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28 maio 2006

Equipando os Santos 11 - Judas e Da Vinci

Equipando os Santos
edição n° 11 - Teresina, 28/05/2006

Judas e Da Vinci


Um colega da especialização contava o que lhe parecia uma divertida contradição. Ele ouviu um pastor renegando a ciência como inimiga da fé para, logo depois, lançar mão de argumentos baseados em fatos científicos para demonstrar a existência histórica de Jesus. Essa confusão infelizmente é muito comum entre os cristãos. Eu mesmo fui vítima dela durante uma época da minha vida.

A ciência não é inimiga da fé. Pelo contrário, a ciência é uma ferramenta que dá suporte à fé em um Deus racional. Disposições em contrário são baseadas em dois versículos que são mal-interpretados. O primeiro é João 20.29:

Disse-lhe Jesus [a Tomé]: Porque me viste, creste? Bem-aventurados os que não viram e creram..

Pareceria que Jesus está desqualificando os sentidos como instrumentos capazes de prover um conhecimento seguro e verdadeiro. Não se trata disso. Os versículos anteriores mostram como Jesus ofereceu uma demonstração empírica a Tomé ao mostrar e permitir que Suas feridas fossem tocadas. Na verdade o que o Mestre repreende no discípulo é a desconfiança no testemunho de pessoas idôneas (os outros discípulos) que haviam anteriormente estado com Ele. O testemunho de pessoas confiáveis faz parte do modus operandi científico. Ninguém precisa ferver a água novamente para saber que seu ponto de ebulição ocorre a 100° em condições normais. Cremos que outras pessoas fizeram esta experiência muitas vezes e que o resultado se confirmou. Isso garante que o conhecimento possa sempre avançar a partir de determinado ponto, ao invés de sempre ter que começar do zero.

O outro versículo está em Hebreus 11.1:

Ora, a fé é o firme fundamento das coisas que se esperam, e a prova das coisas que não se vêem.

O autor não está se referindo à coisas que não podem ser experimentadas empiricamente. A palavra fundamento no original grego - ὑπόστασις hupostasis – significa realidade, substância, existência e opõe-se àquilo que é irreal e ilusório (BARNES, Albert. Albert´s Barnes notes on the Bible. Eschalon Development Inc.). Deus não pode ser visto, mas Suas obras sim. Até o filósofo alemão Kant, afirmou que isto é suficiente para reconhecermos que Deus existe. A fé é fundamento (certeza do cumprimento) das promessas feitas por Cristo, apesar das circunstâncias, e testemunho (prova) para os não-cristãos de que Deus existe e que recompensa os que o buscam (Hebreus 11.6).

Os cristãos não podem abandonar a ciência ou ela será dominada por aqueles que professam a irracionalidade da fé. A ciência, orientada pelos princípios corretos, só trará benefícios a todos os que buscam a verdade. Além disso, é somente através da ciência que o homem pode cumprir o legado de Adão expresso em Gênesis 1.26,27:

Criou, pois, Deus o homem à sua imagem; à imagem de Deus o criou; homem e mulher os criou. Então Deus os abençoou e lhes disse: Frutificai e multiplicai-vos; enchei a terra e sujeitai-a; dominai sobre os peixes do mar, sobre as aves do céu e sobre todos os animais que se arrastam sobre a terra.

Achei que o filme "O Código Da Vinci" e o Evangelho de Judas fossem assunto encerrado (já que o filme foi muito mal-recebido pela crítica e a notícia sobre o "evangelho" não causou tanta celeuma. Mas, como as duas coisas ainda foram assunto da Veja e da Superinteressante esses dias, trago hoje a posição de Chuck Missler sobre ambas. A terceira e quarta partes do artigo sobre o Código da Vinci seguem na próxima edição.
Deus abençoe você!
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O Logro Da Vinci
por Chuck Missler, traduzido por Allan Ribeiro
Parte 1

Continuamos a receber muitas perguntas a respeito do romance popular, mas vergonhosamente blasfemo de Dan Brown, O Código Da Vinci. A despeito do fato desta ser uma obra de ficção, ela tem levantado muita confusão, especialmente entre os menos informados. Por causa de nosso texto amplamente distribuído, Cosmic Codes, muitos continuam a nos procurar em busca de respostas1.

Também entendemos que o diretor Ron Howard está trabalhando em um filme com a Columbia sobre o tema, então o livro ainda continuará a ser assunto para conversas. O Código Da Vinci tem desafiado muitos em sua compreensão dos textos bíblicos e na maneira de lidar com algumas das heresias maliciosas que foram misturadas a uma visão altamente falha da história – e lendas medievais que tem surgido ao longo dos séculos – acerca dos eventos descritos no livro.

A Trama

É fácil perceber porque este livro entrou em todas as listas de mais vendidos. É um suspense atraente, de ritmo alucinante, com uma mistura de sociedades secretas, assassinos misteriosos, intrigas envolvendo figuras históricas famosas e instituições controversas, tudo embrulhado em uma série de códigos secretos e charadas para se desvendar. E por trás de tudo, emerge a mais espantosa (e ultrajante) “teoria da conspiração” que alguém poderia ter imaginado.

A história começa com o assassinato do curador do museu mais famoso de Paris, quando ele deixa pistas enigmáticas em forma de códigos que o nosso herói, Robert Langdon, um especialista em simbologia oculta, e Sofie Neveu, uma criptóloga profissional, que se une a ele, devem resolver.

Muitas dessas pistas envolvem mensagens escondidas entre esboços e pinturas de Leonardo da Vinci, de quem o livro toma o nome emprestado.

À medida que a trama se desenvolve, nosso herói Langdon passa a ser visto como o principal suspeito do assassinato, e a urgência em decifrar a seqüência crescentemente complexa de códigos subseqüentes, charadas e pistas se intensifica. Os planos misteriosos de uma ordem secreta por trás dos Cavaleiros Templários e as intenções sinistras de agentes leais da Opus Dei, um braço oficial da Igreja Católica Romana, tecem uma trama de intriga e perigos rapidamente crescentes.

É uma viagem bastante provocante. Capítulos curtos e empolgantes – cada qual revelando um novo mistério ou uma guinada na trama – tornam este livro virtualmente impossível de largar. (No entanto, mesmo após 105 capítulos, os principais elementos da trama ainda não estão realmente solucionados).

A ficção de entretenimento tem capturado nossa imaginação desde os épicos de Homero, a Ilíada e a Odisséia, tantos séculos atrás. Somado a um entretenimento provocante, um romance histórico bem escrito é geralmente uma maneira agradavelmente açucarada de experimentar um vislumbre da história. Contudo, isto faz parecer que o fio da história da ficção está entrelaçado à trama de uma pesquisa histórica idônea.

O Problema

O que torna qualquer crítica ao livro de Dan Brown particularmente perturbadora é sua tentativa deliberada de passar a idéia de que ele está baseado em fatos. O leitor é imediatamente confrontado com uma página introdutória declarando que certas partes do livro são factuais. Sua última frase nesta página é, infelizmente, falsa, e é uma contribuição importante à confusão que cerca este blasfemo e vergonhoso desafio ao leitor não-iniciado.

Além de simplesmente distorcer a história para que se adeque aos seus propósitos e de confiar em documentos falsificados ou de origem questionada, o livro de levanta questões que provocam a reflexão acerca de tópicos fundamentais, inclusive:

• A credibilidade da Bíblia.
• A verdadeira natureza de Jesus.
• A origem das crenças cristãs.
• As realidades dentro da igreja primitiva.
• O papel dos “livros perdidos da Bíblia” e as muitas e espúrias tentativas heréticas de corromper os Evangelhos do primeiro século.

Estes tópicos não são incidentais no romance: eles são parte central do tema e constituem um ataque à pessoa de Jesus Cristo e à Sua igreja. Isto se tornou particularmente claro durante as entrevistas públicas de Dan Brown no [programa da televisão americana] ABC News Special e durante sua entrevista no Good Morning America. Suas intenções ficaram ali claramente deliberadas e direcionadas.

Felizmente a travessura espertamente elaborada de Dan Brown tem sido brutalmente assaltada por numerosos fatos reais e só pode sobreviver entre os desinformados. A popularidade do romance, contudo, pode abrir discussões significativas e construtivas acerca das fundações da fé cristã e a realidade de quem Jesus realmente é. Mas, como sempre, a pessoa precisa estar preparada.

A Premissa Oculta

O tema fundamental por trás de toda a cadeia de eventos é a infame heresia merovíngia: que Jesus e Maria Madalena teriam tido um filho que no fim teria resultado na linhagem dos reis merovíngios da França medieval e que ainda permanecem por trás das intrigas por toda a Europa dos dias de hoje.

Muito disto foi adaptado de um livro escrito por Michael Baigent, Richard Leigh e Henry Lincoln, Holy Blood, Holy Grail [Santo Sangue, Santo Gral], publicado em 1982, (o nome de um dos “especialistas” chave no romance de Brown, Leigh Teabing, é um anagrama envolvendo o nome de Leigh e Baigent).

Os misteriosos segredos envolvendo a fabulosa busca pelo “Santo Gral”, de acordo com as explicações do “especialista” encaixado no romance de Brown, não passam de referências codificadas a essa linhagem.

A Conexão da Vinci

Como um exemplo dos muitos “códigos” relacionados a da Vinci sugeridos no romance, dos quais o livro retira o nome, é a noção de que na famosa pintura A Última Ceia, a pessoa sentada à direita de Cristo não seria João (como geralmente se crê), mas uma mulher! E isto, claro, junto com outras características, é inventado para dar suporte à elevação de Maria Madalena a consorte de Cristo e Seu “braço direito”. A Mona Lisa e A Madona nas Pedras também participam nas elaboradas distorções de Brown para dar suporte ao seu conto.

O romance não se limita somente a objetos de arte clássica: há também vários “criptex”, o uso de códigos hebraicos chamados atbash, e variadas charadas e anagramas, etc. Não se pode negar a esperta exploração destes intrigantes artifícios no enredo para prender o leitor.

Mas, a despeito destes artifícios tão coloridos, e embora as numerosas refutações acadêmicas destruam facilmente as muitas alusões distorcidas e inventadas que são criadas para dar apoio à sedutora fábula de Brown, restam sérios assuntos fundamentais para perturbar qualquer leitor cuidadoso.

Algumas Questões Levantadas

• Quem foi na verdade Maria Madalena? Como sabemos que Jesus não foi casado?
• Por que confiamos em quatro Evangelhos e rejeitamos outros? Como e por que eles foram escolhidos?
• O que são os Evangelhos Gnósticos e por que eles – e os “livros perdidos da Bíblia” – foram rejeitados?
• Houve alguma conspiração editorial dentro da igreja primitiva?
• O priorado de Sião realmente existe? Qual é o seu propósito?
• Existe algum programa "Merovingio" por trás da “nova Europa”?

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Maria, Maria? Pelo Contrario, Eu Diria!
por Chuck Missler, traduzido por Allan Ribeiro
O Logro da Vinci. Parte 2


O romance popular, mas vergonhosamente blasfemo de Dan Brown, O Código Da Vinci, tem levantado muita confusão, especialmente entre os menos informados. Já que Ron Howard está planejando usa-lo como base para um filme com a Columbia no próximo verão americano, este livro continuará a ser assunto para conversas e continuará a desafiar muitos em sua compreensão dos textos bíblicos.

Recapitulação

A história começa com o assassinato do curador do museu mais famoso de Paris, no qual a vítima deixa pistas enigmáticas em forma de códigos que o nosso herói, Robert Langdon, um especialista em simbologia oculta, e Sofie Neveu, uma criptóloga profissional, que se une a ele, devem resolver. Muitas dessas pistas envolvem mensagens escondidas entre esboços e pinturas de Leonardo da Vinci, de quem o livro toma o nome emprestado.

À medida que a trama se desenvolve, Langdon passa a ser visto como o principal suspeito do assassinato, e a urgência em decifrar a seqüência crescentemente complexa de códigos subseqüentes, charadas e pistas se intensifica. Os planos misteriosos de uma ordem secreta por trás dos Cavaleiros Templários e as manobras sinistras de agentes leais da Opus Dei, um ostensivo braço oficial da Igreja Católica Romana, tecem uma trama de intriga e perigos rapidamente crescentes.

O que tem causado uma séria controvérsia entre leitores desinformados é que o que este trabalho de ficção tem apresentado como real constitui-se em um deliberado e blasfemo ataque ao cristianismo, à Bíblia e ao próprio Jesus Cristo.

O Priorado de Sião

O leitor do livro de Brown é imediatamente confrontado com uma página introdutória declarando: “FATO: O Priorado de Sião – uma sociedade secreta européia fundada em 1099 – é uma organização real. Em 1975 a Bibliothèque Nationale de Paris descobriu pergaminhos conhecidos como Les Dossiers Secrets, identificando numerosos membros do Priorado de Sião, incluindo Sir Isaac Newton, Botticelli, Victor Hugo, e Leonardo da Vinci...”.
Nesta apresentação introdutória, que coloca estes fatos como verdades fundamentadas, que tornam o romance de Brown mais que uma simples obra de ficção e tem causado confusão entre tantas pessoas.

Acontece que o “Priorado de Sião” foi organizado em 1956, com Pierre Plantard como seu Grão-Mestre, um anti-semita com fraude em sua ficha criminal. Esta história foi realmente “provada” por documentos ocultos que foram “descobertos” na Bibliothèque Nationale, em Paris.

Contudo eles foram plantados lá pelo próprio Pierre Plantard! Um de seus comparsas admitiu tê-lo ajudado na fabricação destes materiais, incluindo as árvores genealógicas e as listas de grão-mestres do Priorado. Esta farsa foi exposta em uma série de livros franceses e em um documentário da [rede inglesa de televisão] BBC em 1996.

A suposta membresia destes personagens famosos é, na verdade um golpe em suas respectivas memórias e reputações. E o alegado envolvimento de da Vinci é, claro, fundamental no enredo de Brown.

A suposta missão do “Priorado” é de proteger um profundo segredo, o qual, insistem eles, põe em risco a Igreja Cristã como a conhecemos: que Jesus Cristo foi casado com Maria Madalena e que uma filha dessa união teria ido secretamente para (o que é agora) à França e subseqüentemente isso teria dado origem à dinastia dos reis Merovíngios.

Os Cavaleiros Templários são apresentados como um braço militar do Priorado de Sião, encarregado de proteger a linhagem e os segredos que a acompanham. O “Santo Gral” (Graal, “taça” no francês antigo) é, assim, não o cálice lendário, mas um nome em código para esta linhagem (Sang Real, "Sangue Santo”).

Muitas distorções das lendas, fábulas e controvérsias acerca dos Cavaleiros Templários são exploradas para enfeitar o conto de Brown e para dar suporte ao mito blasfemo que promove, (as muitas declarações falsas e distorções relacionadas à esta irmandade estão além de nossos propósitos aqui e são incidentais aos muitos temas do livro de Brown).

Os Merovíngios

Os Merovíngios são uma dinastia de reis francos que vai dos séculos V ao VIII. De acordo com a tradição, eles descendiam de Merovech, chefe dos francos Salianos, cujo filho foi Childerico I e cujo neto foi Clóvis I, o fundador da monarquia franca, que morreu em 511 a.D. Eles são algumas vezes chamados de “a primeira raça de reis da França”.

A alegação de que eles teriam descendido da união de Jesus e Maria Madalena carece de qualquer evidência digna de crédito. No entanto, há quem alegue que sua linhagem liga muitas das principais famílias reais da Europa e crêem que nestas lendas pode estar por trás de parte do ativismo rumo à “nova Europa”, (estas fábulas foram popularizadas por um livro de Michael Baigent, Richard Leigh e Henry Lincoln, Holy Blood, Holy Grail [Santo Sangue, Santo Gral], publicado em 1982.

Opus Dei

Contrabalançando as intrigas do Priorado de Sião no romance de Brown estão as maquinações da Opus Dei. O “Prelado da Santa Cruz e Opus Dei” (“Obra de Deus”) foi fundado na Espanha em 1928 por um padre católico de 26 anos, Josemaria Escrivà, que morreu em 1975 e foi canonizado pelo papa João Paulo II em 2002. Esta organização ajuda seus 80.000 membros recrutados e doutrinados, e outros, a responder a um chamado santo por meio de uma rotina diária rigorosa, retiros, cursos e outras tarefas. Fabulosamente ricos e altamente secretos, no romance de Brown, os agentes do Priorado de Sião, são objeto de intrigas – até mesmo assassinatos – por parte de agentes da Opus Dei, pintados no livro como uma espécie de “máfia do Vaticano”, para os propósitos das tensões do enredo de Brown.

Madalena Malignizada

Uma enxurrada de livros tem sido publicada com o intuito de catalogar os inúmeros erros, distorções e fraudes deliberadas no livro de Brown. Mas a ofensa principal – entre muitas – é o seu proclamar a Heresia Madalena. Este é, claramente, o tema central.

Para aumentar a confusão, há mais de seis Marias nas Escrituras, que são geralmente confundidas:
  1. Maria, a mãe de Jesus (divinizada pelos católicos e virtualmente ignorada pelos protestantes)1;
  2. Maria, a mãe de João Marcos 2, proeminente na igreja de Jerusalém, parente de Barnabé 3,, e dona de uma casa enorme usada para reuniões 4;
  3. Maria de Betânia, irmã de Marta e Lázaro 5, em contraste com sua irmã por causa de sua devoção e lembrada por sua unção memorial 6 [também confundido com um evento parecido 7 na Galiléia, em casa de um fariseu, também conhecido como Simão; a localização, motivação e atmosfera ali parecem distintos daquela no episódio de Betânia].
  4. Maria, mãe de Tiago e José 8, parte do grupo de mulheres galiléias que apoiavam Jesus financeiramente 9 e estavam presentes à crucifixação, sepultamento e testemunharam a ressurreição.
  5. Maria de Roma. Tendo servido bem a Paulo e seu grupo em outra localidade, mudou-se para Roma 10;
e, é claro,

6. Maria Madalena, muito malignizada, tanto na reputação e, aqui, ironicamente, em uma calúnia blasfema. Ela foi identificada por sua cidade de origem, Magdala, no litoral noroeste do Mar da Galiléia. Jesus expulsou dela sete demônios 11 e ela era uma pessoa de posses e uma líder entre as mulheres.

Contudo, no ano 591 a.D., o papa Gregório, o Grande, pregou um sermão de páscoa no qual erroneamente declarou que a prostituta de Lucas 7 era a Maria Madalena de Lucas 8. Em 1969 o Vaticano corrigiu séculos de engano ao reconhecer que não havia base para a identificação dela como uma prostituta.

Maria Madalena é muito visível no relato do Evangelho: ela seguiu Jesus da Galiléia, ministrou [serviu] a Ele 12, observou a crucifixação de longe 13, ficou ao pé da cruz 14, localizou e vigiou a tumba 15, voltou cedo à tumba com especiarias 16, foi a primeira a ver o Senhor 17 ressurreto, e relatou a ressurreição aos discípulos.

Não há base nem mesmo para sugerir que Jesus foi casado, ou que Ele teve um “caso” com Maria Madalena. Esta própria noção demonstra que o autor não tem idéia de quem foi Jesus! Ou que Ele significou 18.

A Heresia Madalena

Lendas sobre Jesus e Maria Madalena começaram a aparecer no sul da França durante o século IX, algumas até mesmo relacionadas à deusa pagã Ísis, etc, ( Inclusive, estas foram acompanhadas de mitos sobre João Batista, cujo sucessor acreditou-se que pudesse ter sido o ilusionista gnóstico, Simon Magnus 19).

O romance de Brown tenta apoiar estas noções ultrajantes fazendo alusões aos Evangelhos Gnósticos, em particular o Evangelho de Felipe. Uma referência fragmentada e fora de contexto a um beijo – em que Jesus beija também seus outros discípulos – ainda que nada sugira sobre casamentos ou insinuações sexuais. Brown apóia-se em uma palavra do aramaico (embora o Evangelho de Felipe tenha sido escrito em copta) que ele afirma significar “esposa”. Acontece que a palavra é um empréstimo do grego koinonia, que significa companhia, como em companheirismo, etc.

O Evangelho de Felipe não traz qualquer referência que apóie nenhuma das alegações de Brown. Mas, mesmo que trouxesse, seria irrelevante, já que foi escrito mais de dois séculos após o período do Evangelho, sob um pseudônimo atribuído a alguém que ele não era. Nenhum intelectual de respeito pode levá-lo a sério como tendo qualquer mérito histórico.
Mas a confiança nos Evangelhos Gnósticos, e distorções pervertidas dos concílios da igreja primitiva, levantam sérias questões. O que nos faz confiar que nossa Bíblia é o que diz ser? Como sabemos? E esses tais livros “perdidos” da Bíblia?

Notas:

1. Cf. 2 João como uma carta pessoal de João a ela!
2. Atos 12.12.
3. Colossenses 4.10.
4. Atos 12.12; menção de servos, v.13.
5. João 11, 12.
6. João 12.3, Mateus 26.1-13; Marcos 14.3-9.
7. Lucas 7.36-50.
8. Mateus 27.56; 28.1; Marcos 15.40,47.
9. Marcos 15.40; Lucas 8.2,3.
10. Romanos 16.6.
11. Marcos 16.9; Lucas 8.2.
12. Mateus 27.56.
13. Marcos 15.40.
14. João 19.25.
15. Mateus 27.61.
16. Marcos 16.1, João 20.1.
17. Marcos 16.9.
18. Lucas 24.10, João 20.18.
19. Atos 8.9-25.

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O Evangelho de Judas
Por Chuck Missler, traduzido por Allan Ribeiro
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"Porque virá tempo em que não suportarão a sã doutrina; mas, tendo grande desejo de ouvir coisas agradáveis, ajuntarão para si mestres segundo os seus próprios desejos, e não só desviarão os ouvidos da verdade, mas se voltarão às fábulas." (2 Timóteo 4.3,4).

A edição de maio [de 2006] da revista National Geographic ainda nem chegou às bancas mas já ensejou um amplo debate. O artigo de capa [da edição de maio] descreve um manuscrito de 1.700 anos que alega contar a história dos últimos dias de Cristo a partir do ponto de vista do mais notório traidor de toda a História. Este assim chamado "Evangelho de Judas" contraria fortemente o relato bíblico e é somente um dos muitos evangelhos não-canônicos, geralmente chamados de "Evangelhos Gnósticos". Estudiosos concordam que nenhum desses textos contém informações historicamente confiáveis sobre a vida de Jesus e que eles foram todos provavelmente escritos no segundo século ou após. No entanto eles nos ajudam a aprender mais sobre falsos ensinamentos que os primeiros líderes da igreja, como os que o apóstolo Paulo combateu no livro de Colossenses e em outros.

O gnosticismo é um sistema de crenças falsas que existiu durante os primeiros séculos da cristandade. Seu nome deriva da palavra grega para conhecimento, gnosis. Os gnósticos criam que o conhecimento era o caminho para a salvação. Por este motivo, o gnosticismo foi condenado como falso e herético por muitos escritores do Novo Testamento. Os gnósticos eram formados por vários grupos, de intelectuais ascetas a charlatães licenciosos.

Fontes

Nosso conhecimento do gnosticismo vem de diversas fontes. Primeiro existem os textos gnósticos que são conhecidos como o Novo Testamento Apócrifo. Estes textos não são reconhecidos como parte das Escrituras porque eles contêm ensinos que divergem daqueles da Bíblia. Depois existem refutações aos gnósticos feitas pelos primeiros patriarcas da igreja. Alguns dos mais importantes são Irineu, Contra as Heresias; Hipólito, Refutações a Todas as Heresias; Epifânio, Panarion; e Tertuliano, Contra Marcião.

Uma terceira fonte sobre o gnosticismo é o próprio Novo Testamento. Muitos ensinamentos gnósticos foram condenados pelos escritores do Novo Testamento. Paulo enfatizou uma sabedoria e conhecimento que vem de Deus e não preocupa-se com vãs especulações, fábulas e lassidão moral (Colossenses 2.8-23; 1 Timóteo 1.4; 2 Timóteo 2.16-19; Tito 1.10-16). João, tanto em seu evangelho quanto nas epístolas, combateu ensinamentos heréticos, os quais, em um sentido mais amplo, podem ser considerados gnósticos.

Evangelhos Gnósticos

Um grande número de documentos espúrios emergiu durante os séculos seguintes ao ministério dos apóstolos e foi universalmente rejeitado pela igreja primitiva. Cópias de um grupo deles foram encontradas em Nag Hammadi no Egito, datando do terceiro e quarto séculos. Estas incluem o Evangelho de Tomás, o Evangelho de Filipe, o Evangelho de Maria, o Evangelho da Verdade e cerca de quatro dúzias de outros.

Não se trata de modo algum de "evangelhos", mas de opiniões especulativas, totalmente vazias de qualquer fato verificável. Além do mais, eles foram escritos sob falsos pseudônimos, em uma tentativa de conseguir legitimidade. A igreja primitiva rejeitou qualquer documento sob pseudônimos, considerando-os inconsistentes com o conceito de inspiração por Deus. Por fim todos eles foram escritos séculos depois do período do Evangelho – em contraste com os relatos das testemunhas contemporâneas no Novo Testamento.

Falsos Ensinamentos

O comportamento ético entre os gnósticos variava consideravelmente. Alguns buscavam separar-se de toda matéria maligna para evitar contaminação. Paulo poderia estar se opondo a esta visão em 1 Timóteo 4.1-5. Para outros gnósticos, a vida ética tomava a forma de libertinismo. Para estes o conhecimento significava liberdade para participar de toda forma de indulgências. Muitos raciocinavam que já que eles haviam recebido conhecimento divino e eram verdadeiramente informados de sua natureza divina, não importava como eles viviam. Tal atitude é uma divergência do Evangelho. Paulo, em várias ocasiões, lembrou os seus leitores de que eles eram salvos do pecado para a santidade. Eles não deveriam ter uma atitude de indiferença com relação à lei. Eles haviam morrido para o pecado quando em seus batismos em Cristo (Romanos 6.1-11) e assim deveriam andar em "novidade de vida". João lembrou os cristãos que uma vez que eles haviam sido salvos eles não deveriam mais continuar a viver em pecado (1 João 3.4-10).

Estes ensinamentos gnósticos também tinham um efeito disruptivo sobre a comunhão na igreja. Aqueles que eram "iluminados" achavam-se superiores àqueles que não tinham tal conhecimento. Divisões eclodiam entre os espirituais e os carnais. Tal atitude de superioridade é severamente condenada no Novo Testamento. Os cristãos são "um corpo" (1 Coríntios 12) que devem amar uns aos outros (1 Coríntios 13; 1 João). Dons espirituais são para a comunidade dos crentes, ao invés de para uso pessoal; eles deveriam promover humildade ao invés de orgulho (1 Coríntios 12-14; Efésios 4.11-16).

"Tendo cuidado para que ninguém vos faça presa sua, por meio de filosofias e vãs sutilezas, segundo a tradição dos homens, segundo os rudimentos do mundo, e não segundo Cristo; (Colossenses 2.8)".

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