Por Rick Wade, traduzido por Allan Ribeiro
É importante em que acreditamos ou simplesmente que acreditemos? Um estudo lançado recentemente pelo Pew Forum on Religion and Public Life, sugere que a maioria das pessoas religiosas na América acha que em que eles acreditam não é tão importante (1).
De acordo com o relatório, oitenta e três por cento das pessoas que se identificaram com as principais igrejas protestantes acreditam que muitas religiões podem levar à vida eterna. Isso pode não ser uma surpresa para aqueles que estão familiarizados com as mudanças nas principais igrejas no último século.
Mas o que você diria se soubesse que cinqüenta e sete por cento das pessoas que se identificam como evangélicas acreditam que muitas religiões podem conduzir à vida eterna? Cinqüenta e sete por cento! Isso significa que a maioria dos evangélicos são o que chamamos de “pluralistas religiosos”. Está surpreso? Para piorar o nosso embaraço, os mórmons e Testemunhas-de-jeová têm convicções mais fortes de que suas crenças são verdadeiras do que os evangélicos.
Algumas descobertas na pesquisa foram de bagunçar cabeças. Por exemplo, treze por cento dos evangélicos pesquisados crêem que Deus é uma força impessoal. Pode ser um pouco tranqüilizador descobrir que os evangélicos não estão sós no mercado de “crenças confusas”. Seis por cento dos ateus pesquisados acreditam em um Deus pessoal, e doze por cento acreditam no céu! O que é que a gente faz com isso?
O que quer que isso possa significar precisamente, pelo menos significa que crenças específicas são propriedade do crente, não da religião em si. Fidelidade às crenças de religiões em particular (ou irreligião, no caso do ateísmo) significam muito menos hoje do que no passado. Eu posso me associar a um determinado grupo, mas retenho o direito de decidir por mim mesmo em que eu devo crer.
É compreensível em certo sentido, porque as pessoas pensam assim, inclusive os evangélicos. Esta mentalidade pluralista inspira nossa consciência social. Nós não devemos excluir pessoas de outras raças ou do outro gênero de todas as numerosas áreas da sociedade. Empresas são proibidas de discriminar com base em “raça, cor, nacionalidade, religião ou sexo” (2). Eu não estou argumentando contra nada disso. Eu estou simplesmente apontando para nossa mentalidade social que exige (ou ambiciona) nivelar as diferenças. A recusa em conceder status especial é aplicada às crenças religiosas também. Mas isto não significa que nós simplesmente toleramos pessoas de crenças diferentes, agora nós devemos ratificar suas crenças!
Além dessa mentalidade pluralista, hã o problema sério para os evangélicos que é a redução do ensino doutrinário nas igrejas. David Wells lamentou esta perda em seu livro de 1993, No Place for Truth, or, Whatever Happened to Evangelical Theology? Ele foi estimulado a escrever o livro depois que um aluno em sua cadeira de teologia no seminário perguntou a ele como ele poderia justificar gastar tanto dinheiro em uma disciplina que “era tão irrelevante para o seu desejo de ministrar para as pessoas na Igreja”. (3).
Um problema que algumas pessoas têm com uma forte preocupação com a doutrina é que ela tenderia a dividir os cristãos. Na medida em que nós nos segregamos de outros cristãos por causa de crenças não-essenciais, nós estamos errados. A unidade é muito importante. Mas em nenhum lugar nas Escrituras nós somos ensinados que a unidade deve ser preservada a qualquer preço, ao custo da verdade. Depois de exortar os efésios a se unirem no vínculo da paz, Paulo lista aquilo em que devemos estar unidos: um corpo, um Espírito, um Senhor, uma fé, um batismo, um Deus e Pai de todos (4.3-6). Nós não devemos ser unidos em torno da convicção que quando se trata de religião, é cada um na sua.
Outra razão para a relutância em insistir na integridade doutrinária é a mentalidade sobre a verdade. Este tema está sendo batido agora nas discussões sobre o que é chamado de “igreja emergente”. O desejo de transformar um modernismo superzeloso em sua confiante declaração de fé está se mostrando em alguns cristãos que se alinham com este movimento em uma diminuição da importância dos compromissos doutrinários. A tentativa de evitar tanto o absolutismo quanto o relativismo os têm feito andar em uma corda-bamba que muito facilmente levará a uma mentalidade pluralista.
O que significa desistir da importância de crenças doutrinárias específicas? Primeiro, e muito obviamente, nós temos abandonamos o cristianismo bíblico. Em 1 Coríntios 15, Paulo declara crenças específicas que são essenciais: “que Cristo morreu por nossos pecados conforme as Escrituras, que ele foi sepultado, que ele foi ressuscitado ao terceiro dia conforme as Escrituras” (versículos de
Segundo, nós devemos nos apegar firmemente aos ensinamentos históricos do cristianismo bíblico se quisermos ter qualquer coisa para oferecer ao mundo. Um dos resultados mais significativos da diluição das características do cristianismo é que, com o tempo, a freqüência nas principais igrejas diminuiu; elas não têm nada a oferecer que seja diferente do que as pessoas podem obter fora da igreja.
Wells aponta que “o grande pecado do Fundamentalismo é fazer concessões desonrosas; o grande pecado do evangelicalismo é ser estreito”. Considerando que os evangélicos uma vez se opuseram vigorosamente contra o declínio doutrinário do liberalismo, agora, diz Wells, “os evangélicos, não menos que os liberais antes deles, a quem eles haviam sempre repreendido, agora abandonaram a doutrina em favor da ‘vida’” (4). Nós estamos indo bem na arena da assistência social; nós estamos nos saindo muito mal em treinar nosso povo nas crenças básicas do cristianismo enquanto crenças que são verdadeiras para todas as pessoas em todas as épocas.
Wells aponta para as conseqüências da perda da convicção doutrinária. Primeiro é a simples perda da convicção. O que queremos dizer? Você já ouviu isso antes: Uma pessoa [ou igreja] que não quer dizer nada, cairá por qualquer coisa. Em segundo lugar está a perda do que deve ser alcançado quando estimulado por uma visão teológica. É ser legal e fazer do bem a substância de nossa ordem para marchar? Em terceiro está a perda de qualquer sentido realmente significativo do que “evangélico” quer dizer. Em quarto está a perda de unidade com o desmembramento de interesses individuais.
Se o cristianismo não tem a verdade sobre como se pode obter a vida eterna, ele não tem nada mais a oferecer do que uma experiência religiosa (qualquer que possa ser ela para um indivíduo qualquer). Ele perdeu toda a sua substância. Já que ele alega ser o único caminho para Deus, o que tem sido habilmente dito tantas vezes admite ser repetido: ou ele é verdade para todos, ou não é verdade de modo algum.
Notas
1. U.S. Religious Landscape Survey: Religious Beliefs and Practices: Diverse and Politically Relevant, June 2008; religions.pewforum.org
2. The U.S. Equal Employment Opportunity Commission, www.eeoc.gov/facts/qanda.html.
3. David Wells, No Place for Truth, or, Whatever Happened to Evangelical Theology? (Grand Rapids: Eerdmans, 1992), 4.
4. Ibid., 129, 131.
© 2008 Probe Ministries
Sobre o Autor
Rick Wade graduou-se no Moody Bible Institute com um bacharelado em comunicaçõess (transmissão por rádio) em1986. He graduou-se cum laude in 1990pela Trinity Evangelical Divinity School com um mestrado em pensamento cristão (teologia/filosofia da religão) onde seus estudos culminaram em uma tese sobre a apologética de Carl F.H. Henry. Ele está atualmente perto de completar um mestrado em humanidades pela University of Dallas. Os interesses de Rick concentram-se em apologética e cristianismo e cultura com interesse especial em temas de preocupação especial nestes dias "posmodernos" (tais como o pluralismo religioso e o problema da verdade). Antes de unir-se a Probe Ministries em fevereiro de 1997, Rick trabalhou na industria naval em Norfolk, VA. Rick e sua famíliaconstruíram seu lar em Garland, Texas.
O que é Probe?
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