Equipando os Santos
Edição nº18 - Teresina, 06/11/2006
A Batalha Pela Bíblia
Edição nº18 - Teresina, 06/11/2006
A Batalha Pela Bíblia
Em fins de 2001, li um livro chamado The Battle For the Bible [A Batalha Pela Bíblia] (LINDSELL, Harold. The battle for the Bible. Grand Rapids: Zondervan, 1977.)*. Embora fosse um livro antigo, eu nunca tinha ouvido falar do que ele tratava. Acredito que a maioria dos cristãos no Brasil também não. Estou falando da Batalha pela Bíblia.
Ela começou nos Estados Unidos por volta do início do século XX e dominou as atenções de líderes cristãos e acadêmicos estudiosos da Bíblia em grande parte do mundo por quase cem anos. Quando o livro foi escrito, a Batalha ainda estava indefinida e então eu tive que perguntar a alguns americanos em missão no Brasil quem havia finalmente vencido.
Havia basicamente dois lados no conflito. Resumindo grosseiramente, os liberais defendiam que a Bíblia não deveria ser tomada "ao pé-da-letra" porque havia sido escrita por homens falíveis e continha erros e contradições. Milagres e outras manifestações de poder sobrenatural deveriam ser entendidos como analogias, metáforas e outras figuras de linguagem, não devendo nunca ser considerados como fatos. Os conservadores defendiam a inerrância do texto bíblico e a inspiração divina.
Um professor meu da especialização, recém-chegado de São Paulo, ensinando sobre Espinosa, contou que no seu tempo de estudante teve uma aula com um professor que era pesquisador do Vaticano. Era um frei dominicano, homem de vasta cultura e que dominava dezoito línguas (algumas delas mortas). Ele mostrou muitas cópias de manuscritos bíblicos na sala e falou sobre o milagre em que Jesus anda sobre a água do Mar da Galiléia.
Ele disse que água em hebraico tem o sentido de problemas, confusão. Ao ouvir a história de Jesus, Lucas, que falava grego, teria tentado traduzir a parte que relatava como Jesus havia passado por cima dos problemas (pisado na água) para o seu idioma. A tradução não teria levado em conta a metáfora e foi tomada literalmente pelos leitores do Evangelho em grego pelos séculos que viriam.
O nó dessa história é que ela foi construída para justificar uma visão de mundo (quando os fatos é que deveriam ser usados para embasar uma cosmovisão). Nela Deus não interfere na História, Jesus era pouco mais que um sábio judeu capaz de contar belas e edificantes parábolas e não existe nada além do nosso mundo físico. O céu e o inferno são aqui mesmo e tudo pode ser explicado materialisticamente.
Confrontei o meu professor mostrando as falhas no argumento do tal frei. Ele se justificou dizendo que tinha acreditado naquilo porque a sua turma era formada de jovens marxistas e que a versão que eles estavam ouvindo ia de encontro ao que já acreditavam; porque era surpreendente e porque vinha de uma "autoridade" no assunto.
As pessoas que consultei me garantiram que a Batalha havia terminado (nos Estados Unidos) e que os seminários e universidades teológicas conservadoras de lá não estavam mais contaminados pelas idéias liberais. Mesmo assim, creio que a guerra continua e precisamos estar atentos.
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Nesta edição
1. Acaso ou Design Inteligente, a última parte da tetralogia de James Choury,.
2. Verdade, Mentiras e a BBC, um artigo de Chuck Missler,.
3. Discernimento Cristão, ética, lógica e princípios cristãos.
4. Jesus Fez Milagres Mesmo? Veja a quantas anda a guerra entre liberais e conservadores pela Bíblia.
5. O Conselho dos Direitos Islâmicos. Reportagem da Veja desta semana que só confirma o que já havíamos dito em Israel Pode Confiar na Onu?, na edição nº15 e em O Conflito Israel x Palestina em Números, na edição nº16.
- *Não perca o texto fantástico a respeito de Lindsel neste link.
- *Leia também o comentário de Manoel José de Miranda Filho neste link.
Allan Ribeiro
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Acaso ou Design Inteligente? (Parte 4)
Por James Andrew Choury, servindo junto a WorldVenture no norte do Brasil
Traduzido por Allan Ribeiro
Por James Andrew Choury, servindo junto a WorldVenture no norte do Brasil
Traduzido por Allan Ribeiro
[English]
Uma falsa concepção comum acerca das probabilidades é que tempo suficiente faz até mesmo os eventos mais improváveis se tornarem quase certos. Esta falsa concepção pode ser resultado da confusão de dois tipos deferentes de circunstâncias. Tais circunstâncias são conhecidas como eventos independentes e dependentes. Para ilustrar esta diferença podemos usar moedas e cartas, já que isto torna possível cálculos matemáticos bem simples.
Dois eventos são independentes quando o resultado de um não tem absolutamente efeito no outro. Lançar uma moeda duas vezes ou lançar duas moedas ao mesmo tempo são eventos independentes. Puxar uma carta de um monte e devolvê-la e embaralhar o maço e então puxar uma segunda carta, são dois eventos independentes. As chances permanecem inalteradas quando lidamos com eventos independentes. Por exemplo, as chances de obtermos uma coroa ou qualquer das faces de uma moeda qualquer são de 50%. Se eu tivesse lançado uma moeda três vezes e nunca tivesse obtido uma coroa, as chances de, no quarto arremesso, conseguir uma coroa ainda são de 50%. Este é um exemplo simples de como nossa tendência natural é de pensar que as chances melhoram quando de fato isso não acontece.
Contudo, puxar uma carta de um baralho e não devolvê-la definitivamente afeta as chances em uma próxima vez que puxamos uma carta. O maço foi modificado! Este é um exemplo de eventos dependentes.
As chances de puxar uma carta de espadas de um maço na primeira tentativa são de 13/52 ou 0,25000 ou 25%. Se a primeira carta não for de espadas e a carta não for devolvida ao baralho, a chances de se puxar uma carta de espadas na segunda tentativa são de 13/51, ou 0,25490 ou 25.4%. Perceba que as chances melhoraram. Depois de puxar 8 cartas e ainda não tiver tirado uma de espadas e nem ter devolvido qualquer carta, as chances de puxar uma de espadas na nona carta seriam de 13/44, ou 0.29545 ou 29.5%. Se nenhuma carta de espadas for puxada em 39 tentativas e as cartas não tiverem sido repostas, então as chances de se puxar uma de espadas na 40ª puxada seriam de 13/13 ou 1.000 ou 100% porque neste ponto só haveria cartas de espadas no maço e puxar uma delas seria uma certeza.
Um exemplo pode ser a idéia de que a vida se originou quando raios atingiram uma poça com lodo dentro (raramente se discute a questão de onde o lodo teria vindo). Os raios atingem a poça. As chances de a vida ter se formado desta maneira são altamente improváveis e neste caso nada acontece (falando nisso, é muito mais provável que qualquer vida "incipiente" seja extinta desta maneira do que produzida). Mas algum tempo depois, outra poça de lodo é atingida por raios. De novo, nada acontece, mas, algum tempo depois outra poça com lodo é atingida por raios, etc. Estes são claramente eventos independentes e as chances nunca aumentam. Ainda assim somos tentados a achar que em bilhões de anos isso poderia eventualmente acontecer. Se houver tempo o suficiente isso se torna uma certeza. Na verdade, a probabilidade nunca melhora (talvez as chances melhorassem se os raios caíssem na mesma poça de lodo muita vezes, mas isso só torna tudo ainda mais improvável).
Ao discutirmos assuntos relacionados à probabilidade, devemos lembrar que se os eventos são independentes, as chances não aumentam com o tempo.
Aqui está um exemplo menos controverso para ilustrar o ponto. Vamos imaginar uma grande bandeja com 50 moedas em cima. As chances de todas as moedas estarem com as "coroas" para cima por acaso são de 1/250 ou 8,88 à 16ª potência negativa. Só existe uma chance de todas as moedas estarem com as coroas para cima. Existem 1.125.899.907.000.000 chances delas estarem não todas coroas. Se a bandeja fosse "golpeada" a cada segundo, permitindo que as moedas voassem pelo ar e caissem novamente na bandeja, elas nunca iriam "por acaso" cair todas com as coroas para cima porque as chances nunca melhoram.
As chances em cada bandeja ainda seriam de 8,88 à 16ª potência negativa contra. É sempre mais provável que pelo menos uma moeda seja "rebelde" contra nossos desejos e insista em cair com a cara para cima.
Nas discussões sobre a origem do universo e da vida somos geralmente encorajados a pensar que se tivermos tempo o suficiente isso teria que acontecer simplesmente por acaso. Compreender a diferença entre eventos dependentes e independentes nos ajuda a ver o erro deste modo de pensar. O ponto é que as chances nunca melhoram, não importa quanto tempo se tenha.
Neste breve estudo de lógica e probabilidades de quatro partes, vimos que o debate acerca da origem da vida e do universo muito naturalmente e por necessidade cai em dois campos: acaso ou design inteligente. A Lei do Terceiro Excluído força os debates a entrar nestas duas opções mutuamente excludentes. Também temos visto através de nossa rápida lição de probabilística que eventos casados, complexos, inter-relacionados e altamente improváveis são extremamente improváveis, beirando o impossível. Estas realidades lógicas e matemáticas deveriam levar um inquiridor imparcial a concluir que o universo e a própria vida vieram a existir através de design inteligente.
Por que então tantos se apegam tão tenazmente à explicação do "por acaso" para a origem do universo e da vida? Um razão pode ser que a Lei do Terceiro Excluído, combinada com a rejeição do conceito de um designer. Lembre-se, se não tiver sido por acaso, então tem que ter sido por "não acaso". Mas "não acaso" equivaleria a dizer design e isto significa design inteligente. Tem-se que aceitar o design inteligente ou insistir que tudo o que existe e a própria vida aconteceram por acaso. Aqueles com um compromisso filosófico que exclui o design ficam com o acaso como a única escolha lógica disponível. O problema reside é que geralmente esta pressuposição filosófica é tida como ciência e é proclamada como ciência. As verdadeiras evidências científicas e lógicas estão do lado do design inteligente.
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Verdade, Mentiras e a BBC
Da Newsletter de 24 de outubro de 2006 de Chuck Missler,
Traduzido por Allan Ribeiro
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Da Newsletter de 24 de outubro de 2006 de Chuck Missler,
Traduzido por Allan Ribeiro
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[English]
"Há um reconhecimento geral de que temos ido longe demais na direção do politicamente correto. Infelizmente muito disto está tão profundamente entranhado na cultura da BBC, que é muito difícil mudar." – Comentário feito por um executivo sênior da BBC.
Executivos da British Broadcasting Corporation foram finalmente forçados a admitir o que a maioria de nós já sabia há anos – que a cobertura [jornalística] da BBC de assuntos religiosos e políticos é inerentemente parcial. Um memorando que vazou para a mídia, revelou os detalhes de uma reunião realizada recentemente sobre "imparcialidade", com a participação de figurões da BBC. Os executivos admitiram que a BBC é responsável por promover ideais de esquerda e um sentimento anticristão.
A BBC não é imparcial ou neutra. De acordo com reportagens, "A maioria dos executivos admitiu que a apresentação da empresa [BBC] sobre homossexuais e minorias étnicas era parcial e desproporcional, e que elas pesavam a mão na correção política, na promoção pública do multiculturalismo e do anti-americanismo." Os executivos da BBC também admitiram que eles divulgariam imagens de uma Bíblia sendo jogada fora, mas que não fariam a mesma coisa com o Corão. Isto devido ao "medo de ofender a comunidade islâmica da Grã-Bretanha.".
A BBC é a maior rede de TV do mundo. É também financiada por fundos públicos – quase 80 por cento dos fundos da BBC vêm das taxas de licença de televisão. No Reino Unido o custo de uma licença de televisão é de £131.50 por casa ao ano (isso é aproximadamente R$ 514,00). Esse dinheiro vai diretamente para a BBC, permitindo que a empresa preste um serviço público de transmissão que (de acordo com o seu site) é "independente, imparcial e honesto".
Imparcial e Honesto?
A BBC geralmente transmite uma visão distorcida da guerra contra o terrorismo. A cobertura da BBC dos ataques terroristas em Londres é um bom, (embora não o único) exemplo. Nas horas e dias que se seguiram à sua publicação inicial, a BBC removeu as palavras "terrorista" e "terrorismo" de vários artigos em seu site, optando ao invés, por uma terminologia mais politicamente correta.
Talvez a falha mais conspícua da BBC tenha sido seu relato parcial do conflito entre Israel e palestinos. Em 2002, a BBC levou ao ar um agora [reconhecidamente] infame perfil de Yasser Arafat em que o chamava de "herói" e de "um ícone" e conclua que o corrupto líder palestino tinha o "estofo das lendas". Israel tem reclamado com freqüência contra as reportagens unilaterais da BBC. Por um período de sete meses em 2003, oficiais Israelenses boicotaram os programas de notícias da BBC, recusando-se a dar entrevistas e excluindo os repórteres da BBC das reuniões [com a imprensa]. O boicote terminou depois que a BBC indicou uma comissão para supervisionar sua cobertura no oriente médio e para garantir que ela seria imparcial. No entanto, em meses mais recentes tem havido pedidos ao governo [israelense] para que reinstitua o boicote, em grande medida devido à cobertura da BBC à recente guerra no Líbano.
Em abril de 2006 um relatório foi divulgado sobre a imparcialidade da diretória geral da BBC e, sem surpresa alguma, este concluía que havia "pouca coisa que sugerisse parcialidade sistemática ou deliberada". No entanto, o período de tempo analisado foi de agosto de 2005, a época da retirada de Israel da Faixa de Gaza, a janeiro de 2006, quando Ariel Sharon teve um derrame. Durante este período de tempo as circunstâncias determinaram que Israel deveria receber uma cobertura mais solidária. Além disso, o relatório excluiu tanto o BBC World Service quanto o canal de TV internacional BBC World [que fazem uma cobertura de eventos internacionais para o resto do mundo].
A despeito desses fatores, o relatório ainda descobriu que haviam "falhas identificáveis" nas reportagens da BBC. Além do mais, o relatório concluiu que a BBC "não dá consistentemente um relato justo e completo do conflito. Algumas vezes o quadro é incompleto e, nesse sentido, enganoso". Ainda assim, o espectador médio pouco provavelmente percebe, a não ser, claro, que tenha feito o seu dever de casa e que esteja familiarizado com os vários aspectos geopolíticos do conflito. De acordo com o relatório, "As evidências mostram que a maioria dos espectadores e ouvintes, pelo menos no Reino Unido, considera que a BBC seja imparcial. Mas eles dizem que não entendem o conflito e, talvez por essa razão, não o entendam como importante ou interessante. Dado quão pouca história ou contexto é rotineiramente oferecido, é fácil entender a sua confusão...".
O Que Eles Estão Escondendo?
Muitos outros relatórios têm sido preparados nos últimos anos sobre o tema da cobertura da BBC ao conflito entre Israel e palestinos. No entanto, a BBC tem se recusado a divulgar os resultados desses relatórios para o público. Ano passado um pedido foi feito sob o patrocínio da lei britânica de liberdade de informação para que fossem liberados os resultados desses relatórios, mas a BBC negou o pedido. Um processo foi então impetrado contra a BBC. Argumentou-se que desde que a BBC é mantida com dinheiro público, os contribuintes têm o direito de saber se a BBc está sendo justa em suas reportagens. Os tribunais estabeleceram desde então que a BBc deveria tornar os relatórios disponíveis ao público, mas a BBC ainda não acedeu e decidiu apelar da decisão na Suprema Corte britânica.
Discernindo a Verdade
Enquanto somos confrontados com uma crescente barragem de informações, é importante manter em mente que a mídia tem seus próprios interesses e se orgulha de sua capacidade de formar a opinião pública ao invés de informar. Assim, o que podemos fazer a respeito? Como podemos encontrar a verdade?
Sempre tenha em mente o princípio fundamental encontrado em Atos 17.11. Não acredite em tudo o que você ouve, faça o seu dever de casa. Leia e ouça cuidadosamente, buscando diferenciar os fatos das opiniões. Não existe isso de uma fonte de informações verdadeiramente imparcial. Assim, é importante prestar atenção aos detalhes, checar fatos e confiar no Espírito Santo para ter discernimento.
Chuck Missler é o fundador da Koinonia House (K-House).
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Introdução
Ligue a televisão ou abra um jornal. Você será imediatamente apresentado a uma miríade de problemas éticos. Diariamente somos confrontados com escolhas éticas e de complexidade moral. A sociedade está imersa em assuntos controversos: aborto, eutanásia, clonagem, racismo, abuso de drogas, homossexualismo, jogatina, pornografia e pena capital. A vida pode ter sido mais simples em outros tempos, mas agora, o avanço da tecnologia e o declínio de um consenso ético nos trouxeram a uma sociedade cheia de dilemas morais.
Nunca a sociedade precisou de perspectivas bíblicas mais do que agora para avaliar os temas morais contemporâneos. Ainda assim os cristãos parecem menos equipados para tratar desses assuntos de uma perspectiva bíblica. O Barna Research Group conduziu uma pesquisa nacional com adultos e concluiu que somente quatro por cento tem uma cosmovisão bíblica como base para a sua tomada de decisões. A pesquisa também descobriu que nove por cento dos cristãos nascidos de novo têm tal perspectiva na vida 1.
É importante notar que o que George Barna define como uma cosmovisão cristã seria considerado pela maioria das pessoas como doutrina cristã básica. Isso não inclui nem mesmo aspectos de uma perspectiva bíblica em assuntos políticos e sociais.
De preocupação ainda maior é o fato de que a maioria dos cristãos não baseia suas crenças em um alicerce moral absoluto. A ética bíblica assenta-se na crença de uma verdade absoluta. Ainda assim, as pesquisas mostram que uma minoria de adultos nascidos de novo (quarenta e quatro por cento) e uma proporção ainda menor de adolescentes nascidos de novo (novo por cento) estão certos da existência de verdades morais absolutas 2. Por uma margem de três para um, adultos dizem que a verdade é sempre relativa à pessoa e à sua situação. Esta perspectiva é ainda mais desigual entre adolescentes que predominantemente crêem que a verdade moral depende das circunstâncias 3.
Cientistas sociais e também especialistas em opinião têm alertado que a sociedade americana está se tornando cada vez mais dominada pela anarquia moral. Escrevendo no início dos anos 90, James Patterson e Peter Kim disseram em The Day America Told the Truth [O Dia em Que a América Disse a Verdade], que não havia autoridade moral na América. "Escolhemos que leis de Deus acreditaremos. Não há absolutamente um consenso moral neste país do jeito que havia nos anos 50, quando nossas instituições exigiam mais respeito" 4. Essencialmente vivemos em um mundo de anarquia moral.
Então, como começamos a aplicar a cosmovisão cristã aos complexos temas sociais e políticos de nossos dias? E como evitamos de sermos levados pela última moda ou tendência cultural que sopra com o vento? A seguir, alguns princípios a aplicar e algumas armadilhas perigosas a evitar.
Princípios Bíblicos
Um princípio bíblico chave que se aplica à área da bioética é a santidade da vida humana. Versículos como Salmos 139.3-16, mostram que o cuidado e a preocupação de Deus estendem-se ao útero.
Outros versículos como Jeremias 1.5, Juízes 13.7-8, Salmos 51.5 e Êxodo 21.22-25 dão uma perspectiva e estrutura a este princípio. Estes princípios podem ser aplicados a assuntos que variem do aborto às pesquisas com células-tronco e ao infanticídio.
Um princípio bíblico relacionado envolve a igualdade dos seres humanos. A Bíblia ensina que Deus fez "de um sangue todas as nações de homens" (Atos 17.26). A Bíblia também ensina que é errado para um cristão ter sentimentos de superioridade (Filipenses 2). Os crentes são exortados a não fazer distinção de classes entre varias pessoas (Tiago 2). Paulo prega a igualdade espiritual de todas as pessoas em Cristo (Gálatas 3.28; Colossenses 3.11). Estes princípios aplicam-se a relações raciais e à nossa visão de governo.
Um terceiro princípio é uma perspectiva cristã sobre o casamento. O casamento é plano de Deus e provê associação íntima por toda a vida (Gênesis 2.18). O casamento provê um contexto para a procriação e criação dos filhos (Efésios 6.1-2). E finalmente, o casamento provê uma vazão pura para o desejo sexual (1 Coríntios 7.2). Estes princípios podem ser aplicados a assuntos tão diversos quanto a reprodução artificial (o que geralmente envolve uma terceira parte na gravidez) e a coabitação (viver juntos).
Outro princípio bíblico envolve a ética sexual. A Bíblia ensina que o sexo deve estar dentro dos limites do casamento, quando um homem e uma mulher tornam-se uma carne (Efésios 5.31). Paulo ensina que devemos "evitar a imoralidade sexual" e aprender a controlar o nosso próprio corpo de uma maneira que seja "em santidade e honra" (1 Tessalonicense 4.3-5). Estes princípios aplicam-se a assuntos como sexo antes do casamento, adultério e homossexualidade.
Um último princípio governa a nossa obediência à autoridade civil. Todo governo é determinado por Deus (Romanos 13.1-7). Devemos prestar serviço e obediência ao governo (Mateus 22.21) e nos submetermos à autoridade civil (1 Pedro 2.13-17). Mesmo que devamos obedecer ao governo, há certas ocasiões em que devemos ser forçados a obedecer a Deus ao invés de aos homens (Atos 5.29). Estes princípios devem ser aplicados a assuntos como a guerra, desobediência civil e governo.
Discernimento Bíblico
Então como sabemos o que é verdadeiro ou falso? Este é um problema difícil em um mundo imerso em informação. Isso ressalta a necessidade dos cristãos de desenvolver discernimento. Este é um mundo que aparece muito frequentemente na Bíblia (1 Samuel 25.32-33; 1 Reis 3.10-11; 4.29; Salmos 119.66; Provérbios 2.3; Daniel 2.14; Filipenses 1.9 [NASB – New American Standard Bible]). E com tantos fatos, declarações e opiniões sendo discutidas, todos precisamos ser capazes de separar o que é verdadeiro e o que é falso.
Colossenses 2.8 diz, "Tendo cuidado para que ninguém vos faça presa sua, por meio de filosofias e vãs sutilezas, segundo a tradição dos homens, segundo os rudimentos do mundo, e não segundo Cristo;". Precisamos desenvolver o discernimento para que não sejamos capturados por falsas idéias. Aqui vão algumas coisas que devemos vigiar.
1. Ambigüidade – o uso de termos vagos. Alguém pode começar pelo uso de um vocabulário que achamos que entendemos e então dar uma guinada e apresentar um novo sentido. A maioria de nós está consciente do fato de que as seitas religiosas são frequentemente culpadas disso. Um membro de uma seita pode dizer que crê na salvação pela graça. Mas o que ele realmente quer dizer é que você tem que se juntar à sua seita e trabalhar para ganhar a sua salvação. Faça as pessoas definirem os termos vagos que elas usam.
Esta tática é usada com freqüência na bioética. Defensores das pesquisas com células-tronco geralmente não reconhecerão a diferença entre células-tronco de adultos e células-tronco embrionárias. Aqueles que tentam legalizar a clonagem irão ser referir a isso como "uma transferência nuclear de células somáticas". A não ser que você tenha uma formação científica, você não saberá que isto é essencialmente a mesma coisa [que clonagem].
2. Empilhar Cartas – O uso seletivo de evidência. Não pule no primeiro barco e na primeira onda intelectual sem checar as evidências [primeiro]. Muitos defensores [de uma causa] são culpados de listar todos os pontos a seu favor enquanto ignoram os pontos seriíssimos contra eles.
Os principais livros-texto de biologia usados no ensino médio e superior nunca dão aos estudantes evidências contra a evolução. Jonathan Wells, em seu livro, Icons of Evolution [Ícones da Evolução], mostra que os exemplos que são usados na maioria dos livros escolares estão ou errados ou levam ao engano 5. Alguns dos exemplos são fraudes notórias (como [os desenhos de] embriões de Haeckel) e continuam a aparecer em livros escolares décadas após terem sido desmascarados como fraudulentos.
Outro exemplo seria o do medo do "bug do milênio". Qualquer um que esteve preocupado com a catástrofe potencial em 2000 só precisa ler qualquer um dos jornais técnicos da área de computação dos anos 90 para perceber que nenhum especialista em computadores previa o que os espalha-medo do bug do milênio estavam prevendo à época.
3. Apelo à Autoridade – confiar na autoridade rejeitando a lógica e as evidências. Só porque um especialista disse, isso não significa que seja necessariamente verdade. Vivemos em uma cultura que idolatra especialistas, mas nem todo especialista está certo. A lei de Hiram diz: "Se você consultar um número suficiente de especialistas, pode confirmar qualquer opinião".
Aqueles que argumentam que o aquecimento global é causado pela atividade humana geralmente dizem que "o debate na comunidade científica está encerrado". Mas uma busca na internet por críticas às teorias por trás do aquecimento global irá mostrar que existem muitos cientistas com credenciais em climatologia ou meteorologia que questionam a teoria. Não é correto dizer que o debate terminou quando o debate ainda parece estar acontecendo.
4. Ad Hominem – do latim "contra o homem". Pessoas usando a tática de atacar a pessoa ao invés de lidar com a validade dos seus argumentos. Geralmente o barulho de um argumento é inversamente proporcional à quantidade de retórica ad hominem. Se há evidências para o posicionamento, os defensores geralmente argumentam sobre os méritos da questão. Quando a evidência é escassa, eles atacam os críticos.
Cristãos que querem que bibliotecas públicas impeçam menores de ter acesso à pornografia são acusados de ser censuradores. Cidadãos que querem definir o casamento como sendo entre um homem uma mulher, são chamados de intolerantes. Cientistas que criticam a evolução estão sujeitados a ataques devastadores ao seu caráter e credenciais científicas. Cientistas que questionam o aquecimento global são comparados àqueles que negam o holocausto.
5. Argumento Homem de Palha – fazer os argumentos dos seus oponentes parecerem tão ridículos que fica fácil atacá-los e derrubá-los. Comentadores liberais dizem que os cristãos evangélicos querem implementar uma teocracia na América. Isso não é verdade. Mas a hipérbole trabalha para marginalizar os ativistas cristãos que crêem ter uma responsabilidade em falar sobre temas sociais e políticos dentro da sociedade.
Aqueles que se levantam pelos princípios morais na área da bioética, geralmente vêem essa tática usada contra eles. Eles ouvem dos defensores do suicídio assistido por médicos que os partidários pró-vida não se importam com o sofrimento dos doentes terminais. Os que defendem as pesquisas com células-tronco embrionárias usam a mesma acusação ao dizer que as pessoas pró-vida não se importam com o fato de que essas novas tecnologias médicas poderiam aliviar o sofrimento de muitos com doenças intratáveis. Nada poderia estar mais distante da realidade.
6. Evasão – Evitar o tema mudando o assunto. Políticos fazem isso em entrevistas ao não responder as perguntas feitas pelos repórteres, mas, ao invés disso, responderem a uma pergunta que eles queriam que alguém tivesse feito. Professores fazem isso algumas vezes quando um aluno aponta uma inconsistência ou uma falha lógica.
Pergunte a um defensor do aborto se o feto é humano e você irá provavelmente ver esta tática em ação. Ele, ou ela, pode começar falando sobre o direito que a mulher tem de escolher ou sobre o direito que a mulher tem de controlar o seu próprio corpo. Talvez você ouça um discurso sobre a necessidade de tolerar pontos de vista diferentes em uma sociedade pluralista. Mas você provavelmente não terá uma resposta direta a uma questão importante.
7. Arenque Vermelho – Sair pela tangente (da prática de tirar cães de caça da trilha com o cheiro de peixe defumado). Defensores de pesquisas com células-tronco embrionárias raramente falam sobre a moralidade de destruir embriões humanos. Ao invés disso, saem pela tangente e falam sobre as várias doenças que poderiam ser tratadas e as milhares de pessoas que poderiam ser ajudadas com as pesquisas.
Fique alerta quando alguém em um debate mudar o [foco do] assunto. Eles podem querer discutir os seus pontos em um terreno mais familiar, ou eles podem saber que não poderão vencer, com os argumentos que dispõem, o tema relevante discutido.
Concluindo, nós discutimos alguns dos princípios bíblicos chave que devemos aplicar às nossas considerações e debates sobre temas sociais e políticos. Falamos sobre a santidade da vida humana e a igualdade dos seres humanos. Discutimos uma perspectiva bíblica sobre governos e autoridade civil.
Também passamos algum tempo falando sobre a importância de desenvolvermos o discernimento bíblico e demos uma olhada em várias das falácias lógicas que são frequentemente usadas ao se argumentar contra uma perspectiva cristã em muitos dos temas sociais e políticos de nossos dias.
Todos os dias, parece, somos confrontados com escolhas éticas e de complexidade moral. Como cristãos, é importante considerar estes princípios bíblicos e aplicá-los consistentemente a esses assuntos. Também é importante que desenvolvamos discernimento e aprendamos a reconhecer estas táticas. Somos chamados a desenvolver discernimento quando destruímos falsos argumentos levantados contra o conhecimento de Deus. Ao fazermos isso, aprenderemos a levar todo pensamento cativo em obediência a Cristo (2 Coríntios 10.4-5).
Notas
1. "A Biblical Worldview Has a Radical Effect on a Person's Life," [Uma Cosmovisão Bíblica tem um Efeito Radical Sobre a Vida de uma Pessoa] The Barna Update (Ventura, CA), 1 de Dez. de 2003.
2. "The Year's Most Intriguing Findings, From Barna Research Studies," [As Descobertas Mais Intrigantes do Mundo, dos Estudos de Barna Pesquisas] The Barna Update (Ventura, CA), 12 de Dez. de 2000.
3. "Americans Are Most Likely to Base Truth on Feelings," [Americanos Tendem a Basear a Verdade em Sentimentos] The Barna Update (Ventura, CA), 12 de Fev. de 2002.
4. James Patterson e Peter Kim, The Day America Told the Truth [O Dia e que a América Disse a Verdade](New York: Prentice Hall Press, 1991).
5. Jonathan Wells, Icons of Evolution: Science or Myth? [Ícones da Evolução: Ciência ou Mito?] (Washington: Regnery Publishing, 2000).
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Sobre o AutorKerby Anderson é diretor nacional de Probe Ministries International. Ele recebeu sua graduação (Bacharel em Ciências) na Oregon State University, mestrado em ciências pela Yale University, e em teologia pela Georgetown University. Ele é o autor de vários livros, incluindo Genetic Engineering [Engenharia Genética], Origin Science [Ciência da Origem], Living Ethically in the 90s [Vivendo Eticamente nos Anos 90], e Signs of Warning, Signs of Hope, Moral Dilemmas [Sinais de Alerta, Sinais de Esperança, Dilemas Morais], e Christian Ethics in Plain Language [Ética Cristã em Linguagem Direta]. Ele também serviu como editor geral da Kregel Publications nos livros Marriage, Family and Sexuality [Casamento, Família e Sexualidade] e Technology, Spirituality, & Social Trends [Tecnologia, Espiritualidade e Tendências Sociais]. Ele é um colunista nacional, cujos editoriais tem sido publiados no Dallas Morning News, no Miami Herald, no San Jose Mercury, e no Houston Post. Ele é o anfitrião do programa de rádio "Probe", e frequentemente ajuda como anfitrião em "Point of View" [Ponto de Vista] (USA Radio Network).
O Que é Probe?
Probe Ministries é um ministério sem fins lucrativos, cuja missão é auxiliar a igreja na renovação da mente dos crentes com uma cosmovisão cristã e equipar a igreja para levar o mundo a Cristo. Probe cumpre essa missão através de nossas conferências Mind Games para jovens e adultos, do nosso programa de rádio diário de 3 1/2 minutos, e de nosso amplo web site: www.probe.org.
© 2006 Probe Ministries
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Jesus Fez Milagres Mesmo?
Escrito por Daniel Morais and Michael Gleghorn,
Traduzido por Allan Ribeiro
Escrito por Daniel Morais and Michael Gleghorn,
Traduzido por Allan Ribeiro
[English]
O Que os Historiadores Modernos Acham?
"Eu posso crer que Jesus era uma ótima pessoa, um grande mestre. Mas eu não posso crer que Ele fazia milagres". Você já ouviu um comentário como este? Talvez você tenha chegado a se perguntar, Jesus fez mesmo milagres?
Marcus Borg, um proeminente mebro do Seminário de Jesus 1, declarou, "A despeito das dificuldades que os milagres representam para a mente moderna, em termos históricos é virtualmente indiscutível que Jesus era um curador e um exorcista 2". Comentando sobre a habilidade de Jesus em curar os cegos, surdos e outros, A. M. Hunter escreveu, "Para estes milagres a evidência histórica é excelente 3".
Historiadores críticos um dia já creram que os milagres atribuídos a Jesus na Bíblia eram puramente o produto de um aformoseamento de uma lenda. Tais exageros a respeito da vida de Jesus e de suas obras teriam se desenvolvido a partir de tradições orais que se tornaram mais e mais fantásticas com o passar do tempo até que foram finalmente escritas no Novo Testamento. Todos nós sabemos como história compridas se formam. Uma pessoa conta uma história. Aí outra conta quase a mesma coisa, exagerando só um pouquinho. Com o tempo a história se torna tão fantástica que pouco parece com a original. Isto é o que muitos estudiosos um dia creram que aconteceu com a vida de Jesus, como está relatado ns Evangelhos. Será que isso é verdade? E os historiadores ainda crêem nisso hoje em dia?
A resposta é não. À Luz das evidências a favor da historicidade dos milagres de Jesus nos Evangelhos, poucos estudiosos hoje tentariam explicar esses eventos como puramente o resultado de lenda ou mito. Na verdade, a maioria dos estudiosos do Novo Testamento agora crêem que Jesus fez mesmo milagres de cura e exorcismos 4. Até mesmo muitos acadêmicos liberais diriam que Jesus atraiu multidões primariamente por causa de sua habilidade de curar e “exorcisar demônios” 5. Mas porque muitos desses acadêmicos liberais não crêem em seres espirituais, eles também não crêem que essas curas possam ser atribuídas à intervenção direta de Deus no mundo. Ao invés disso, eles crêem que os milagres e as curas de Jesus têm uma explicação puramente natural. Muitos deles acham que Jesus curava somente doenças psicossomáticas 6. O termo psicossomático significa mente-corpo. Então, doenças psicossomáticas são problemas do tipo mente-corpo. A mente pode ter um impacto poderoso na saúde do corpo. Sob circunstâncias extremas, pessoas podem ficar cegas, surdas ou até mesmo sofrer paralisia. Já que alguns problemas psicossomáticos tipicamenente se vão por conta própria, muitos estudiosos liberais acham que a fé na habilidade de Jesus em curar poderia ajudar a curar o sofrimento de algumas pessoas nessas condições. Mas há boas razões para crer que Jesus poderia curar doenças verdadeiras?
Poderiam Esses Milagres Ser Lendas?
Com freqüência, historiadores têm tentado explicar as narrativas sobre os milagres de Jesus como puramente o resultado do desenvolvimento de lendas que diziam que o Jesus “real” era pouco mais do que um homem bom e um mestre sábio. O problema principal com esta teoria é que lendas precisam de tempo para se desenvolver. Muitas gerações seriam necessárias para que a verdadeira tradição oral a respeito da vida de Jesus pudesse ser substituída por uma versão exagerada e fictícia. Por exemplo, muitos historiadores acreditam que a biografia de Alexandre, o Grande permaneceu razoavelmente precisa pelos quinhentos anos seguintes 7. Uma distorção grosseira da vida de Jesus que tivesse ocorrido apenas uma ou duas gerações após a sua morte é altamente improvável. Jesus era uma figura altamente pública. Quando Ele entrava em uma cidade, arrastava consigo grandes multidões. Jesus é representado como um fazedor de milagres em todos os níveis da tradição neotestamentária. Isso inclui não somente os quatro Evangelhos, mas também a fonte de ditos hipotéticos chamada Q, que teria sido escrita somente alguns anos após a morte de Jesus. Muitas testemunhas oculares de Cristo ainda estariam vivas na época em que esses documentos foram compostos. Essas testemunhas foram as fontes da tradição oral a respeito da vida de Jesus, e, à luz de seu próprio ministério público, uma forte tradição oral estaria presente em Israel ainda por muitos anos após a sua morte.
Se Jesus nunca tivesse realmente feito qualquer milagre, então os escritores do Evangelho teriam encarado uma tarefa quase impossível de realizar, que seria tentar convencer a todos que Ele os fez. Seria como tentar transformar Juscelino Kubistchek* de um grande presidente em um fazedor de milagres. Tal tarefa seria virtualmente impossível de realizar, já que muitos de nós vimos JK na TV, lemos sobre ele nos jornais ou até mesmo o vimos pessoalmente. Porque ele era uma pessoa pública, a tradição oral a respeito de sua vida é muito forte ainda hoje. Qualquer um que tentasse introduzir esta falsa idéia nunca seria levado a sério.
Durante a segunda metade do primeiro século, os cristãos enfrentaram uma perseguição intensa e até mesmo a morte. Estas pessoas obviamente receberam os ensinamentos dos discípulos sobre a vida de Jesus e os levaram a sério. Eles estavam dispostos a morrer por isso. Isto só faz sentido se os discípulos e os autores dos Evangelhos tivessem representado a vida de Jesus com precisão. Você não pode passar adiante histórias inventadas sobre figuras públicas facilmente quando testemunhas oculares ainda estão vivas e lembram delas. A tradição oral tende a permanecer bastante precisa por muitas gerações após a morte delas 8.
À luz desses fatos, é difícil negar que Jesus realmente operou maravilhas.
Conversão de Lenda em Transtorno Conversivo
Deve ser surpreendente ouvir que Jesus é tido pela maioria dos historiadores do Novo Testamento como tendo sido um curador e um exorcista muito bem-sucedido 9. Desde que os seus milagres são o aspecto mais visível de seu ministério, a tradição de milagres encontrada nos Evangelhos não poderia ser facilmente explicada tivessem seus autores começado com um Jesus que era simplesmente um sábio mestre. Profetas e mestres da lei não eram tradicionalmente transformados em operadores de milagres; quase não há exemplos disto na literatura disponível para nós 10. É especialmente improvável que Jesus tivesse sido transformado em um operador de milagres, já que muitos judeus não esperavam que o Messias fizesse milagres. Os ecritores do Evangelho não teriam sentido a necessidade de inventar isso se este não fosse realmente o caso 11.
É claro que a maioria dos acadêmicos liberais hoje não crê que Jesus pudesse curar qualquer doença real. Mas tais conclusões são tiradas não por causa de qualquer evidência, mas por causa de preconceito contra o sobrenatural. Historiadores seculares negam que Jesus tenha curado qualquer doença orgânica real ou operado qualquer milagre, tais como ter andado sobre a água 12. Eles crêem que Ele só podia curar transtornos conversivos ou os sintomas associados com doenças reais 13. Transtornos conversivos são uma condição rara que aflige aproximadamente 22 de cada 100.000 pessoas 14. Transtornos conversivos são problemas psicossomáticos em que traumas emocionais intensos resultam em cegueira, paralisia surdez e outros danos desconcertantes.
Muitos acadêmicos liberais hoje em dia dizem que Jesus atraía grandes multidões primariamente por causa de sua habilidade de curar. Mas se Jesus só podia curar transtornos conversivos, então é improvável que Ele tivesse atraído tanta gente. Como um optometrista prático, eu já vi milhares de pacientes com perda real de visão devido a problemas refrativos ou patologia. Mas somente um deles pôde ser diagnosticado com cegueira devida à transtornos conversivos. Transtornos conversivos são raros. Para que Jesus pudesse ter atraído grandes multidões Ele teria que sido um curador bem sucedido. Mas se Ele só pudesse curar transtornos conversivos, milhares de pessoas doentes teriam que estar presentes para que uma só fosse curada por Ele. Mas como Ele poderia atrair tanta gente se só podia curar uma pessoa em 10.000? Pessoas doentes teriam com freqüência precisado viajar muitos quilômetros para ver Jesus. Uma habilidade tão limitada para curar dificilmente poderia ter motivado milhares de pessoas a andar tanto para ver Jesus, especialmente se eles esivessem doentes e fracos. Se Jesus estava atraindo grandes multidões, Ele teria que ser capaz de curar mais do que simplesmente transtornos conversivos.
Jesus Ressucitava Mortos?
"Jesus algum dia ressuscitou mortos? Há alguma evidência que sustente isso?" Muitos historiadores seculares, embora concordando que Jesus foi um curador bem-sucedido e um exorcista, não crêem que que Ele poderia operar milagres naturais. Devido a preconceitos contra o sobrenatural, esses historiadores não crêem que seja possível que qualquer pessoa ressuscite outra, que caminhe sobre a água ou cure doenças orgânicas reais. Esses historiadores acreditam que as curas de Jesus eram de natureza primariamente psicológica 15. Há alguma evidência de que Jesus tinha poder para operar milagres verdadeiros, tais como ressuscitar mortos?
Sim. Quase parece que quanto mais fantástico o milagre, mais fortes as evidências disponíveis para apoiá-lo. Na verdade, o milagre mais incrível relatado nos Evangelhos é realmente aquele que teve o maior apoio de evidências. Este milagre é a ressurreição de Jesus 16. Haverá alguma razão para crer que Jesus possa ter ressuscitado outros da morte também?
Há fortes evidências para se crer que Ele fez isso. Em João 11 temos a história de Jesus ressuscitando Lázaro dos mortos 17. Uma leitura cuidadosa deste texto revela muitos detalhes que tornariam fácil para qualquer um no primeiro século confirmar ou negar o fato. João relata que Lázaro era o irmão de Maria e Marta. Ele também conta que esse milagre aconteceu em Betânia, onde Lázaro, Maria e Marta viviam, e que Betânia ficava a menos de três quilômetros de Jerusalém. Crê-se que o evangelho de João tenha sido escrito em 90 a.D., somente sessenta anos após os eventos que descreve. È possível que algumas pessoas que testemunharam o evento ainda estivessem vivas para confirmá-lo. Se alguém quisesse checar a veracidade dessa história, seria fácil fazê-lo. João diz que isto aconteceu em Betânia e depois diz a localização aproximada da cidade. Tudo o que alguém teria que fazer para se certificar seria ir a Betânia e perguntar a alguém se Lázaro, o irmão de Maria e Marta, havia sido ressuscitado dos mortos. As vilas eram geralmente menores naquele tempo e as pessoas sabiam muito umas sobre as outras. Quase qualquer um naquela cidade poderia ter facilmente confirmado ou negado ter ouvido falar daquele evento. Se João tivesse somente inventado esta história, ele provavelmente teria escrito uma história vaga sobre Jesus indo a alguma cidade anônima onde Ele ressuscitou algum zé-ninguém dos mortos. Assim ninguém poderia confirmar ou negar o evento. João incluiu esses detalhes para mostrar que ele não estava mentindo. Ele queria que as pessoas investigassem a sua história. Ele queria que as pessoas fossem a Betânia, que fizessem perguntas e vissem por si mesmas o que realmente aconteceu ali.
O Que os Inimigos de Jesus Disseram?
"È claro, os seguidores de Jesus criam que Ele podia fazer milagres. Mas e os inimigos dele, o que diziam?" Se Jesus nunca operou quaisquer milagres, poderiamos esperar uma literatura judaica antiga hostil que declarasse este fato. Mas tal literatura nega a habilidade de Jesus de fazer milagres? Existem muitas referências contrárias a Jesus na literatura judaica e pagã que remontam ao segundo século a.D. Mas nenhuma das antigas fontes judaicas nega a habilidade de Jesus de fazer milagres 18. Ao invés disso, eles tantam explicar estes poderes referindo-se a ele como um feiticeiro 19. Se o Jesus histórico fosse somente um mestre sábio, que só depois , através do aformoseamento de lendas, viesse a ser tido como um fazedor de milagres, deveria haver alguma tradição oral judaica proeminente afirmando este fato. Esta tradição teria provavelmente sobrevivido entre os judeus por séculos para contrariar as alegações dos cristãos, que poderiam usar os poderes miraculosos de Jesus como evidência de seu estatus divino. Mas não há qualquer evidência de que qualquer tradição judaica deste tipo tenha descrito Jesus como simplesmente um mestre sábio. Crê-se que muitos desses relatos judaicos tenham surgido de uma tradição oral distinta daquela mantida pelos cristãos, e ainda assim, ambas as tradições concordam neste ponto 20. Se fosse notório que Jesus não tinha poderes especiais, esses relatos certamente apontariam isso, ao invés de relutantemente afirmá-lo. Os judeus provavelmene não estavam confortáveis com Jesus demonstrando ter poderes miraculosos, já que isto poderia ser usado como evidência por seus seguidores para apoiar seu auto-proclamado estatus de único Filho de Deus (uma posição que a maioria dos judeus firmemente negava). Esta é a razão porque os inimigos de Jesus tentaram explicar seus poderes como feitiçaria.
Não somente estes relatos afirmam as habilidades sobrenaturais de Jesus, mas eles também parecem dar apoio à habilidade de seus seguidores de curar em seu nome. No Talmude, há a história de um rabino que foi mordido por uma cobra venenenosa e que chamou um cristão de nome Jacó para curá-lo. Infelizmente, antes que Jacó chegasse lá, o rabino faleceu 21. O rabino aparentemente cria que esse cristão poderia curá-lo. Não somente os judeus pareciam reconhecer a habilidade de cristãos de curar no nome de Jesus, mas os pagãos também. O nome de Jesus é encontrado em muitos feitiços pagãos antigos 22. Se mesmo muitos não-cristãos reconheciam que havia poder para curar no nome de Jesus, deve ter havido alguma razão para isso.
Assim, um caso poderoso pode ser levantado em defesa da historicidade dos milagres de Jesus. Os cristãos não precisam ver esses milagres como somente histórias simbólicas com a intenção de ensinar lições. Estes milagres têm um sólido alicerce na história e devem ser tomados como fatos históricos.
Notas
1. Gary R. Habermas, "Did Jesus Perform Miracles?" [Jesus Fazia Mesmo Milagres?] in Jesus Under Fire: Modern Scholarship Reinvents the Historical Jesus, [Jesus Sob Fogo: Erudição Moderna Reinventa Jesus] pelos ed. Michael J. Wilkins e J.P. Moreland (Grand Rapids: Zondervan Publishing House, 1995), 124.
2. Marcus J. Borg, Jesus, A New Vision: Spirit, Culture, and The Life of Discipleship [Jesus, Uma Nova Visão: Espírito, Cultura e a Vida de Discipulado] (San Francisco: Harper San Francisco, 1991), 61.
3. A.M. Hunter, Jesus: Lord and Saviour [Jesus, Senhor e Salvador] (Grand Rapids: Eerdmans, 1976), 63.
4. Wilkins e Moreland, Jesus Under Fire, [Jesus Sob Fogo] 124.
5. See Borg, Jesus, A New Vision, [Jesus, uma Nova Visão] 60.
6. Wilkins e Moreland, Jesus Under Fire, [Jesus Sob Fogo] 125.
7. Craig L. Blomberg, quoted in Lee Strobel, The Case for Christ [O Caso por Cristo] (Grand Rapids: Zondervan Publishing House, 1998), 33.
8. Grant R Jeffrey, The Signature of God [A Assinatura de Deus] (Nashville: Word Publishing, 1998) 102, 103.
9. Wilkins e Moreland, Jesus Under Fire, [Jesus Sob Fogo] 124, 125.
10. Smith, Jesus the Magician: Charlatan or Son of God? [Jesus, o Mágico: Charlatão ou Filho de Deus?] (Berkeley: Seastone, 1998), 21.
11. Graham H. Twelftree, Jesus, The Miracle Worker: A Historical and Theological Study [Jesus, o Fazedor de Milagres: Um Estudo Histórico e Teológico] (Downers Grove: InterVarsity Press, 1999), 247.
12. Ibid.
13. Wilkins and Moreland, Jesus Under Fire, [Jesus Sob Fogo] 125.
14. Veja o site oficial da Organização [Americana] de Doenças Raras em www.rarediseases.org/nord/search/rdbdetail_fullreport_pf (5/04/2006).
15. Wilkins e Moreland, Jesus Under Fire, [Jesus Sob Fogo] 125.
16. William Lane Craig, "The Empty Tomb of Jesus," [O Túmulo Vazio de Jesus] in In Defense of Miracles: A Comprehensive Case for God's Action in History, [Em Defesa de Milagres: Um Caso Compreensivo Pela Ação de Deus na História] pelos ed. R. Douglas Geivett e Gary R. Habermas (Downers Grove: InterVarsity Press, 1997), 247-261 e Gary R. Habermas, "The Resurrection Appearances of Jesus," [As Aparições Após a Ressurreição de Jesus] Ibid., 261-275.
17. João 11:1-44.
18. Veja Alan Humm, "Toledoth Yeshu," em ccat.sas.upenn.edu/humm/Topics/JewishJesus/toledoth.html (2/17/1997).
19. Ibid.
20. Twelftree, Jesus, The Miracle Worker, [Jesus, o Fazedor de Milagres] 255.
21. Smith, Jesus the Magician, [Jesus, o Mágico] 63.
22. Ibid., 83.
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O Conselho dos Direitos Islâmicos
Domínio muçulmano leva órgão de direitos
humanos da ONU a defender ditaduras
Domínio muçulmano leva órgão de direitos
humanos da ONU a defender ditaduras
Thomaz Favaro
Criada em 1946, a Comissão de Direitos Humanos das Nações Unidas foi tomada pelos representantes das piores ditaduras e virou uma farsa. "Uma sombra na reputação das Nações Unidas como um todo", na definição do secretário-geral Kofi Annan. Em junho, o órgão desprestigiado foi substituído pelo Conselho de Direitos Humanos, cujos membros devem, em tese, respeitar os tais direitos para manter o mandato. A emenda saiu pior que o soneto. Tomado pelos representantes de países islâmicos, o novo organismo é ainda mais desastroso do que seu antecessor. Em vez de fiscalizar o respeito aos direitos humanos, o conselho transformou-se numa tribuna em que árabes e muçulmanos em geral exercitam o ritual dos discursos antiisraelenses. Quem deu o tom nas quatro reuniões do conselho realizadas até agora – a primeira foi em junho – foi a Organização da Conferência Islâmica, um grupo de países árabes que detém dezessete das 47 cadeiras da entidade.
Como as vagas foram distribuídas proporcionalmente por regiões do globo, sem levar em conta os critérios de respeito aos direitos humanos, o conselho tornou-se um simulacro, na esfera diplomática, do conflito global. De um lado estão as democracias – Japão, Canadá e países da União Européia –, com onze cadeiras. Do outro lado, os países muçulmanos, que somam seus votos com Cuba e outras ditaduras da África e da Ásia para barrar qualquer resolução que condene atos de desrespeito aos direitos humanos, exceto, evidentemente, aqueles cometidos por Israel. Como as decisões são tomadas por maioria simples, não há possibilidade de um resultado honesto. O grupo majoritário tem como objetivo proteger seus próprios membros e aliados. Donos de péssimos prontuários no que se refere aos direitos humanos, eles não querem abrir precedentes que poderiam acabar sendo usados contra eles mesmos.
Entre as resoluções que já foram barradas está a que condenava a guerra em Darfur, no Sudão, país governado por fanáticos islâmicos, que matou 200.000 pessoas desde 2003. A resolução contra a guerra civil no Sri Lanka, que já dura mais de duas décadas, também foi derrubada. Os membros europeus do conselho têm tentado colocar em discussão as denúncias de tortura no Uzbequistão e a dupla pena de morte no Irã – punição que consiste em enforcar um condenado, retirá-lo da corda pouco antes de morrer e depois enforcá-lo de vez. O grupo islâmico já avisou que vetará todas essas discussões.
O conselho tem-se mostrado mais eficaz em atazanar Israel. O país esteve na pauta de todas as reuniões da entidade até agora. Duas delas foram convocadas especialmente para aprovar resoluções condenando os israelenses por violações de direitos humanos nos territórios palestinos e no Líbano. O documento final sobre a guerra no Líbano omitiu o fato de que o conflito começou como uma resposta de Israel a ataques do grupo terrorista libanês Hezbollah. Aderir ao mantra anti-israelense é a melhor forma de fazer amigos entre os países islâmicos – e isso serve até para a bela cantora libanesa Haifa Wehbe. Ameaçada pelos mulás que não gostam de suas roupas ousadas e namoros escandalosos, Haifa foi perdoada depois que passou a defender o Hezbollah. Mais difícil é entender por que países como Argentina, México e Brasil votam em bloco com as ditaduras. "Essa posição baseia-se em uma visão ultrapassada de que os países em desenvolvimento devem se unir contra as nações ricas", disse a VEJA a canadense Anne Bayefsky, especialista em direitos humanos do Instituto Hoover, em Washington. É, pode ser.
Artigo da revista Veja
Edição 1981 . 8 de novembro de 2006
Um comentário:
Veja o Comentário de Manoel José de Miranda Filho neste link
materialdeapoio.blogspot.com/2006/11/comentrio-sobre-batalha-pela-bblia.html
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