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25 janeiro 2006

Equipando os Santos 9 - Ó, Israel!

Equipando os Santos
edição n° 9 - Teresina, 25/01/2005

Ó, Israel!


A revista Time, edição online, publicou há poucos dias uma nota dizendo que o presidente do Irã, o ultraconservador Mahmoud Ahmadinejad, e seus ministros assinaram um documento se comprometendo a trabalhar pelo retorno do Mahdi e para enviá-lo a Jamkaram. Todas as vertentes do Islã crêem em um salvador divino que virá no final dos tempos, em um período de caos cósmico, guerras e derramamento de sangue. Após um confronto cataclísmico com o Mal e as trevas, ele levará o mundo à paz mundial. O grupo dominante no Irã crê que este Mahdi será Mohamed ibn Hasan, tido como o 12° Imã, ou justo descendente do profeta Maomé. Diz-se que ele teria entrado em "oclusão" no século V, aos cinco anos de idade.

Esta crença afeta toda a política atual do Irã, especialmente contra Israel. É incrível a semelhança entre o que crê o Islã e os relatos bíblicos sobre a vinda do Anticristo. Estes já são bons motivos para estarmos bem informados acerca do que está acontecendo no Oriente Médio. Os dois artigos de hoje tratam do tema das eleições para o parlamento em Israel em março próximo. Eles são complementares. Um traz a visão de Chuck Missler, com um enfoque mais de acordo com os nossos interesses como cristãos. O outro é de um enviado da BBC Brasil ao Oriente Médio e tem um ponto de vista mais secular. É interessante comparar os dois.
Deus abençoe você!
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E Agora?
Traduzido da Newsletter de Chuck Missler de 10 de Janeiro de 2006
por Allan Ribeiro
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A não ser por um grande milagre, o primeiro-ministro de Israel, Ariel Sharon certamente não tornará à política. Sharon está neste momento emergindo de um coma induzido após sofrer um grave derrame. Ele tem mostrado sinais de melhora, mas ainda demorará muitos dias antes dos médicos poderem determinar a verdadeira extensão dos danos sofridos. As eleições de Israel devem ocorrer em março – eleições que Sharon quase certamente venceria. Israel e o mundo agora esperam para ver como um novo primeiro-ministro afetará as relações judaico-árabes e um potencial Estado palestino.

Um Novo Primeiro-Ministro

Em seu terceiro mandato, Ariel Sharon planejou desmontar assentamentos no lado ocidental e mapear as fronteiras de Israel que foram completamente separadas dos palestinos. O novo primeiro-ministro poderia mudar tudo isso. Espera-se que três candidatos principais concorram às eleições de março – o sucessor interino de Sharon, Ehud Olmert; o ex-primeiro-ministro Benjamim Netanyahu e o líder do partido trabalhista, Amir Peretz.

Ehud Olmert

Olmert irá certamente concorrer ao cargo de Sharon como candidate do partido Kadima. Sharon criou o Kadima dois meses atrás para romper com o bloco mais conservador em seu partido, o Likud. Olmert tem basicamente o mesmo programa de Sharon, mas sem a sua popularidade e jogo de cintura político. Ele pode não ser capaz de fazer os gestos políticos com a mão-de-ferro que Sharon teria.

Benjamin Netanyahu

Netanyahu é o maior oponente de Olmert, como um ex-primeiro-ministro que ainda é jovem e esperto. Netanyahu é conhecido por sua baixa tolerância ao terrorismo e por rejeitar políticas que ele crê que possam encorajar grupos terroristas (ele, por exemplo, criticou Sharon pela maneira como os assentamentos na Faixa de Gaza foram desmontados). Netanyahu pode ser considerado conservador demais para muitos israelenses, mas eles o conhecem e respeitam sua determinação.

Amir Peretz

O partido trabalhista permanece na lanterna, atrás de Netanyahu e Olmert. Enquanto a maioria dos israelenses gostariam de fazer o que for preciso para ter paz com os árabes, eles não têm confiança na Autoridade Palestina como interlocutor nas negociações. O desejo do partido trabalhista de oferecer terras em troca de paz não tem alcançado sucesso em trazer paz ou segurança a Israel (porque grandes grupos de árabes simplesmente querem o fim de Israel e ponto final).

O Futuro de Israel

Se Olmert vencer as eleições, ele continuará a separar os israelenses dos palestinos e irá lutar por um Estado palestino. O problema demográfico de Israel é talvez a motivação principal por trás deste programa de governo. As tendências populacionais indicam que os árabes irão ultrapassar o número de judeus em Israel em poucas décadas. Quando isso acontecer eles não precisarão mais de homens-bomba – eles destruirão Israel através do voto. Olmert, no entanto, pode não ser capaz de forçar a separação unilateral tão facilmente como fez Sharon.

Netanyahu pode levar adiante a separação, mas é muito menos provável que desmonte assentamentos. Ele relutará em expulsar as comunidades do lado ocidental de seus lares. De todos os candidatos, ele é aquele que irá insistir que o governo palestino cumpra com suas obrigações. Ele irá certamente recusar-se a oferecer concessões a não ser que a Autoridade Palestina trabalhe para impedir o terrorismo. Ele não se opõe a um Estado palestino, mas ele irá querer manter o máximo das atuais terras de Israel que for possível, no interesse da segurança quanto aos seus inimigos em redor.

O homem escolhido para substituir Ariel Sharon irá influenciar profundamente o futuro geopolítico de Israel e do Oriente Médio. Em última instância, o futuro está nas mãos de Deus. Ele tem um plano para a nação de Israel assim como Ele tem um plano para você e para mim. Nós cremos que não haverá paz verdadeira até que venha o Príncipe da Paz, mas isso pode não estar tão distante. No meio tempo, por favor, continuem a orar pela paz de Jerusalém, a menina-dos-olhos de Deus (Salmos 122.6, Zacarias 2.8-12).

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Mundo árabe ainda é o que preocupa Israel



Por Paulo Cabral
Enviado especial da BBC Brasil a Jerusalém
08:05 - 13/01/2006

Desde a fundação do Estado de Israel, em 1948, o país é definido pelo conflito com o mundo árabe que o rodeia e o esforço para sobreviver – ou se expandir, segundo muitos críticos - num ambiente hostil.

Quase 60 anos depois, ninguém discute aqui em Israel que as relações com os palestinos ainda são – e devem continuar a ser por algum tempo –o foco central da vida política israelense.
Mas, com o país enfrentando cada vez mais problemas econômicos e com o Estado de bem-estar social em grave crise, outros focos de preocupação - questões sócio-econômicas em especial – também começam a atrair cada vez mais atenção.

A vitória de Amir Peretz – um sindicalista quase sem ligações com questões de defesa – para a liderança do Partido Trabalhista no ano passado foi um sinal de alguma mudança neste foco de preocupação.

Analistas dizem também que a atração de muitos isarelenses para o centrismo representado pelo novo partido de Ariel Sharon, o Kadima, mostraria que cada vez mais a sociedade está adotando uma posição pragmática em relação aos palestinos.
Preocupações

Ou seja, para muita gente está chegando a hora de resolver a questão com os palestinos da maneira mais rápida possível – mesmo que por meio de concessões unilaterais, como a saída de Gaza – para que Israel possa se preocupar com outros problemas.

"Oxalá isso vai acontecer, porque muita gente quer assim. Mas por enquanto ainda é mesmo a segurança que domina a agenda em Israel", é a avaliação do diretor do departamento internacional do Partido Trabalhista, Abraham Atzamari.

A impressão de que o tema da segurança estava se tornando secundário, que surgiu com a vitória de Peretz, começou a se desfazer depois, com a gradual queda das intenções de voto para o trabalhista.

Segundo as últimas pesquisas eleitorais, os trabalhistas ganhariam – com o líder sindicalista Peretz a frente – 17 dos 120 assentos do Parlamento israelense nas eleições marcadas para 28 de março. Hoje os trabalhistas têm 19 assentos.

Mas continua à frente o centrista Kadima, com cerca de 40 cadeiras nas sondagens enquanto o Likud, que advoga uma política mais linha dura em relação aos palestinos e mal fala de outros assuntos, não passaria de 16.

Esquerda e direita

Uma das particularidades mais interessantes da política israelense é o uso dos termos "direita" e "esquerda". Ao contrário do que acontece em todo o resto do mundo, essa divisão em Israel não tem hoje relação com discordâncias em temas sócio-econômicos, mas sim no que diz respeito a negociações com palestinos.

O Kadima, por exemplo, é um partido de centro em temas de segurança, mas continua a estar em algum ponto entre o centro-direita e a direita nas questões econômicas e sociais.
Os partido religiosos – considerados de extrema-direita nas relações com árabes – têm posições favoráveis à participação do Estado na economia e na sociedade que os identificam com posições da esquerda ou mesmo extrema-esquerda mundial.

No caso dos Trabalhistas e do Likud a posição já é mais coincidente: os primeiros estão mais à esquerda e os últimos bem à direita tanto em temas sócio-econômicos quanto de segurança.

Pobreza

A mídia e a poulação isralenses estão cada vez mais preocupados com a pobreza, que fica cada vez mais evidente nas ruas das grandes cidade do país.

Em Jerusalém e Tel-Aviv já é comum ver pedintes e mendigos isralenses pelas ruas, uma cena pouco comum há não muitos anos, quando Israel ainda adotava um modelo de bem-estar social baseado na social-democracia européia.

Nos últimos anos, no entanto, o modelo vem sendo desmontado – e muitas estatais privatizadas – pelos governo de orientação sócio-econômica direitista que tem dominado a política israelense.
Muita gente que desaprova as políticas altamente neo-liberais defendidas pelo ex-ministro de Finanças de Ariel Sharon e atual líder do Likud, Benjamin Netanyahu, mas pode acabar votando no partido por considerá-lo o mais adequado para dar segurança à população.

Ao mesmo tempo, o trabalhista Peretz pode ter atraído muita gente com o discurso de distribuição de renda e justiça social, mas provoca receios nos eleitores pela pouca experiência em temas de segurança e a impressão de que tem uma visão demasiado esquerdista nas relações com os palestinos.

Enquanto a população isralense se sentir ameaçada – tanto por riscos reais como por aqueles que seriam exagerados nos discursos de políticos – será difícil que a escolha das liderança nacionais seja feita com base em muita coisa além da defesa.

Há pouco tempo, um sociólogo israelense me disse que é isso que tem que acontecer para que a política do país possa finalmente ser considerada "normal" e com base nos mesmos parâmetros usados no resto do mundo.

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