mencionou, o osso caudal. O cóccix serve como ponto de conexão para vários músculos pélvicos. Você não seria capaz de sentar muito bem ou confortavelmente sem um osso caudal.

O apêndice também foi durante muito tempo considerado um órgão vestigial, não tendo absolutamente qualquer função dentro de nossos corpos, mas agora descobrimos que ele está envolvido no sistema imunológico. Ele tem uma função. É verdade que você pode viver sem ele. No entanto, à medida que aprendemos mais sobre o apêndice, percebemos que se ele permanecer livre de infecções, pode servir a um propósito muito útil.

Então, em outras palavras, "órgãos vestigiais" não são necessariamente inúteis; nós só ainda não descobrimos qual a função deles.

Sim, muito frequentemente temos chamado essas coisas de "vestigiais" porque nunca nos incomodamos em investigar suas funções devido ao seu tamanho reduzido. Agora descobrimos que coisas como o cóccix e o apêndice têm mesmo uma função. E se eles têm uma função, então não podemos chamá-los de vestigiais; eles não são remanescentes de nosso passado evolucionário.

Eu estou vendo fotos de embriões neste livro didático que são muito semelhantes [entre si]. A explicação dada no livro é que elas são semelhantes porque têm um ancestral evolucionário comum. Obviamente isto tem sido passado como evidência da evolução. É isso mesmo?

Definitivamente não. O desenvolvimento embriológico não segue a história de nosso passado evolucionário. Provaram que esta idéia estava errada 50 ou 60 anos atrás. É desastroso que este erro ainda esteja nos livros didáticos. Obviamente existem similaridades entre espécies muito no início do desenvolvimento embriológico; por exemplo, entre mamíferos, répteis, anfíbios e pássaros. Isso se dá porque todos eles começam a partir de uma única célula. À medida que o desenvolvimento progride, eles se tornam menos parecidos. É exatamente isso que você esperaria de uma perspectiva evolucionista ou criacionista.

A atmosfera primitiva da terra

Você sabe, eu fiquei muito satisfeita com o modo como este livro em particular tratou a evolução. Ele sequer usa o nome evolução, e trata do assunto estritamente como uma teoria, não um fato. Mas você encontrou outro livro didático do ensino médio que é estridentemente pró-evolução. Eu estou preocupada com algumas coisas que eu vejo neste capítulo sobre a origem da vida. Aqui fala sobre a atmosfera primitiva da terra, e esta parte está em negrito (assim os estudantes saberão que vai cair na prova, você não acha?)

A primeira atmosfera da terra muito provavelmente continha vapor de água, monóxido de carbono e dióxido de carbono, nitrogênio, sulfito de hidrogênio e cianeto de hidrogênio.

Então na próxima seção mesmo ele fala sobre os famosos experimentos de Stanley Miller em 1953. Diz que a atmosfera que ele estava tentando recriar era feita de amônia, água, hidrogênio e metano. O que está acontecendo aqui?

Esta seção em particular é no mínimo confusa e enganadora na pior das hipóteses. Eles claramente descreveram o experimento clássico de Miller, mas pesquisadores hoje em dia concordam que a atmosfera usada para essa simulação não existia. Ainda assim o experimento de Miller produziu resultados. Se você usar a atmosfera que o livro descreve como real, os resultados são muito menos significativos. O livro dá a impressão de que a evolução química é fácil de simular. Mas isso está longe de ser verdade. Um cientista diz:

Atualmente todas as discussões sobre princípios e teorias no campo (a origem da vida) terminam ou em um beco-sem-saída ou em uma confissão de ignorância. {2}

Mas você não teria essa impressão de modo algum lendo esta seção do livro.

Árvores filogenéticas

Eu tenho outra pergunta. Aqui está este belo e organizado quadro que mostra como animais bastante diferentes evoluíram a partir de um ancestral comum. Esta árvore evolucionária tem um animal parecido com um crocodilo na base, e todos esses galhos saindo dele, e terminamos com tartarugas e cobras e répteis e pássaros e mamíferos todos descendendo deste animal. Estamos falando de fantasia científica aqui ou há um problema com esta árvore evolucionária?

Árvores evolucionárias, ou árvores filogenéticas, são regularmente deturpadas em livros do ensino médio. As belas linhas firmes dão a impressão de que há bastante evidência, bastante fósseis para documentar essas transições & colisões, mas as transições não estão aí. Se fôssemos dar uma olhada neste mesmo tipo de diagrama em um livro do ensino superior, todas essas linhas de conexão – as transições – seriam pontilhadas, indicando que não temos evidência suficiente para provar que esses organismos estão relacionados uns com os outros. A transição é uma suposição. Eles presumem que esses organismos estão relacionados uns com os outros, mas carecem de evidências. Stephen Gould, um paleontólogo e evolucionista de Harvard, diz, A extrema raridade de formas transicionais no registro fóssil persiste como o segredo do negócio da paleontologia. As árvores evolucionárias que adornam os livros didáticos têm informação somente nas pontas e nós de seus galhos. O resto é inferência, embora razoável: não a evidência de fósseis. {3}

Em outras palavras, esses quadros trazem belas imagens, mas elas não são imagens da realidade.

Correto.

Seleção natural e especiação

Neste mesmo texto de biologia do ensino médio, eu estou olhando o capítulo sobre a evolução chamado "Como as Mudanças Ocorrem". O título dessa seção é "Evolução por seleção natural". A seleção natural parece sempre estar inseparavelmente ligada à evolução. O que é isso?

Seleção natural é um processo em que os organismos que são aptos a sobreviver e a se reproduzir, fazem isso em uma taxa maior do que aqueles que são menos aptos. Parece um raciocino circular, mas é um processo simples, algo que você pode observar facilmente na natureza.

Há algumas fotos aqui das famosas mariposas sarapintadas, da Inglaterra. Por que elas continuam aparecendo em livros de ciência?

Elas continuam aparecendo porque a mariposa sarapintada foi o primeiro exemplo documentado da seleção natural de Darwin funcionando. Existem duas variedades diferentes de cores da mesma mariposa: uma variedade sarapintada e uma variedade escura. A variedade sarapintada estava camuflada na casca das árvores, mas a variedade negra era visível. Como resultado, os pássaros comiam muitas mariposas negras. A variedade mais comum, deste modo, era a sarapintada. Mas então a casca das árvores ficou escura ou negra por causa da poluição. Agora a forma negra ficava escondida, mas a variedade sarapintada aparecia, então os pássaros comiam essa variedade. A proporção de mariposas sarapintadas em relação às mariposas negras mudou, em resposta à mudança no ambiente.

Então aqui houve uma mudança de freqüência. Uma vez tivemos mais mariposas sarapintadas, e agora temos mais das escuras. Um exemplo claro de seleção natural ocorrendo. Mas a pergunta é, isso é mesmo evolução? Eu creio que não. Isso só mostra variedade dentro de uma forma. Isto não me diz nada como biólogo e geneticista sobre como viemos a ter cavalos e vespas e pica-paus.

Quando estamos olhando para mariposas sarapintadas, estamos lidando com a seleção natural dentro da mesma espécie. E uma espécie inteiramente nova; por exemplo os tentilhões de Galápagos de Darwin, na costa do Equador. Isso não é uma evidência da evolução?

Eis outra área em que precisamos ser cuidadosos. A especiação é mesmo um processo real, mas a especiação só significa que duas populações de uma espécie em particular não podem cruzar. As duas populações ficam separadas por uma barreira geográfica como uma montanha, e após um tempo elas não são mais capazes de cruzar entre si ou de se reproduzir entre elas.

Mas tudo o que temos realmente feito é dividir a carga genética em duas populações separadas e diferentes; se você quiser chamá-las de espécies diferentes, tudo bem. Mas mesmo os tentilhões de Darwin, embora apresentem algumas mudanças no formato e tamanho do bico, estão claramente relacionados uns com os outros. A mosca-da-fruta drosófila nas ilhas havaianas – existem mais de 300 espécies – provavelmente se originaram da mesma e única espécie inicial. Mas elas se parecem muito. A maneira principal de distingui-las é através do seu modo de se comportar no acasalamento.

Existe uma grande variedade dentro dos organismos que Deus criou, e as espécies podem se adaptar a pequenas mudanças no ambiente. Mas há um limite do quão longe essa mudança pode ir. E os exemplos que temos, como as mariposas sarapintadas e os tentilhões de Darwin, mostram isso claramente.

Respondendo à teoria evolucionista

Você tem dado uma resposta criacionista à evolução nos livros didáticos, mas além dos livros há um problema pessoal que é preciso enfrentar. Como você acha que os estudantes cristãos devem reagir quando eles chegarem à evolução no currículo de ciências na escola?

Em primeiro lugar, não entre em pânico. Isto não deveria ser uma surpresa; você sabia que iria acontecer um dia. Segundo, entenda que a evolução é uma idéia muito importante na sociedade hoje. É importante saber sobre ela e compreendê-la. Tente explicar para os seus filhos assim. Você não tem que acreditar nela ou aceitá-la, mas você precisa entendê-la, saber o que as pessoas querem dizer quando falam sobre a evolução.

E quanto a responder perguntas em uma prova?

Aqui a coisa fica mais difícil. Você pode achar que tem que mentir para dar a resposta que o professor quer. Mas eu não acho que esse seja o caso de modo algum. O que você está fazendo é simplesmente tratar da questão da evolução; você está mostrando que entendeu o assunto. Você não tem que dar sua resposta de maneira que diga, "Eu acredito que é assim que as coisas são." Tudo pode depender do modo como você constrói a sua resposta. Mas você estará simplesmente demonstrando o seu conhecimento sobre a evolução, não a sua aceitação a ela.

Me parece que quando você mostra que entende o conceito de evolução, você está demonstrando respeito pelo professor e, na verdade, pela teoria também, como a teoria prevalente de nossos dias, sem ter que ser uma declaração do tipo "Sim ,eu acredito nisso!"

Claro. O conceito de respeito, penso eu, é extremamente importante, porque você tem que perceber que como aluno do ensino médio, você está lidando com professores que estudaram ou ensinaram a teoria evolucionista por muitos anos. O nível de entendimento deles é muito mais profundo que o seu. Você não pode simplesmente chegar lá e tentar convencer a classe de que o professor está errado, ou que a evolução está errada; você precisa desempenhar o papel do aluno. E o papel do aluno é aprender, tentar entender e compreender as idéias sendo discutidas. Mas você não tem que se expressar de uma maneira que pareça que você acredita na teoria evolucionista.

Eu descobri esta página no livro que estamos examinando, logo depois dos capítulos sobre a evolução. É uma mensagem dos autores para os alunos. Aqui diz, "A teoria evolucionista une todas as coisas viva em uma única e enorme família – das árvores mais altas à menor bactéria a cada ser humano na terra. E, mais importante, a história evolucionista da vida torna claro que todos os seres vivos – todos nós – compartilhamos um destino comum neste planeta. Se você não se lembrar de nada mais deste curso daqui a dez anos, lembre-se disso, e o seu ano terá valido a pena."{4}

Eu nunca tinha visto uma mensagem como essa antes, dos autores para o aluno. Este livro obviamente tem uma forte inclinação evolucionista.

Aqui nós temos que perceber que o que está sendo ensinado não é mais ciência; trata-se de uma visão de mundo. Esta é uma declaração do naturalismo. Obviamente a evolução é extremamente importante para a cosmovisão naturalista, e os autores estão tentando expressar a sua importância. Nós vamos ver mais e mais dessa inclinação em livros didáticos.

Antes dos pais cristãos poderem falar com nossos filhos sobre a evolução, nós primeiro temos que entender a própria evolução, assim como ter uma compreensão dos problemas associados a ela. Nós não precisamos ter medo desta poderosa teoria; nós precisamos, contudo, ter discernimento ao analisarmos cuidadosamente a retórica e distingui-la da verdade sobre o mundo de Deus.

Gênesis 1

Geralmente, se uma criança passa algum tempo na Escola Bíblica Dominical, ela chega ao ponto em que percebe, "Ei, isso não tem nada a ver com o que eu estou estudando na escola [regular]!" Nossa esperança é que nós possamos ajudar os pais a integrar a verdade nas Escrituras com o que se sabe sobre as origens do mundo. Como cristãos, nosso ponto de partida sobre as origens é Gênesis 1: "No princípio criou Deus os céus e a terra." A partir deste ponto em diante, no entanto, há muitas perspectivas diferentes explicando o resto do capítulo.

Isso é verdade, e infelizmente isso não somente torna-se confuso para muitos de nós, mas torna-se confuso para muitos acadêmicos e intelectuais também. Existe um sem número de maneiras diferentes de interpretar Gênesis 1. Deixe-me examinar rapidamente três das mais proeminentes visões entre os evangélicos hoje em dia.

A primeira é a literal ou o relato da criação bem recente. Algumas pessoas chamariam os proponentes desta visão de "criacionistas da terra jovem". Eles acreditam que cada um dos seis dias da criação foi um período de vinte e quatro horas semelhante aos nossos dias hoje. Esses dias foram consecutivos e em um passado recente, provavelmente de dez a trinta mil anos atrás. Eles defendem que o dilúvio foi um evento global e catastrófico e que todas as camadas sedimentares foram resultado do dilúvio de Noé. Todos os fósseis, deste modo, são o resultado do dilúvio de Noé.

A segunda maneira de olhar para Gênesis 1 é a Teoria das Eras, algumas vezes chamada de Criação Progressiva. Aqui, cada um dos seis dias da criação é um período muito longo de tempo, talvez centenas de milhões de anos. Deus teria criado progressivamente através do tempo, e não de uma vez só. O dilúvio foi um evento local na mesopotâmia ou talvez até uma enchente global, mas uma enchente calma. Assim, o dilúvio não deixou qualquer grande cicatriz ou sedimentos na terra.

A terceira visão entende Gênesis 1 como uma Estrutura Literária. Esta visão sugere que Gênesis 1 não tem a intenção de expressar a história. Os povos do Antigo Oriente Próximo usavam um artifício literário semelhante para descrever uma obra completa ou perfeita; neste caso, uma criação perfeita. Deus poderia ter criado usando a evolução ou a criação progressiva; a questão é que não há realmente qualquer acordo entre a história da terra e os dias de Gênesis 1.

Nós precisamos explicar para nossos filhos a visão que faz mais sentido para nós, mas, ao mesmo tempo, permitir que eles saibam que há um grande desacordo entre os evangélicos. Você pode até mesmo ficar confuso, e não tem problema mostrar para os seus filhos que você não sabe, tampouco, e que não tem problema não saber. Nós precisamos mostrar a direção, mas deixar as portas abertas para outras opções.

Nós podemos saber qual delas é a interpretação correta?

A criação é um mistério. Nós precisamos mostrar respeito não somente pelo mistério, mas também por aquelas pessoas que têm visões diferentes. Os evangélicos com conhecimento do hebraico e do grego divergem em sua compreensão de Gênesis 1. Então, como podemos esperar que uma criança de dez anos capte o problema e tome uma decisão?

Quando explicamos o relato da criação em Gênesis 1, precisamos dizer aos nossos filhos que diferentes [estudiosos do assunto], todos compromissados com a Bíblia como a Palavra de Deus, interpretam a Escritura de maneiras diferentes. O importante é que reforcemos que Deus criou o mundo, o universo e todos os seres vivos, especialmente os seres humanos.

História humana primitiva

Agora vamos examinar alguns problemas específicos que surgem a partir de Gênesis em termos da história humana primitiva. Vamos começar com Adão e Eva. Eles foram pessoas reais?

Esta é uma pergunta muito importante, e eu acho que é uma com que a maioria dos eruditos evangélicos concorda. Adão e Eva foram pessoas reais, e quase todos os eruditos evangélicos concordam que eles foram criados por Deus. O motivo é que este é um evento da criação em que Deus nos dá detalhes de como Ele agiu. Quando Ele criou os outros mamíferos e as criaturas do mar e os pássaros, Ele os fez ou Ele os criou ou ele os formou, mas nós temos detalhes sobre a criação de Adão e Eva. Somos informados sobre como Deus fez isso. Adão foi formado do barro, e Eva foi criada de uma costela tirada do lado de Adão. Fica claro que os humanos não tiveram uma origem evolucionária.

E os Australopithecus, esses supostos ancestrais do homem assemelhados a gorilas?

Australopithecus são muito provavelmente simplesmente gorilas extintos. Algumas pessoas se preocupam se eles andavam eretos e assim possam ter participado do desenvolvimento dos seres humanos, mas mesmo que eles andassem eretos, esta não é a questão mais importante. Eles ainda não passam de gorilas extintos, e eles não tinham mesmo qualquer qualidade humana. Há um livro muito bom que você vai querer ler, chamado Bones of Contention [Ossos da discórdia]. Tem vários livros chamados Bones of Contention, mas este é um recente de Martin Lubenow. Lubenow entra em grandes detalhes sobre as verdadeiras descobertas fósseis – o que elas significam, onde elas se encaixam – tudo de uma perspectiva criacionista, e ele faz um excelente trabalho. Ele fala sobre o fato de que restos humanos parecem abranger toda a era da suposta evolução humana de quatro milhões de anos atrás até o presente, e que mesmo o tipo de fóssil em particular chamado de homo erectus cobre uma faixa bastante larga. O homo erectus realmente não se encaixa onde deveria, e os fósseis parecem contradizer a teoria evolucionista ao invés de apoiá-la.

Há mais uma questão que fica vindo a tona sempre. De onde veio a esposa de Caim?

De certa maneira é surpreendente que esta questão pareça ser tão desconcertante para as pessoas, mas por outro lado eu realmente a compreendo. Caim claramente casou-se com uma irmã. Nós reagimos contra essa idéia por causa das muitas leis que temos hoje acerca de relacionamentos incestuosos. Nós temos leis contra o incesto porque as crianças que resultam desse tipo de relacionamento são geralmente acometidas de doenças genéticas. Isto se dá porque todos nós carregamos genes recessivos danosos dentro de nossos cromossomos. Membros de uma mesma família muito próximos podem carregar grupos de genes recessivos similares, se não o mesmo tipo. Quando casamos com algum parente, esses recessivos podem se emparelhar e resultar em um filho que é geneticamente deficiente. Mas na criação original não havia esse problema. Aqueles foram os seres originalmente criados, não havia mutações genéticas com que se preocupar.

Quando se trata da origem humana, a Bíblia não deixa espaço para nada além da elaboração pessoal de Adão e Eva por Deus. É o fato de que Deus criou a humanidade pessoalmente que nos dá um valor intrínseco tão grande.

O dilúvio de Noé

O dilúvio de Noé é extremamente importante porque muitos ensinamentos do Novo Testamento dependem dele. O Senhor Jesus nos disse que o período pouco antes do Seu retorno será exatamente como foi nos dias anteriores ao dilúvio. Pedro nos lembra que o julgamento de Deus caiu sobre a terra e que Ele prometeu fazer isso novamente. Se o primeiro julgamento não foi real, o que devemos pensar sobre o segundo?

Mas, muito frequentemente o que vem à mente quando pensamos no dilúvio de Noé é a imagem de um belo barquinho arredondado com as cabeças de ovelhas fofinhas e altas girafas e elefantes amistosos para fora dele. Nós pensamos nisso como uma inofensiva historinha para contar antes de dormir, como a da Cinderela ou de Scuffy, o Rebocador, um resquício de lições bíblicas da infância e dos tempos dos livros de historinhas. O dilúvio aconteceu mesmo?

Estamos falando sobre um evento histórico e que é bem sério. Fala-se dele em Gênesis em uma narrativa histórica. Mas os evangélicos discordam sobre como ele teria acontecido. Existem basicamente três visões diferentes.

Uma é o relato da enchente catastrófica universal, onde o dilúvio foi um evento global. Ele cobriu mesmo todas as altas montanhas da época, e foi catastrófico – muitas ondas e rompimento das fontes do grande abismo.

A outra visão é que o dilúvio foi universal – ele cobriu a terra inteira – mas foi um evento tranqüilo e provavelmente não deixou qualquer cicatriz ou sedimentos na terra.

E a terceira visão é que o dilúvio aconteceu somente na região da mesopotâmia. Já que a seu propósito era destruir a humanidade e a humanidade não havia ainda se espalhado para muito longe, o dilúvio somente teve que cobrir a área da mesopotâmia. Novamente, como no relato da criação, precisamos contar aos nossos filhos aquilo de que estamos convictos. O que nós achamos sobre isso? E, de novo, se você não tem certeza, se você não está seguro sobre a sua visão, vá em frente e fale da sua incerteza também. Não tem problema não ter certeza sobre algumas dessas coisas; os eruditos não sabem tudo sobre elas tampouco realmente. E nós temos que estar prontos para perceber que as crianças podem nem mesmo gostar de nossa interpretação em particular, ou elas podem ter ouvido coisas na escola, na Escola Bíblica Dominical ou na igreja que podem ser diferentes de nossa visão. Mas não tem problema dar aos nossos filhos algum espaço nesses tipos de assunto.

Com todas essas interpretações diferentes do dilúvio, o que podemos nos sentir seguros em contar aos nossos filhos? Qual é o objetivo do dilúvio? Qual é a linha de fundo deste evento?

O propósito do dilúvio de Noé foi destruir a humanidade como ela existia à época. Onde os eruditos discordam é simplesmente o quão longe a humanidade havia se espalhado. Alguns sugerem que a população humana podia ser de somente algumas centenas de milhares, então eles poderiam estar contidos na região da mesopotâmia. Mas se os humanos já existiam por quatro ou cinco mil anos, e eles tiveram a chance de se multiplicar e crescer, pode ter havido muitos milhões ou dezenas de milhões de pessoas espalhadas pela terra. Isso pode ser a causa de alguns sugerirem que, para destruir a humanidade, o dilúvio teve que ser universal. Mas nós ainda não sabemos se o dilúvio foi um evento catastrófico ou tranqüilo, então ainda há espaço para discussão. Eu acho que essas diferentes teorias são úteis porque elas permitem investigar a Palavra de Deus o melhor que podemos e tentar determinar o que ela realmente quer dizer.

Há uma visão do dilúvio – a da enchente universal e catastrófica – que capturou a atenção de grande parte da comunidade cristã. Muitas organizações propõem este modelo. Na verdade, você passou algumas semanas no Grand Canyon com uma dessas organizações investigando a hipótese da enchente na formação do cânion. Nós queremos tratar de algumas coisas específicas sobre este modelo catastrófico do dilúvio de Noé. Você poderia resumir brevemente do que trata esta hipótese?

Este modelo catastrófico definitivamente sugere um cenário bem diferente daqueles dos animais fofinhos ou do barquinho arredondado. Nós estamos falando sobre o rompimento das fontes do grande abismo e de enormes quantidades de água balançando de um lado para o outro por toda a terra. Os criacionistas da terra jovem sugerem que a maior parte das camadas sedimentares, assim, teria sido depositada como resultado do dilúvio de Noé. Haveria também evidências por toda a terra da formação catastrófica de todas essas camadas sedimentares.

O quão próximo da verdade esta hipótese está? Ela explica tudo?

Há muitas coisas que ela não explica. Há evidência de uma origem catastrófica para a maioria, mas não para todas as camadas sedimentares. Os organismos parecem requerer um enterramento rápido para que se transformem em fósseis. Mas há problemas com esta hipótese também, e eu acho que é muito importante que reconheçamos quais são elas. Por exemplo, todos os tipos diferentes de sedimento teriam que ser o resultado de somente um evento, uma enchente catastrófica. Quando olhamos para essas camadas sedimentares, nós vemos arenito, calcário, xisto limoso, xisto – todo tipo diferente de rochas – mas eles todos poderiam ter que vir do mesmo evento, e isso é um pouco problemático. A maioria dos geólogos cristãos acredita que os estratos devem-se a outros eventos, como transbordamentos de rios, depósitos causados por grandes tempestades ou furacões que ocorriam periodicamente ou, em alguns casos com relação ao arenito, até mesmo dunas de areia do deserto. Conquanto a hipótese catastrófica seja uma idéia cativante, eu não vejo uma necessidade de nos forçarmos a aceitá-la ou rejeitá-la agora.

Há muito trabalho a ser feito com relação a esta hipótese. Se você tem um filho curioso e que goste de ciências, por que não encorajá-lo(a) a buscar uma carreira na área de ciências e tornar-se parte de um grupo que tente investigar o assunto?

Homens das cavernas

Outra questão que as crianças têm muita curiosidade: onde os homens das cavernas se encaixam na Bíblia?

A maioria dos criacionistas crê que os homens das cavernas eram os primeiros sobreviventes do dilúvio. Lembre-se, se o propósito do dilúvio era destruir a humanidade, então a maioria desses fósseis seria de indivíduos que sobreviveram ao dilúvio ou viveram logo depois. O homem de Cro-Magnon e o homem de Neanderthal, e provavelmente até mesmo fósseis descritos como homo-erectus, são todos humanos pós-dilúvio, descendentes dos três filhos de Noé. As assim chamadas características primitivas poderiam se dever a relações consangüíneas, dietas ruins e à vida em um ambiente hostil.

Diferenças raciais

De onde vieram as diferentes raças? Se somos todos descendentes de um único casal, Adão e Eva, por que há diferentes cores de pele?

As raças poderiam ter se originado a partir dos três filhos de Noé e suas esposas. Muitos grupos de genes produzem a grande variedade de cores de pele na população atual. Não é difícil de modo algum prever populações geneticamente similares tornando-se isoladas após o dilúvio e sendo os progenitores das diferentes raças. Muito desta variabilidade genética pode ter estado contida nas esposas dos filhos de Noé, surgindo a partir da segregação genética que ocorreu desde a criação de Adão e Eva. Adão e Eva foram provavelmente pessoas com a cor da pele intermediária com a maioria, se não toda a variabilidade genética presente em seus genes.

Dinossauros

Nós não podemos falar em explicar a criação para os nossos filhos sem tratar da questão inevitável dos dinossauros. Onde os dinossauros se encaixam na Bíblia?

Não há dúvida que as crianças de hoje em dia, especialmente os meninos, são apaixonadas pelos dinossauros. A resposta depende do modo como você a aborda.

Se você abordar a criação da perspectiva da terra antiga, então os dinossauros foram extintos há setenta e tantos milhões de anos e não há motivo para esperar que eles sejam mencionados na Bíblia mesmo. Os homens e os dinossauros nunca conviveram.

Se, no entanto, você aborda a criação a partir da hipótese de uma terra jovem, onde tudo o que existe foi criado no passado bastante recente, então os dinossauros devem ter existido ao mesmo tempo em que o homem porque eles foram cridos no mesmo dia, somente de dez a trinta mil anos atrás. E isso suscita a questão de se Noé teria levado dinossauros para a arca.

É difícil imaginar um brontossauro entrando na arca, e a maioria dos criacionistas respondem isso sugerindo que ele provavelmente não levou dinossauros adultos para a arca, só jovens ou filhotes pequenos. A extinção dos dinossauros então foi provavelmente causada pelo dilúvio. Mesmo se Noé não tiver levado algum deles para a arca, aparentemente o clima e a ecologia da terra mudaram dramaticamente como resultado do dilúvio e eles não foram capazes de sobreviver após o dilúvio.

Mas isso também levanta a possibilidade bem distinta de que alguns dinossauros ainda possam existir em pequenos bolsões isolados ao redor do mundo. Eu não quero dar muito crédito a isso, mas há histórias bem intrigantes – e eu quero chamá-las de histórias por enquanto, não fatos – vindas do Congo acerca de diferentes tipos de dinossauros sendo relatadas por nativos e até mesmo por alguns missionários que teriam visto grandes criaturas semelhantes a répteis nos pântanos. Nós temos pinturas em cavernas na América do Sul de criaturas parecidas com dinossauros. Nós temos lendas de todo o mundo sobre dragões, na China e no oriente e na Europa durante a idade média. Nós parecemos tem em mente que grandes répteis estão por aí em algum lugar. É muito mais fácil pensar neles como sendo remanescentes do dilúvio, ao invés de terem existido em pequenos bolsões por sessenta ou mais milhões de anos, já que eles foram extintos na perspectiva evolucionista. Também é plausível que os dinossauros possam ter sido mencionados na Bíblia.

Você quer dizer com um nome diferente?

Sim. Por exemplo, Jó 40 fala de uma criatura chamada "beemote" nos versículos de 15 a 24. Ele se alimenta de capim, tem força em seus lombos, tem poder em seu ventre, tem uma cauda como o cedro e é a primeira entre as obras de Deus. Alguns acham que isso pode ser um hipopótamo, mas um hipopótamo não tem uma cauda como um cedro. E você não pensa em nele como a primeira entre as obras de Deus. Poderia ser uma criatura mítica, mas também poderia ser bastante real.

O que nós tentamos fazer nessa discussão foi ajudar os pais a entender os relatos bíblicos da criação na terra primitiva para que eles possam explicá-la para os seus filhos. Embora nós tenhamos apresentado algumas poucas opções ao invés de absolutos, nós ainda podemos dizer aos nossos filhos que Deus é o Criador e Sustentador de todas as coisas, e que o dilúvio foi um evento real, embora alguns dos detalhes de como essas coisas aconteceram possam nos escapar agora. Esta abordagem nos permite expressar a verdade bíblica claramente enquanto, ao mesmo tempo, encorajar a curiosidade de uma criança e o desejo de investigar o mundo de Deus. Este é o mundo de nosso Pai e é prazeroso para Ele quando seus filhos querem descobri-lo e explorar os mistérios do passado, da história, da Sua historia.

Notas

1. David Raup, "Conflicts Between Darwin and Palentology," [Conflitos entre Darwin e a Paleontologia] Field Museum of Natural History Bulletin, vol. 30, nº 1 (1979): 25.
2. Kraus Dose, "The Origin of Life: More Questions Than Answers," [A origem da vida: mais perguntas que respostas] Interdisciplinary Science Review 13 (1988): 348-56.
3. Stephen J. Gould, The Panda's Thumb [O polegar do panda] (New York: Norton, 1980), 181.
4. Kenneth Miller and Joseph Levine, Biology [Biologia] (Englewood Cliffs, N.J.: Prentice-Hall, 1991), 335.

© 1993 Probe Ministries


Sobre os autores

Raymond G. Bohlin é presidente de Probe Ministries. Ele é formado pela universidade de Illinois (zoologia), pela North Texas State University (Mestrado em genética de populações), e pela University of Texas em Dallas (mestrado e doutorado em biologia molecular). Ele é o co-autor do livro The Natural Limits to Biological Change, serviu como editor-geral de Creation, Evolution and Modern Science, foi co-autor de Basic Questions on Genetics, Stem Cell Research and Cloning (The BioBasics Series), e publicou numerosos articles de jornal. Dr. Bohlin foi nomeado um Research Fellow [Pesquisador Associado] do Discovery Institute's Center for the Renewal of Science and Culture em 1997-98 e 2000.

Sue Bohlin é uma preletora associada a Probe Ministries. Ela cursou a Universidade de Illinois, e tem ensinado a Bíblia e sido conferencista por mais de 25 anos. Ela presta o serviço de Mentoring Mom [Mãe Mentora] para a MOPS [Mães de Crianças na Pré-escola], e na diretoria do Living Hope Ministries [Ministério Esperança Viva], um ministério centrado em Cristo para aqueles que lidam com uma homossexualidade indesejada. Ela também é uma calígrafa profissional e ela também ajuda no site de Probe Ministries; mas, mais importante, ela é a esposa do Dr. Ray Bohlin e a mãe de seus dois filhos adultos.

O Que é Probe?

Probe Ministries é um ministério sem fins lucrativos cuja missão é auxiliar a igreja na renovação da mente dos crentes com uma cosmovisão cristã e equipar a igreja para levar o mundo a Cristo. Probe cumpre essa missão através de nossas conferências Mind Games para jovens e adultos, do nosso programa de rádio diário de 3 1/2 minutos, e de nosso amplo web site: www.probe.org.

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Evangelismo e apologética

Escrito por Jerry Williams de Probe Ministries International,

traduzido pelo pastor James A. Choury.

Hoje, como nunca antes, nós cristãos somos chamados a justificar a esperança que temos em Cristo Jesus. Muitas vezes, no contexto do evangelismo, os não-cristãos duvidam da verdade da nossa mensagem. Tirar de alguém suas objeções intelectuais não converterá; só uma mudança de coração fará isso, mas isso não significa que a atividade mental não faz parte de uma conversão genuína. Neste artigo examinaremos o papel e os propósitos da apologética e o uso dela no evangelismo.

A Bíblia contém um versículo que nós exorta a fazer “apologia”. “Antes, santificai a Cristo, como Senhor, em vossos corações, estando sempre preparados para responder a todo aquele que vos pedir razão da esperança que há em vós”. 1 Pedro 3.15. A palavra grega “apologia” significa resposta ou defesa razoável. Quer dizer dar respostas razoáveis à perguntas honestas e sinceras e fazê-lo com humildade, respeito e reverencia.

O versículo sugere que a maneira em que fazemos este trabalho é tão importante quanto as respostas que proferimos. O apóstolo Pedro nos diz que devemos estar “sempre” preparados para dar respostas razoáveis a todos os que perguntam sobre a nossa fé. A maioria dos cristãos precisa estudar muito antes que esse versículo se torne realidade na sua vida.

Qual é o papel da mente no processo da conversão de uma pessoa? Não diz a Bíblia que o descrente está morto no pecado? Não diz a Bíblia que não devemos saber nada mais que Cristo e Ele crucificado? Porque temos que nos preocupar com a apologética se na verdade é o Espírito que atua para converter a alma?

Porém o cristianismo goza e prospera no conhecimento, não na ignorância. Foi Jesus que convidou os discípulos “Vem e veja”. Nós devemos amar a Deus tanto com a nossa mente como com o nosso coração. A igreja primitiva transformou o mundo simplesmente porque soube amar melhor e pensar melhor do que o mundo pagão. Será que nós estamos fazendo estas duas coisas bem em nossos dias?

Muitos cristãos hoje em dia preferem sentir sua fé em vez de pensar nela ou explicá-la. Mas consideremos os seguintes versículos:

Mateus 13.23Mas o que foi semeado em boa terra é o que ouve a palavra e a compreende; este frutifica, e produz a cem, a sessenta e a trinta por um”. Veja Mt 13.19

Atos 8.30Correndo Filipe, ouviu-o ler o profeta Isaías, e perguntou: Compreendes o que vens lendo? Ele respondeu: Como poderei entender, se alguém não me explicar? E convidou Filipe a subir e a sentar-se junto a ele

Atos 18.4E todos os sábados discorria na sinagoga, persuadindo tanto judeus como gregos.”

Romanos 10.17 "...e assim a fé vem pela pregação e a pregação pela palavra de Cristo." Aqui a palavra “pregação” significa ouvir com entendimen

2 Coríntios 5.11E assim, conhecendo o temor do Senhor, persuadimos aos homens, e somos cabalmente conhecidos por Deus....”

Será possível ter a fé que salva sem entendimento? É possível entender sem raciocinar? Algumas pessoas chegam a Cristo por meio de uma crise pessoal, outras porque se sentem isoladas ou rejeitadas, outras por causa de uma inseguridade emocional. Mas muitas também experimentam obstáculos intelectuais que dificultam sua aceitação de Cristo como Senhor e Salvador. Essas freqüentemente só encontram Cristo quando ficam satisfeitas com as respostas às suas dúvidas.

Os que estão evangelizando hoje em dia reconhecem a necessidade de dar respostas às perguntas dos descrentes com quem estão falando.

Para nós sermos eficientes no evangelismo precisamos saber que muitas pessoas não compartilham ou até rejeitam a cosmovisão cristã. Um professor de uma faculdade recentemente disse que, em sua opinião, o maior impedimento ao progresso social no mundo é precisamente a comunidade cristã. Não ganharemos tais pessoas com uma simples apresentação das quatro leis espirituais. Precisamos realmente saber o pensamento, a filosofia e os argumentos de tais pessoas para lhes persuadir com a verdade.

Vejamos três estratégias comuns que não dão certo para transformar o mundo para Cristo:

A primeira é a estratégia defensiva. Neste plano o cristão está sobremodo preocupado em conservar a fé evitando o contato com o mundo. Ele pergunta: quão forte são os muros que temos edificado ao redor de nós mesmos? Como podemos melhor conservar o pouco que temos? Em 2 Coríntios 10, o apóstolo Paulo diz que é o mundo que fica atrás dos muros do erro e do mal. O ensino de Paulo é que os cristãos devem estar montando ofensivas contra as fortalezas do erro. Deveríamos estar ganhando terreno, não só conservando nossa pequena ilha segura.

Outros usam uma estratégia derrotista. Eles já deram a vitória ao mundo. Dizem que nos últimos dias a fé diminuirá. Os homens irão de mal a pior. Não se encontrará a fé. Nada que nós podemos fazer mudará a situação. Não tem jeito. A Bíblia diz assim. Porém ninguém sabe o dia nem a hora da volta de Cristo. É possível que Ele demore mais uns anos. Estamos sob ordens de atuar. De trabalhar até a Sua voltar. Deus ainda é soberano. Ele ainda pode mudar vidas. Bem aventurado o servo que Jesus encontra trabalhando até o momento de Sua vinda ao mundo.

Uma terceira estratégia é só contar aos outros as nossas experiências religiosas pessoais. Contar nossos sentimentos e emoções. Porem muitas pessoas encontram sentimentos e emoções iguais dentro de outras religiões ou com o uso das drogas, mantras, e a meditação. Para a pessoa se converter a Cristo precisa lutar intelectualmente com as declarações e proposições de Cristo. Precisa ficar convencido de que Cristo é o único caminho para Deus. Que Cristo viveu, morreu e ressuscitou corporalmente e que na Sua morte pagou a nossa dívida com Deus, recebeu o nosso merecido castigo. Precisa se arrepender (mudar de idéia) e crer em Cristo. Essas são atividades intelectuais e não só emocionais.

Vamos concluir com alguns princípios importantes para sermos eficientes em trazer outros à salvação.

1. Precisamos ir aos descrentes: Atos 17.17Por isso dissertava na sinagoga, entre os judeus e os gentios piedosos: também na praça todos os dias, entre os que se encontravam alí”.

2. Comuniquemo-nos com as pessoas. Compartilhar o evangelho requer comunicação. Precisamos focalizar as pessoas. É responsabilidade dos cristãos esclarecer e explicar a verdade a toda pessoa disposta a nos ouvir. 2 Cr 5.11

3. Precisamos nos relacionar bem com as pessoas. Tanto os corações como as cabeças precisam estar juntos no evangelismo pessoal. 1 Ts 2.8 "... assim, querendo-vos muito, estávamos prontos a oferecer-vos, não somente o evangelho de Deus, mas, igualmente, a nossa própria vida, por isso que vos tornastes muito amados de nós”.

4. Tirar as barreiras, verdadeiras ou imaginárias que impedem o indivíduo de ouvir e considerar seriamente a mensagem de Cristo. Jeremias 1.10Olha que hoje te constituo sobre as nações, e sobre os reinos, para arrancares e derribares, para destruíres e arruinares, e também para edificares e para plantares”. Às vezes precisamos demolir os muros do erro para que a verdade possa penetrar na mente e no coração dos nossos ouvintes.

5. Compartilhar o plano da salvação com as pessoas. A tarefa é grande. É mister falar com tantas pessoas quantas for possível. Deixemos os resultados com o Senhor. Nosso trabalho é falar. Atos 16.14

6. Faça o apelo. 2 Cr 5.20. De sorte que somos embaixadores em nome de Cristo, como se Deus exortasse por nosso intermédio. Em nome de Cristo, pois, rogamos que vos reconcilieis com Deus.”

7. Discipulá-los. Eles precisam ser alicerçados na fé (na doutrina). A transformação da mente requer dados, informações e exemplos de pessoas vivendo mesmo a vida cristã. Conservação de fruto requer doutrinamento, cuidado pessoal, oração, muito amor e paciência.

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Quem tem o corpo?

Por Rusty e Linda Wright,

Traduzido por Campus Crusade Brasil


O que importa? Que diferença faz se Jesus ressuscitou dentre os mortos? Faz toda a diferença do mundo. Se Cristo não ressuscitou, então milhares de cristãos teriam vivido e morrido por uma fraude.

Se, entretanto, Ele ressuscitou, então Ele ainda está vivo e pode agir agora para dar um jeito em nosso mundo caótico. Os fatos sempre falam mais alto do que as opiniões. Vamos dar uma olhada em algumas das evidências históricas da ressurreição e ver para onde os fatos nos levam.

Uma consideração preliminar: incontáveis estudiosos, entre eles o apóstolo Paulo, Santo Agostinho, Sir Isaac Newton e C.S. Lewis – acreditavam na ressurreição. Nós não precisamos temer estar cometendo um suicídio intelectual por aceitar isso também. Paulo escreveu que: "Cristo morreu pelos nossos pecados... foi sepultado... e ressuscitou ao terceiro dia... Ele apareceu a Cefas, então para os doze. Depois disto, Ele apareceu para mais de quinhentos irmãos de uma vez; dos quais a maioria permanece até hoje." 1

Considere também estas quatro evidências:

1) O explosivo crescimento da igreja cristã

Algumas semanas após a crucificação, um movimento se levantou que, pela admissão posterior de seus inimigos, "virou o mundo de cabeça para baixo"2. Alguma coisa aconteceu que fez com que este movimento pegasse fogo, pouco tempo depois de seu líder ter sido executado. O que foi?

2) A vida transformada de seus discípulos

Depois da prisão e crucificação de Jesus, muitos dos discípulos ficaram apavorados. Pedro, por exemplo, negou a Cristo três vezes (duas vezes para duas servas!). E ainda, dez dos onze discípulos foram martirizados por sua fé. Pedro foi crucificado de cabeça para baixo. Tomé foi traspassado com uma espada, João foi fervido em óleo, mas sobreviveu. Alguma coisa tinha acontecido para revolucionar a vida desses homens. Cada um deles acreditava que tinha visto Cristo ressuscitado.

3) A tumba vazia

O corpo morto de Jesus foi removido da cruz, embrulhado em panos como uma múmia, coberto com 45 quilos de especiarias aromáticas e colocado na tumba 3. A tumba tinha sido escavada em uma rocha 4 e, aparentemente, continha só uma câmara 5. Uma pedra extremamente grande 6 foi rolada para uma cavidade na entrada da tumba 7. Alguns têm estimado, conservadoramente, o peso da pedra em de uma e meia a duas toneladas.

Uma unidade romana de soldados "boinas verdes" de elite foi colocada do lado de fora para guardar a tumba 8. A disciplina militar romana era tão rigorosa que a pena de morte frequentemente aguardava o soldado que abandonasse o seu posto ou falhasse em sua tarefa. Domingo de manhã, a pedra foi encontrada fora do lugar, o corpo tinha sumido, mas as roupas ainda estavam no local 10. O que aconteceu?

Alguns dizem que os amigos de Jesus roubaram o corpo. Isso significa que uma das mulheres conversou docemente com os guardas enquanto outras duas moviam a pedra e saiam a pé com o corpo, ou mais, que homens como Pedro (lembre-se de como ele era corajoso) e Tomé (como ele era facilmente convencido) dominaram os guardas, roubaram o corpo e fabricaram um mito.

Estas teorias dificilmente parecem plausíveis. A guarda também era poderosa, a pedra também era pesada, e os discípulos não tinham ainda experimentado o poder do Espírito Santo, também estavam fracos para tentar tal feito.

Outros dizem que os inimigos de Cristo roubaram o corpo. Mas se os romanos, ou os judeus tivessem o corpo, eles o teriam exibido publicamente e cristianismo teria morrido. Eles não o tinham e nem o exibiram. Também existe a "teoria do desmaio", que Cristo não morreu de verdade, mas estava apenas inconsciente. Os especialistas em execuções romanos simplesmente pensaram que Ele estava morto. Depois de poucos dias na tumba, sem comida, ou remédio, o ar frio o reanimou. Então, de acordo com esta teoria, ele se livrou dos 45 quilos de roupas, rolou a pedra com suas mãos perfuradas, assustou à luz do dia os soldados romanos, caminhou quilômetros com seus pés feridos e convenceu seus discípulos que ele havia ressuscitado. Nesta é a mais difícil de acreditar do que na própria ressurreição. Em outras palavras, se Jesus morreu, quem tem o corpo? Todo o que temos é uma tumba vazia.

4) A aparição de Cristo ressurreto

Por 40 dias após a sua morte, foi relatado que Cristo tinha sido visto vivo na terra. Alguns dizem que foram alucinações, mas os relatos mostram isto? Apenas certos tipos de pessoas altamente criativas têm tais experiências psíquicas. Mas, uma mulher, um obstinado coletor de impostos, vários pescadores e mais de 500 pessoas ao mesmo tempo declaravam que o tinham visto. Alucinações são muito individuais – compare isto com o fato de mais de 500 pessoas verem a mesma coisa ao mesmo tempo e lugar.

Dois outros fatos minam a idéia da alucinação. Tais imaginações são comumente fatos esperados, mas os discípulos tinham perdido as esperanças após a crucificação. Também fenômenos psíquicos geralmente ocorrem em ciclos, mas as aparições vieram sem um padrão determinado 11.

Tentativas de explicar as aparições chocam-se contra uma parede de tijolos feita de fatos. Os fatos apontam para uma conclusão: Cristo ressuscitou. Esta afirmação não constitui uma prova completa, mas, ao contrário, um exame racional da evidência. Cada um de nós deve considerar e avaliar a evidência para determinar a verdade da alegação da ressurreição. (Claro, a verdade ou falsidade da ressurreição é uma questão de fatos históricos e não depende da crença individual de alguém).

Se os fatos apóiam a alegação, então nós podemos concluir que Ele ressuscitou. De qualquer modo, o simples consentimento intelectual dos fatos não acrescenta nada à vida de uma pessoa. A maior evidência vem de receber a Cristo pessoalmente como Senhor e Salvador. Jesus disse: “Eis que estou à porta e bato, se alguém ouvir a minha voz e abrir a porta eu entrarei” 12.

Você gostaria de dar a Ele uma oportunidade?


Notas

1 1 Coríntios 15.3-6

2 Atos 17.6

3 João 19.38-40

4 Eusébio de Cesaréia, Teofania; citado por LATHAM, Henry. The Risen Master. Cambridge: Deighton, Bell, and Co., 1904. pp. 87, 77; citado por McDOWELL, Josh. Evidence that Demands a Verdict. San Bernardino, CA: Campus Crusade for Christ, Inc., 1972. p. 209;

5 Ibid.

6 Marcos 16.4

7 HOLLOMAN, Henry W. An exposition of the post resurrection appearances of our Lord. Tese não publicada de mestrado em teologia: Dallas Theological Seminary, May 1967), p. 38, citado por McDowell, op. cit., p. 216;

8 Mateus 27.65,66;

9 McDowell, op. cit., pp. 218-224;

10 Mateus 28.1-6, Marcos 16.1-6; Lucas 24.1-3; João 20.1-11;

11 ANDERSON, J.N.D. The Evidence for the Resurrection. Chicago: Inter-Varsity Press, 1968. pp.20-23;

13 Apocalipse 3.20

UM CONTO

“Ora, havia um homem rico, e vestia-se de púrpura e de linho finíssimo, e vivia todos os dias regalada e esplendidamente. Havia também um certo mendigo, chamado Lázaro, que jazia cheio de chagas à porta daquele; E desejava alimentar-se com as migalhas que caíam da mesa do rico; e os próprios cães vinham lamber-lhe as chagas. E aconteceu que o mendigo morreu, e foi levado pelos anjos para o seio de Abraão; e morreu também o rico, e foi sepultado. E no inferno, ergueu os olhos, estando em tormentos, e viu ao longe Abraão, e Lázaro no seu seio.

E, clamando, disse: Pai Abraão, tem misericórdia de mim, e manda a Lázaro, que molhe na água a ponta do seu dedo e me refresque a língua, porque estou atormentado nesta chama. Disse, porém, Abraão: Filho, lembra-te de que recebeste os teus bens em tua vida, e Lázaro somente males; e agora este é consolado e tu atormentado. E, além disso, está posto um grande abismo entre nós e vós, de sorte que os que quisessem passar daqui para vós não poderiam, nem tampouco os de lá passar para cá.


E disse ele: Rogo-te, pois, ó pai, que o mandes à casa de meu pai, 28 Pois tenho cinco irmãos; para que lhes dê testemunho, a fim de que não venham também para este lugar de tormento. 29 Disse-lhe Abraão: Têm Moisés e os profetas; ouçam-nos. 30 E disse ele: Não, pai Abraão; mas, se algum dentre os mortos fosse ter com eles, arrepender-se-iam. 31 Porém, Abraão lhe disse: Se não ouvem a Moisés e aos profetas, tampouco acreditarão, ainda que algum dos mortos ressuscite”.

Copyright © 1976 Rusty Wright e Linda Raney Wright.Todos os direitos reservados.


Sobre os Autores

Rusty Wright, conferencista e escritor associado a Probe Ministries, é um palestrante internacional, escritor premiado e jornalista que tem falado em seis continents. Ele tem um bacharelado em ciências (psicologia) e mestrado em teologia pelas universidades de Duke e Oxford, respectivamente. É possível entrar em contato com ele através do endereço RustyWright@aol.comThis e-mail address is being protected from spam bots, you need JavaScript enabled to view it

Linda Raney é uma autora premiada, escritora e conferencista. Graduada pela Universidade da Califórnia em Berkeley (AB, retórica), ela tem escrito para grandes revistas e tem aparecido em programas de entrevistas na televisão e dado palestras em universidades e cidades ao redor do mundo.

O Que é Probe?

Probe Ministries é um ministério sem fins lucrativos cuja missão é auxiliar a igreja na renovação da mente dos crentes com uma cosmovisão cristã e equipar a igreja para levar o mundo a Cristo. Probe cumpre essa missão através de nossas conferências Mind Games para jovens e adultos, do nosso programa de rádio diário de 3 1/2 minutos, e de nosso amplo web site: www.probe.org.

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