Equipando os Santos
edição n° 29 - Teresina, 28/11/2008
Entrevista: Karl Winegardner
Eu - O que você pensa dessa crise econômica? Ela é forte como parece?
Karl - Por um lado eu acho que é sim, mas por outro lado pode ser maior do que o que eles dizem. Há tantos fatores envolvidos que eu não tenho certeza de por onde começar; exceto que a causa principal de tudo isso foi a ganância de pessoas em todos os níveis da sociedade.
Eu - Então, como isto está afetando a sua vida? Você conseguiu um emprego novo após o surgimento da crise. Está mais difícil conseguir um emprego aí?
Karl – Está mais difícil conseguir um emprego aqui. Amigos e familiares estão mais preocupados de serem demitidos – e alguns já foram demitidos. Não está fácil para a maioria das pessoas aqui, já que a maioria das pessoas está ou preocupada em ser demitida ou procurando emprego.
E tem emprego, mas está mais difícil encontrá-los, já que há mais candidatos qualificados e menos posições disponíveis. A pessoa tem que dar mais duro para achar um emprego do que no passado e ter boas relações na indústria em que se quer trabalhar.
Quanto ao modo como isto está afetando a minha família e eu, isto é mais difícil de determinar. O preço de muitas coisas subiu muito nos últimos três anos em que eu vivi no Brasil, então essa seria a principal “mudança”. Eu usei aspas porque não se trata de uma mudança de verdade para nós enquanto família tanto quanto é uma mudança bastante grande para mim.
Eu acho que, se estivéssemos mais endividados a crise nos afetaria mais; ou talvez mesmo se fosse um tipo diferente de débito, já que toda a dívida que temos se refere a crédito escolar.
Eu – Você acha que novo presidente vai mudar alguma coisa?
Karl – Não. Pelo menos não no futuro próximo. Demora um tempo (meses ou anos) para as mudanças de um presidente terem efeito. De um jeito ou de outro as coisas irão provavelmente mudar, mas se serão para melhor é uma questão que é melhor deixar para analisar depois, ao invés de tentar fazer previsões.
Eu – Agora que Obama foi eleito, quais são as suas expectativas acerca dele?
Karl – Bem, o mantra da campanha dele foi "change" [mudança]. Contudo, pelas poucas notícias que eu ouvi sobre esta pequena lista de pessoas para compor a equipe presidencial, vai ser mais dos mesmos políticos de carreira de Washington D.C. O que também provavelmente significa mais do mesmo.
A verdade é que eu não sei o que esperar. Tantas promessas e, sendo um tantinho cínico sobre políticos em geral, eu não sei em quais deles nós podemos confiar. Eu sei que, de modo geral, se os Democratas mais radicais forçarem seu programa demais, haverá muita reação na próxima eleição (Os Democratas levaram a maioria da Câmara e do Senado nesta eleição).
No curto período em que ele tem sido o presidente eleito eu tenho ouvido muitos dizerem que acham que ele é o tipo de líder que pode não somente comandar os Estados Unidos, mas o mundo. O que me faz pensar para que tipo de mundo estamos indo – não somente politicamente, mas também se estamos entrando nos estágios iniciais do que é dito em Apocalipse. Para ser claro: eu não acho que Obama seja o Anticristo que é falado nesse livro.
Barak Obama é um grande orador, e tem a habilidade de arrastar grandes multidões, mas eu tenho dúvidas quanto a sua habilidade de tomar decisões, assim como algumas de suas decisões.
Eu – Eu estava lendo esse artigo em um blog e a autora disse que Obama significa que os valores da América estão sendo jogados fora. Isso é exagero?
Karl –Conquanto eu não esteja familiarizado com esta autora ou o seu blog, tenho que dizer que sim, isto é uma hipérbole Eu não diria que as coisas não irão mudar, ou que essas mudanças não serão significativas. Talvez a razão por que as coisas irão mudar é que elas já mudaram. Querendo dizer que as mudanças que já aconteceram em muitos, ou até na maioria dos lugares estão meramente sendo refletidas no âmbito nacional.
Eu – Por falar nisso, se você se refere aos ultra-conservadores na terceira pessoa, como você se definiria politicamente?
Karl – Na verdade eu não gosto de me definir muito politicamente. Eu em geral me inclino para o lado dos conservadores (para o lado do Partido Republicano) na maioria dos assuntos - alguns mais do que outros. Eu me registro para votar como um independente porque eu estou muito frustrado com o sectarismo forte e barulhento.
Eu – Uma última pergunta: você acha que o presidente Bush foi tão ruim como a imprensa tem dito?
Karl – Absolutamente não. Agora eu não vou defender algumas de suas decisões, e eu não acho que ele foi um de nossos melhores presidentes, mas ele não é tão ruim quanto muitos dizem.
***
Nesta edição
- As raízes da liberdade, Kerby Anderson faz a resenha de um livro para nos explicar o que é a liberdade.
- É importante em que acreditamos?, Rick Wade nos faz refletir sobre quem somos como evangélicos.
- Sobre ataques de grupos gays a cristãos e alteridade. Respondendo a um comentário, a professora Elke Streit nos mostra como o mal insidiosamente se instala entre nós.
- Ensino doméstico se torna mais popular, mas não na Alemanha, Chuck Missler nos mostra como o arbítrio do estado pode negar aos cidadãos os direitos mais elementares.
- Escolhendo o aborto, Rusty Wright traz um testemunho chocante e verdadeiro de alguém que viveu essa experiência e não recomenda a ninguém.
- A intenção de produzir mal-entendidos. O ator Pedro Cardoso fala sobre a polêmica que se formou em torno de seu nome e o mal que a pornografia causa, especialmente a quem não tem como se defender dela: as crianças.
Deus abençoe você!
Allan Ribeiro
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